- Nº 2564 (2023/01/19)

PCP evoca os 100 anos de Eugénio de Andrade

PCP

O centenário do nascimento de Eugénio de Andrade, que por estes dias se assinala, está a ser comemorado um pouco por todo o País. Também o PCP se une a esta justa homenagem a um dos mais vibrantes poetas portugueses contemporâneos, falecido em 2005.

Ontem ao final da tarde, no Porto, teve lugar uma sessão evocativa no Centro de Trabalho da Boavista, em que participaram os escritores Manuela Espírito Santo e José António Gomes, este último igualmente membro da direcção do Sector Intelectual do Porto do PCP. Com esta iniciativa, o Partido celebrava a «inteligência crítica e interventora, o cidadão empenhado e atento à realidade do seu povo e do seu tempo, ao mundo e à paz, ao Portugal de Abril e à liberdade».

Por proposta da vereadora comunista Ilda Figueiredo, a Câmara Municipal do Porto aprovou por unanimidade, no dia 16, uma saudação sobre o centenário do nascimento de Eugénio de Andrade, reconhecendo o grande poeta, humanista, antifascista e a sua escrita luminosa sobre o Porto.

No Fundão, foi editado um número especial do boletim mensal da CDU, O Barbilho, dedicado a esta evocação. Aí recorda-se o nascimento de Eugénio de Andrade (pseudónimo literário de José Fontinhas Neto) na aldeia de Póvoa de Atalaia, concelho do Fundão, de uma família camponesa. Eugénio, acrescenta-se, «fez da escrita o seu ofício e a sua arte. Ofício de paciência e de rigor. Arte na qual o esforço criativo é um verdadeiro trabalho manual à volta de palavras claras e cheias de luz, palavras depuradas, cujas sílabas cintilam repletas de musicalidade».

A sua poesia não é apenas, como uma leitura apressada poderia sugerir, uma busca incessante do amor. Como escreve Jorge Sarabando, «a sua voz poética percorre outros veios, não se deixa determinar, mostra-se sensível e atenta ao mundo, quando acontece a violência e a injustiça». É uma voz humaníssima.

Aliás o próprio poeta afirma que a sua poesia é «anti-institucional, que recusa toda a iniquidade, escrita de costas para a moral vigente, desinserida de práticas religiosas comuns (...), alheia ao espírito competitivo e de lucro das sociedades de consumo; numa palavra, uma poesia de contestação, em sentido amplo».

Esta edição especial de O Barbilho conta com catorze depoimentos de vários amantes da escrita de Eugénio de Andrade, escritores, poetas e amigos que se juntam à celebração.