- Nº 2558 (2022/12/7)

Audácia e iniciativa

Opinião

O sucesso que constituiu a realização da Conferência Nacional requer agora da parte de cada organização do Partido medidas concretas para dar expressão prática aos diversos eixos que dela saíram. É preciso traçar em cada organização do Partido, em cada célula, em cada organismo, a partir das realidades objectivas existentes, as linhas de acção e iniciativa necessárias para aplicar as decisões tomadas e afirmar que sim, é possível uma vida melhor.

Tomar a iniciativa política em torno das questões que mais se colocam aos trabalhadores, ao nosso povo, às suas condições de vida e de trabalho e ao desenvolvimento do País; desenvolver a acção política e o reforço das organizações de massas, da luta, iniciativa e participação populares; alargar e ampliar o trabalho em unidade com democratas e patriotas de diferentes sectores; reforçar o Partido nas suas múltiplas dimensões. Tarefas que temos pela frente, procurando dar mais força ao Partido, para melhor servir os trabalhadores e o nosso povo, mas que visam também o objectivo de elevar a sua participação e mobilização em torno da solução dos seus problemas e anseios e, ao mesmo tempo, desbravar caminhos no sentido de afirmar e construir a alternativa patriótica e de esquerda cada vez mais necessária para a solução dos problemas nacionais.

Acção que enfrenta o agravamento acelerado das condições de vida dos trabalhadores e do povo a que o Governo do PS não quis dar resposta, como se viu com as opções por ele adoptadas no Orçamento do Estado recentemente aprovado. Acção que se confronta igualmente com uma continuada campanha antidemocrática de forte pendor anticomunista, propagando a resignação, o isolamento, o individualismo e o medo.

As diversas lutas que têm vindo a desenrolar-se, o grau de adesão e mobilização, sejam as promovidas pela CGTP-IN na afirmação da luta por direitos, por melhores salários e pensões, de recusa do caminho do empobrecimento - ao mesmo tempo que os grupos económicos vão registando muitos milhões de lucros -, sejam as promovidas por movimentos de utentes em torno do direito à saúde e em defesa do SNS, ou contra o aumento das portagens e a abolição das SCUT, ou em defesa da água pública e contra o aumento do seu preço, seja por outras estruturas contra o aumento do custo de vida e tantos outros aspectos lesivos da vida concreta de quem menos tem e pode, revelam um potencial crescente de inconformismo e de recusa desta política.

Afirmar com confiança um compromisso com a esperança

É tempo de um compromisso com a esperança. Desde logo a esperança de que vale a pena lutar. Mas esperança também numa outra política que aposte nos portugueses, nas suas capacidades e vontades. A esperança resultante da convicção de que o que melhor serve Portugal é a luta por uma sociedade mais livre e solidária e que isso só é possível derrotando as políticas de direita. Uma esperança que resulte numa política que valorize os trabalhadores, combata as injustiças sociais, sacuda visões fatalistas.

As exigências que temos pela frente, no quadro da necessária resposta política a esta desastrosa política, conduzem à necessidade de um maior envolvimento e participação partidária. Conhecemos as dificuldades com que nos defrontamos e não ignoramos que os elevados ideais que inspiram a vida do Partido sempre despertaram a fúria dos nossos adversários.

Mas, por isso mesmo, é necessário que o Partido se afirme ainda mais como o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, o Partido da liberdade e da democracia, o Partido da democratização do ensino e da cultura, o Partido da soberania e independência nacional, se afirme e confirme como o Partido necessário e insubstituível aos trabalhadores e ao povo, o Partido da esperança.


Rui Fernandes