«Praças de indignação e luta!»

Ricardo Costa (Membro da Comissão Política)

Nos próximos meses precisamos de dar mais força aos trabalhadores

Ao longo do ano de 2022 foram muitos e de diversa ordem e dimensão os momentos em que a juventude, os trabalhadores e a população em geral fizeram sentir o seu protesto. O novo ano que agora iniciamos eleva a necessidade da continuidade dessa mesma luta, assumindo até expressões de maior convergência. Uma luta que se trava pelo urgente aumento dos salários e pensões, contra o aumento do custo de vida e da pobreza, pela melhoria das condições de vida e por uma melhor distribuição da riqueza produzida, uma luta em defesa dos serviços públicos, uma luta pelos direitos, a liberdade e a democracia, uma luta por um país melhor.

O ano de 2022 fica marcado por um brutal aumento do custo de vida e a quase total ausência de respostas por parte do Governo PS, respostas que podiam ter sido dadas caso tivessem sido concretizadas as inúmeras propostas apresentadas pelo PCP e que travariam o caminho de empobrecimento da generalidade dos trabalhadores e da população.

Iniciamos 2023 com um novo agravamento dos preços, com forte peso nos bens de primeira necessidade, ao mesmo tempo que se concretizam novos aumentos das rendas e prestações do crédito à habitação, os custos da energia voltam a subir, as portagens e os transportes aumentam e crescem os lucros das grandes empresas e grupos económicos. Entretanto, desce o valor real dos salários e degradam-se os serviços públicos em geral, com particular destaque para o Serviço Nacional de Saúde. Com este cenário, é fundamental reforçar a luta pela melhoria das condições de vida e por uma política alternativa que assuma como prioridade a resposta aos problemas do povo e do País.

Uma alternativa que se constrói na acção e intervenção de todos os dias, luta que dinamizamos e potenciamos, que se levanta em cada rua, praça, bairro, localidade, em cada empresa e sector, uma luta de convergência de todos quantos estejam interessados em defender a melhoria das condições de vida do povo e dos trabalhadores, de progresso social e em defesa do futuro do País.

Da indignação ao protesto

Para isso, é preciso transformar a indignação e as injustiças sentidas por amplas massas populares em acção e protesto. É necessário alargar a acção reivindicativa que permita a resposta às exigências dos trabalhadores. As prioridades são claras: aumentar salários e pensões, reduzir o horário de trabalho, acabar com a precariedade, valorizar as carreiras e as profissões, garantir o direito à contratação colectiva, regular e fixar preços, garantir o investimento nos serviços públicos, taxar de forma extraordinária os lucros do grande capital, garantir o emprego e o investimento público na produção nacional.

Responder às reivindicações dos trabalhadores é também garantir o futuro do País. Por isso é fundamental a organização, participação e envolvimento dos militantes do Partido no Dia Nacional de Indignação, Protesto e Luta marcado pela CGTP-IN para o próximo dia 9 de Fevereiro com greves e paralisações, em todos os sectores e em todo o País, construindo praças de indignação e luta com a participação dos trabalhadores, dos reformados, da juventude e todos aqueles que queiram demonstrar o seu protesto.

Nos próximos meses precisamos de dar mais força aos trabalhadores, fazer convergir a luta dos trabalhadores com a de outras camadas e sectores, precisamos de tomar a iniciativa e afirmar as nossas propostas e soluções, levar mais longe e a mais gente a alternativa patriótica e de esquerda capaz de garantir o desenvolvimento económico e o progresso social.




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