Abusos Sexuais na Igreja

A Co­missão In­de­pen­dente para o Es­tudo dos Abusos Se­xuais de Cri­anças na Igreja Ca­tó­lica, apre­sentou, na pas­sada se­gunda-feira, o re­la­tório do seu tra­balho que co­meçou a ser ela­bo­rado no dia 11 de Ja­neiro de 2022. As con­clu­sões foram di­vul­gadas numa sessão que tomou lugar na Fun­dação Ca­louste Gul­ben­kian, em Lisboa.

Li­de­rada pelo pe­dops­qui­atra Pedro Strecht, a co­missão va­lidou 512 dos 564 tes­te­mu­nhos re­ce­bidos e apontou, por ex­tra­po­lação, para um nú­mero mí­nimo na ordem das 4.815 ví­timas. Os tes­te­mu­nhos re­ferem-se a casos ocor­ridos no pe­ríodo entre 1950 e 2022.

Se­gundo o re­la­tório, a idade média das ví­timas é hoje de 52,4 anos, 52,7 por cento são ho­mens, 47,2 por cento são mu­lheres e 88,5 por cento são re­si­dentes em Por­tugal con­ti­nental. Apesar de es­pa­lhados um pouco por todo o País, os casos con­cen­tram-se prin­ci­pal­mente nos dis­tritos de Lisboa, Porto, Braga, Se­túbal e Leiria. 57,2 por cento das ví­timas foram abu­sados mais do que uma vez e 27,5 por cento re­fe­riram que foram ví­timas du­rante mais de um ano.

A maior parte dos abusos ocorreu em se­mi­ná­rios (23 por cento), na igreja (18,8 por cento), no con­fes­si­o­nário (14,3 por cento), na casa pa­ro­quial (12,9 por cento) e em es­colas ca­tó­licas (6,9 por cento).

A co­missão, criada por ini­ci­a­tiva da Con­fe­rência Epis­copal Por­tu­guesa (CEP), en­viou para o Mi­nis­tério Pú­blico 25 casos de entre os 512 tes­te­mu­nhos va­li­dados re­ce­bidos ao longo do ano.

José Or­nelas Car­valho, bispo de Leiria-Fá­tima que pre­side a CEP, pediu perdão a todas as ví­timas e afirmou que os pa­dres abu­sa­dores não terão lugar na igreja, mas que será ne­ces­sário provar o crime para haver ex­pul­sões de clé­rigos.

As­si­na­lável gra­vi­dade

Para o PCP, «os ele­mentos di­vul­gados pela Co­missão, pela sua di­mensão – que é parte de uma re­a­li­dade ainda mais ampla –, são de uma as­si­na­lável gra­vi­dade e co­locam à Igreja Ca­tó­lica, en­quanto ins­ti­tuição, a ne­ces­si­dade de re­flectir e in­tervir para além das con­sequên­cias e apu­ra­mentos ju­di­ciais, numa ló­gica de pre­venção apro­fun­dada e de res­pon­sa­bi­li­dade so­cial, tal como ao con­junto da so­ci­e­dade».




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A CDU saudou en­tre­tanto a po­pu­lação que, a pro­pó­sito do re­fe­rendo local, «tem vindo a in­tervir sobre o grave pro­blema do es­ta­ci­o­na­mento na fre­guesia de Ben­fica, que muito pre­o­cupa mo­ra­dores, tra­ba­lha­dores e mo­ra­dores». Re­a­firmou ainda a ne­ces­si­dade de «cri­ação de novos lu­gares de es­ta­ci­o­na­mento em su­per­fície, al­tura e pro­fun­di­dade, a par da cons­trução de par­ques dis­su­a­sores na en­trada da ci­dade com li­gação a trans­portes pú­blicos» e «a aposta numa rede de trans­portes pú­blicos de qua­li­dade, ten­den­ci­al­mente gra­tuitos, e com ho­rá­rios re­gu­lares».