Comunistas de Vila Real na luta por um distrito melhor

«Reforçar o Partido e a luta por uma vida melhor na região» foi o lema da 10.ª Assembleia da Organização Regional de Vila Real do PCP, que se realizou no dia 11, na qual participaram dezenas de militantes comunistas do distrito e o Secretário-geral do Partido, Paulo Raimundo.

As assembleias – regionais, concelhias, de freguesia ou de sector – são momentos fundamentais para a vida do Partido e para a sua democracia interna. A 10.ª Assembleia da Organização Regional de Vila Real (AORVIR) não só não foi excepção como demonstrou ser exemplo de um processo alargado de discussão que envolveu os militantes dos vários pontos do distrito.

Ao longo dos trabalhos, manteve-se em particular evidência a ligação daquela organização à realidade dos trabalhadores e da população da região, assim como das suas necessidades, dos seus problemas e das suas aspirações.

A vida, em todas as suas esferas, esteve ali, na AORVIR. Numa vintena de intervenções chegaram contributos e relatos sobre dificuldades, lutas, recuos e avanços em vários pontos do distrito: discutiram-se os vários sectores de actividade, da agricultura à indústria e ao pequeno comércio; falou-se de direitos comprometidos, do trabalho como um elemento central, do ensino e de serviços públicos encerrados ou em falência; descreveu-se um povo trabalhador que ama a sua terra e que quer melhor para quem lá vive.

A assembleia demonstrou ainda que à cabeça da luta por uma vida melhor na região, pela ligação que mantêm às várias dimensões da vida, pelas propostas que apresentam e pelos objectivos que defendem, são os comunistas que estão na sua vanguarda.

 

Analisar e discutir

A análise da situação do distrito não se cingiu à própria assembleia. Já antes, uma Proposta de Resolução Política, elaborada e enriquecida a partir do contributo de vários militantes, tinha sido posta à discussão. Aprovada por unanimidade no final dos trabalhos, caracteriza a evolução da situação na região desde a última assembleia, em 2018.

Nela,avalia-se os retrocessos preconizados pelo Governo do PS, a inflação, a seca, a falta de serviços e de transportes públicos. Salienta-se que, ao longo dos últimos quatro anos, se acentuou a diminuição da população residente em todos os concelhos do distrito e avança-se dados preocupantes sobre o índice de envelhecimento e a taxa bruta de natalidade.

Aborda-se o tecido produtivo, que consiste numa indústria pouco desenvolvida e numa agricultura em que predominam as pequenas explorações, e, sobre a situação social, a resolução descreve a precariedade, os baixos salários, pensões e reformas, o desemprego, as enormes desigualdades sociais e os níveis de pobreza acentuados como realidades preocupantes. A degradação dos serviços prestados, sobretudo pelo SNS e pela escola pública, continua a marcar, de forma negativa, a realidade da região.

Todos estes temas foram aprofundados pelos militantes presentes na X AORVIR, com a agricultura e o necessário envolvimento da juventude a constituir elementos particularmente sublinhados.

 

PCP na frente da luta

Mais do que analisarem o distrito, os militantes olharam para a sua organização – com as suas debilidades, mas sobretudo para as suas potencialidades. Deu-se conta dos 26 novos recrutamentos realizados desde 2018, do reforço da organização nas empresas e locais de trabalho, com a criação de uma célula de empresa no McDonalds de Vila Real, composta por quatro militantes. A independência financeira da organização foi outro dos elementos aprofundados.

Com quatro novos membros, foi aindaeleita, por unanimidade, a nova Direcção da Organização Regional de Vila Real.

Espelhando o conteúdo da Resolução Política, a intervenção de abertura, realizada por Gonçalo Oliveira, membro da Comissão Política e responsável pela região, apresentou 12 das principais propostas e soluções do PCP para a região. Propostas estas que, segundo o dirigente, «precisam de ser acompanhadas de muita luta e medidas de reforço da organização do Partido».

Das 12, salientam-se o combate ao subfinanciamento crónico do SNS; a valorização do papel da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; a criação de regiões administrativas; a rejeição dos processos de privatização da água; a promoção do movimento associativo cooperativo como elemento fundamental do escoamento da produção e defesa do sector primário; a entrega da gestão da Casa do Douro aos produtores; o apoio, valorização e defesa da propriedade comunitária, particularmente os baldios; o fim das portagens nas ex-SCUT; a reactivação e modernização das linhas do Douro e Corgo.

 

PCP ao lado da população do Interior

Acompanhado de Margarida Botelho, do Secretariado, e Carlos Gonçalves, da Comissão Central de Controlo, foi o Secretário-geral do PCP quem encerrou a 10.ª AORVIR: «Já tive o privilégio acompanhar esta região e o nosso trabalho no distrito. Já sabia que estávamos perante gente rija e firme. Dúvidas ainda houvesse, esta assembleia demonstrou que esta gente está empenhada na construção numa região e num País melhores. É esse o caminho que temos de continuar a traçar», começou por afirmar.

Depois de saudar os presentes, Paulo Raimundo destacou os importantes objectivos ali delineados para os próximos anos: a responsabilização de 30 militantes até ao final de 2024, 30 recrutamentos até ao final de Março, a criação de um núcleo de trabalho colectivo em cada um dos concelhos. Segundo o dirigente, o cumprimento destes objectivos revela-se determinante para o colectivo partidário aprofundar o conhecimento sobre os problemas do distrito e aumentar a sua capacidade de resposta aos mesmos.

Para Paulo Raimundo, os problemas locais salientados ao longo daquele dia não se desligam da realidade nacional e das opções políticas tomadas ao longo das últimas décadas. «A região é um exemplo claro disto, um retrato de desertificação galopante do Interior», salientou, acrescentando que gostaria de deixar bem claro que não contarão com o PCP para o discurso de que o Interior está condenado. «Não damos para esse peditório, não desistimos do Interior assim como não desistimos do País», salientou.

 



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