«Crise social – caminhos alternativos» foi o tema do debate realizado no sábado, 3, no auditório da Junta de Freguesia de S. Ildefonso, promovido pela Direcção da Organização Regional do Porto do PCP (DORP).
Em análise estiveram os sinais crescentes de uma «profunda crise social», marcada pelo aumento da pobreza, mesmo de quem vive do seu trabalho, a carência de bens essenciais em grande parte da população, as limitações no acesso às funções sociais que ao Estado cumpre garantir, a impossibilidade de habitação adequada, a desregulação no campo laboral. Ao mesmo tempo que cresce a riqueza, cada vez mais concentrada em poucas mãos.
Foram convidadas para o painel pessoas que, pela sua «formação, vivências e sensibilidade», pudessem dar um contributo útil para enfrentar a situação de emergência social em que o País vive: o deputado do PCP Alfredo Maia; D. Januário Torgal Ferreira, Bispo Emérito das Forças Armadas e de Segurança; D. Jorge de Pina Cabral, Bispo da Igreja Lusitana; e Sérgio Dias Branco, professor, dirigente sindical e leigo dominicano. O moderador foi Jorge Sarabando, da DORP.
Nas intervenções iniciais foi reconhecido, através de diversos indicadores, que enquanto aumenta a obscena riqueza, detida em poucas mãos, alastra a pobreza e a fome. Chamou-se a atenção para os baixos salários, a desregulação laboral, a precariedade, os horários excessivos e desencontrados, a rejeição pelo Governo de medidas que poderiam melhorar a situação dos trabalhadores e das pequenas e médias empresas.
No debate que se seguiu denunciou-se que a vida das famílias tornou-se um inferno «com pagamentos certos e rendimentos incertos». Uma interveniente, lembrando os enormes lucros da banca e das grandes empresas, afirmou que há muita gente a passar necessidades e que ficará sem casa com os aumentos dos juros. «É o direito à vida que está em causa», afirmou.
Numa intervenção marcante, disse D.Januário Torgal Ferreira que «é premente matar a fome a quem a tem. Mas não é a caridade que resolve tudo, é preciso construir uma sociedade em que não haja pobres e em que a caridade seja desnecessária. E isto não tem nada a ver com as crenças religiosas de cada um».
Um debate vivo, com cerca de uma centena de presenças, em que foi sugerido que houvesse novo encontro para o ano, observando entretanto como a situação evoluiu.