A LUTA É O CAMINHO

«pelos di­reitos e pela al­ter­na­tiva»

A gran­diosa ma­ni­fes­tação na­ci­onal do pas­sado sá­bado, pela sua di­mensão, pela im­por­tante afir­mação da re­cusa da po­lí­tica de di­reita e de exi­gência das me­didas ne­ces­sá­rias, com des­taque para o au­mento geral dos sa­lá­rios e pen­sões, marca in­de­le­vel­mente o tempo pre­sente. Foi uma po­de­rosa afir­mação de força, de­ter­mi­nação e con­fi­ança, de ma­ni­fes­tação de dis­po­ni­bi­li­dade para pros­se­guir a luta e de exi­gência de res­posta; de for­mação de cons­ci­ência so­cial e po­lí­tica sobre os fa­tores que estão na origem das di­fi­cul­dades ac­tuais vi­vidas pelos tra­ba­lha­dores e pelo povo, e sobre as me­didas e po­lí­tica ne­ces­sá­rias para as en­frentar.

Uma ma­ni­fes­tação que o PCP saudou com a par­ti­ci­pação do Se­cre­tário-geral, que se in­seriu num in­tenso pro­cesso de luta em torno da acção rei­vin­di­ca­tiva que se tem vindo a de­sen­volver nas em­presas, lo­cais de tra­balho e sec­tores e de que foi sig­ni­fi­ca­tiva ex­pressão, entre di­versas ou­tras lutas nos sec­tores pú­blico e pri­vado, a greve dos tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, na vés­pera, que contou com ele­vada adesão.

Luta que vai agora pros­se­guir nas em­presas e sec­tores, com novas ex­pres­sões con­ver­gentes na ma­ni­fes­tação da ju­ven­tude tra­ba­lha­dora con­vo­cada pela CGTP-IN, para a pró­xima terça-feira, em Lisboa e no Porto e na jor­nada de luta do 1.º de Maio em todo o País.

No quadro da luta e acção de massas avança também a pre­pa­ração das co­me­mo­ra­ções do 25 de Abril, dando forte ex­pressão à afir­mação dos seus va­lores, à de­fesa do re­gime de­mo­crá­tico e da Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa, bem como a luta das po­pu­la­ções contra o au­mento do custo de vida, pelo acesso à ha­bi­tação, pelo au­mento das re­formas e pen­sões, pela fi­xação e con­trolo dos preços dos bens es­sen­ciais, em de­fesa do SNS e das fun­ções so­ciais do Es­tado.

 

Na si­tu­ação po­lí­tica que vi­vemos, avo­lumam-se os pro­blemas com que es­tamos con­fron­tados, com as cres­centes di­fi­cul­dades e o des­con­ten­ta­mento da mai­oria da po­pu­lação, pe­rante a de­gra­dação dos sa­lá­rios e pen­sões, que não acom­pa­nham o au­mento do custo de vida.

O grau de de­si­gual­dade e in­jus­tiça so­cial em que vi­vemos é tal que, en­quanto 3 mi­lhões de tra­ba­lha­dores – 70 por cento do total – ga­nham menos de mil euros brutos por mês, e 2 mi­lhões de pes­soas estão em si­tu­ação de po­breza – dos quais mais de 300 mil cri­anças – os 5 por cento mais ricos con­cen­tram 42 por cento de toda a ri­queza criada no País.

Si­tu­ação que en­con­traria res­posta na pro­posta que o PCP apre­sentou na AR de fi­xação dos preços dos bens es­sen­ciais, em par­ti­cular dos bens ali­men­tares, mas que o PS, PSD, Chega e IL, todos unidos, chum­baram, op­tando pela de­fesa dos grupos eco­nó­micos e dos seus lu­cros es­can­da­losos.

Ainda na pas­sada quinta-feira no de­bate mar­cado pelo PCP na As­sem­bleia da Re­pú­blica ficou à vista a de­fesa dos que lu­cram com a es­pe­cu­lação, por parte de PS, PSD, Chega e IL.

No mesmo dia, os di­ri­gentes do grupo Sonae, afir­maram, en­quanto apre­sen­tavam um au­mento nos lu­cros de 27,7 por cento, que a in­flação não está a ser criada pela dis­tri­buição, de­pois de, à bo­leia do poder que têm no mer­cado, au­men­tarem os preços de bens ali­men­tares, sem qual­quer con­trolo e bem acima da in­flação. Es­pe­cu­lação que está a ser su­por­tada pelos pro­du­tores, que for­necem a dis­tri­buição, e pelos con­su­mi­dores, fi­cando assim a grande dis­tri­buição a ga­nhar dum lado e do outro e a acu­mular lu­cros fa­bu­losos.

 

É neste quadro que os tra­ba­lha­dores e o povo en­frentam cres­centes di­fi­cul­dades, com o au­mento do custo de vida agora agra­vado pela nova su­bida das taxas de juro, de­ci­dida pelo BCE, a des­va­lo­ri­zação dos sa­lá­rios e pen­sões, o de­sin­ves­ti­mento e con­se­quente de­gra­dação dos ser­viços pú­blicos. Mas é também neste quadro que se travam in­tensas lutas e se de­sen­volvem a ini­ci­a­tiva e in­ter­venção do PCP, com des­taque para a li­gação aos tra­ba­lha­dores, com a vi­sita às ofi­cinas do Me­tro­po­li­tano de Lisboa, o con­tacto com tra­ba­lha­dores dos bares da CP e do Hos­pital de S. João em luta, no Porto, da Fi­co­ca­bles e da AA­PICO na Maia, mas também a vi­sita ao Ins­ti­tuto Gul­ben­kian de Ci­ência, com a par­ti­ci­pação do Se­cre­tário-geral do PCP. Uma in­ter­venção de­ci­dida pelos di­reitos, re­cla­mando a rup­tura com a po­lí­tica de di­reita e afir­mando a al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda que im­porta con­cre­tizar.

 

E, como su­bli­nhou Paulo Rai­mundo no al­moço re­gi­onal co­me­mo­ra­tivo do 102.º ani­ver­sário do PCP, em Serpa, no do­mingo pas­sado, «é pre­ciso romper com esta po­lí­tica de in­jus­tiça, é ur­gente abrir um novo rumo, uma po­lí­tica que se co­loque ao ser­viço da mai­oria, dos tra­ba­lha­dores, das po­pu­la­ções, dos seus di­reitos e in­te­resses».

Des­ti­nado a re­forçar-se e a crescer, com a acção de­ter­mi­nada das suas or­ga­ni­za­ções mas também com a com­pre­ensão, o em­pe­nha­mento e o apoio de todos os que re­co­nhecem a ne­ces­si­dade de dar mais força ao Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês, este é o Par­tido in­subs­ti­tuível na luta dos tra­ba­lha­dores e do povo por uma vida me­lhor. Na luta pela so­ci­e­dade e pelo País de Abril a que temos di­reito e que­remos cons­truir.