Prioridade à acção e à luta

“Acção, in­ter­venção e ini­ci­a­tiva para cons­truir a al­ter­na­tiva”

Esta pri­meira quin­zena de 2023 des­mente ca­bal­mente o di­tado «ano novo, vida nova».

Au­mentos de preços na ali­men­tação, na energia, nos com­bus­tí­veis pros­se­guem um ca­minho tor­tuoso que se ini­ciou lá atrás, no úl­timo tri­mestre de 2021.

Di­fi­cul­dades sem fim no acesso à ha­bi­tação, com as rendas cada vez mais caras e com as taxas de juro a crescer de forma ga­lo­pante, co­lo­cando muitas fa­mí­lias à beira do co­lapso fi­nan­ceiro.

De­gra­dação dos ser­viços pú­blicos, que, como se sabe, não co­meçou com os al­vores do novo ano, desde logo do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, mas também da Es­cola Pú­blica, sem res­postas aos seus pro­fis­si­o­nais e sem os in­ves­ti­mentos ne­ces­sá­rios.

Con­tenção sa­la­rial que con­firma, agora no sector pri­vado, as op­ções que o Go­verno tomou, seja para os parcos au­mentos na Ad­mi­nis­tração Pú­blica, con­de­nando os tra­ba­lha­dores, uma vez mais, a per­derem poder de compra, seja para a ac­tu­a­li­zação do Sa­lário Mí­nimo Na­ci­onal.

Mas como a des­graça não toca a todos, o ano novo também trouxe lu­cros ve­lhos para os grupos eco­nó­micos, que crescem na exacta me­dida em que os tra­ba­lha­dores e o povo vêem au­mentar as suas di­fi­cul­dades, e o Go­verno pros­segue ale­gre­mente sem dar res­posta às in­jus­tiças e de­si­gual­dades cres­centes e aos pro­blemas que se avo­lumam.

E não é a su­cessão de casos mal ex­pli­cados no Go­verno – in­se­pa­rável da na­tu­reza, con­teúdo e mé­todos do grande ca­pital, da ex­plo­ração, da po­lí­tica de di­reita e dos seus exe­cu­tantes e de­fen­sores, os su­ces­sivos es­cân­dalos nos grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros, a pro­mis­cui­dade entre o poder po­lí­tico e o poder eco­nó­mico, a cor­rupção des­ta­pada à me­dida dos in­te­resses de tapar o sol com a pe­neira – que al­tera essa dura re­a­li­dade.

O ano novo co­meça, de facto, com a velha po­lí­tica de di­reita im­posta ao povo por­tu­guês, en­volta na tão velha es­tra­tégia de pros­se­guir uma ofen­siva ide­o­ló­gica para criar um am­bi­ente me­diá­tico, po­lí­tico e ide­o­ló­gico pro­pício a ata­ques ao re­gime de­mo­crá­tico, ao papel do Es­tado na eco­nomia e mesmo na so­ci­e­dade, à ali­e­nação e à pro­moção das agendas das forças re­ac­ci­o­ná­rias.

 

Mas há ainda dois ou­tros traços que estes dias con­firmam.

Por um lado, que, in­de­pen­den­te­mente dos es­forços que o grande ca­pital faz para ali­mentar vál­vulas de es­cape e ca­na­lizar justos des­con­ten­ta­mentos para ac­ções in­con­se­quentes e di­vi­si­o­nistas, ali­men­tando falsas al­ter­na­tivas, o que marca os dias que passam é o pros­se­gui­mento da luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções, que cresce – por me­lhores sa­lá­rios, pelos di­reitos, contra o au­mento do custo de vida, pela re­a­ber­tura de ser­viços pú­blicos e na de­fesa de res­postas de qua­li­dade.

Luta que nas pró­ximas se­manas pros­se­guirá, seja em di­recção ao Dia Na­ci­onal de In­dig­nação, Pro­testo e Luta, a 9 de Fe­ve­reiro, com greves e pa­ra­li­sa­ções já anun­ci­adas em inú­meras em­presas e lo­cais de tra­balho de todos os sec­tores, que terá ex­pressão con­ver­gente nas Praças de In­dig­nação; seja com o mês de es­cla­re­ci­mento e luta dos tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Local, que se ini­ciou esta se­mana; seja com a Greve Na­ci­onal de Pro­fes­sores por dis­tritos, pro­mo­vida pela FEN­PROF, e com a Ma­ni­fes­tação Na­ci­onal de Pro­fes­sores a 11 de Fe­ve­reiro; seja na Jor­nada de luta dos Re­for­mados que se con­cre­ti­zará a 24 de Ja­neiro; seja com novas ac­ções contra o au­mento do custo de vida; seja ainda nas ac­ções em de­fesa da paz.

Luta em que o Mo­vi­mento Sin­dical Uni­tário, nas suas di­versas ex­pres­sões, re­a­firma o seu papel cen­tral e de­ter­mi­nante, con­fir­mando que a sua força ra­dica na sua na­tu­reza de classe e no res­peito pelos seus prin­cí­pios e ca­rac­te­rís­ticas: or­ga­ni­zação de massas, uni­tária, de­mo­crá­tica, in­de­pen­dente e so­li­dária.

Por outro lado, que é na acção, na in­ter­venção e na ini­ci­a­tiva do PCP que se pode en­con­trar a al­ter­na­tiva de que o País pre­cisa.

Uma acção pró­xima dos tra­ba­lha­dores e do povo, aus­cul­tando os di­versos sec­tores, como acon­teceu num grande en­contro do Se­cre­tário-geral do Par­tido com re­for­mados ou na vi­sita a uma es­quadra de po­lícia e na au­dição com forças e ser­viços de se­gu­rança.

 

Um Par­tido que in­siste na pro­posta al­ter­na­tiva para uma vida me­lhor para todos, ainda que ela en­contre a bar­reira dos par­tidos do arco da po­lí­tica de di­reita, como acon­teceu esta se­mana quando pro­pu­semos na As­sem­bleia da Re­pú­blica me­didas para con­trolar os preços do cabaz ali­mentar, re­jei­tadas por PS, PSD, CH e IL.

Um Par­tido que, como o Se­cre­tário-geral deixou claro nos co­mí­cios em São João da Ma­deira e Ton­dela, luta todos os dias pela re­so­lução dos pro­blemas con­cretos, que não en­con­trarão res­posta na al­ter­nância entre os par­tidos da po­lí­tica de di­reita, com a ma­nu­tenção ou mesmo apro­fun­da­mento das po­lí­ticas de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento, ao ser­viço dos in­te­resses do grande ca­pital, antes exigem uma po­lí­tica al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda, e uma al­ter­na­tiva po­lí­tica que lhe dê corpo.