China e Rússia reforçam cooperação estratégica

As con­ver­sa­ções entre os pre­si­dentes Xi Jin­ping e Vla­dimir Putin, nesta se­mana, em Mos­covo, vão con­tri­buir para con­so­lidar a co­o­pe­ração es­tra­té­gica entre a China e a Rússia e im­pul­si­onar os laços bi­la­te­rais entre as duas po­tên­cias.

China e Rússia apelam a que se evite a con­fron­tação entre blocos

Du­rante a vi­sita do pre­si­dente da China à Rússia, entre os dias 20 e 22, Xi Jin­ping e Vla­dimir Putin subs­cre­veram uma de­cla­ração con­junta sobre o re­forço da as­so­ci­ação in­te­gral e da co­o­pe­ração es­tra­té­gica. Apro­varam também um do­cu­mento acerca do de­sen­vol­vi­mento da co­la­bo­ração eco­nó­mica entre os dois países, até 2030, em áreas fun­da­men­tais.

A de­cla­ração con­junta, ru­bri­cada na terça-feira, 21, no Kremlin, as­se­gura que os laços entre os dois países en­tram numa nova era e al­cançam o nível mais alto da sua his­tória, com um de­sen­vol­vi­mento sus­ten­tado graças aos es­forços de ambas as partes. Con­cluída após dois dias de con­ver­sa­ções entre as de­le­ga­ções da China e da Rússia, a de­cla­ração ra­ti­fica que as suas re­la­ções não têm um ca­rácter de bloco nem de con­fron­tação e «não se di­rigem contra ter­ceiros países».

Pe­quim e Mos­covo des­tacam que esses vín­culos não estão su­jeitos a in­fluên­cias ex­ternas e de­mons­tram «vi­ta­li­dade e energia po­si­tiva». E acres­centam que os in­tentos de subs­ti­tuir os prin­cí­pios e as normas ge­ral­mente aceites do di­reito in­ter­na­ci­onal por uma «ordem ba­seada em re­gras» são «ina­cei­tá­veis».

A China e a Rússia con­si­deram que para re­solver o con­flito na Ucrânia é ne­ces­sário evitar a con­fron­tação entre blocos e a in­ci­tação ao con­flito, assim como res­peitar as pre­o­cu­pa­ções le­gí­timas de todos os países no campo da se­gu­rança. O texto ma­ni­festa que a China e a Rússia estão con­ven­cidas de que não pode haver ven­ce­dores numa guerra nu­clear e esta nunca deve ser de­sen­ca­deada.

Nesse sen­tido, ambos os países dizem sentir-se se­ri­a­mente pre­o­cu­pados pelos planos da ali­ança mi­litar AUKUS, for­mada por Es­tados Unidos da Amé­rica, Reino Unido e Aus­trália, de cons­truir sub­ma­rinos nu­cle­ares e afirmam a ne­ces­si­dade de serem cum­pridos, ri­go­ro­sa­mente, os com­pro­missos de não pro­li­fe­ração de armas de des­truição mas­siva. In­sistem ainda que a NATO res­peite a so­be­rania, a se­gu­rança e os in­te­resses, a di­ver­si­dade de ci­vi­li­za­ções, his­tó­rica e cul­tural dos di­fe­rentes países. As duas partes mos­traram pre­o­cu­pação pelas ac­ti­vi­dades mi­li­tares e bi­o­ló­gicas dos EUA e exigem es­cla­re­ci­mentos a esse pro­pó­sito.

Também instam as po­tên­cias nu­cle­ares a não des­locar este tipo de ar­ma­mento para fora dos seus ter­ri­tó­rios na­ci­o­nais e a re­tirar as já ins­ta­ladas no es­tran­geiro, de­fen­dendo que Washington ace­lere a eli­mi­nação do seu ar­senal de armas quí­micas.

Na de­cla­ração con­junta, a China e a Rússia opõem-se às ten­ta­tivas de or­ga­ni­zação das ditas «re­vo­lu­ções co­lo­ridas» e à in­ge­rência ex­terna nos as­suntos da Ásia Cen­tral.

Os dois re­jeitam as ten­ta­tivas de certos países de con­verter o es­paço ex­te­rior num ce­nário de con­fron­tação ar­mada e opor-se-ão a ac­ti­vi­dades di­ri­gidas a lo­grar a su­pe­ri­o­ri­dade mi­litar e a uti­lizar o es­paço para ope­ra­ções mi­li­tares.

Em pa­ra­lelo, ad­vogam uma in­ves­ti­gação ob­jec­tiva, das ex­plo­sões nos ga­so­dutos Nord Stream.

Um ele­mento im­por­tante da de­cla­ração é o tema ener­gé­tico, em re­lação ao qual as duas partes com­pro­metem-se a pro­teger con­jun­ta­mente a se­gu­rança ener­gé­tica in­ter­na­ci­onal e a es­ta­bi­li­dade das ca­deias de pro­dução e de for­ne­ci­mento de energia.

A Rússia va­lo­riza po­si­ti­va­mente a po­sição chi­nesa sobre a questão ucra­niana, en­quanto a China aprecia a dis­po­sição da Rússia de ini­ciar ne­go­ci­a­ções, ao mesmo tempo que ambos crêem que devem res­peitar-se os ob­jec­tivos e prin­cí­pios da Carta das Na­ções Unidas, assim como o di­reito in­ter­na­ci­onal.

Mos­covo re­a­firma ainda o prin­cípio de «uma só China» e ra­ti­fica a sua opo­sição às ten­ta­tivas de pro­mover o se­pa­ra­tismo no ter­ri­tório chinês de Taiwan.

Acordo Arábia Sau­dita-Irão

Xi Jin­ping chegou à Rússia dias após a China ter me­diado o re­a­ta­mento de re­la­ções di­plo­má­ticas entre a Arábia Sau­dita e o Irão. Num acordo as­si­nado no dia 10 em Pe­quim, ambos os países con­cor­daram em «re­tomar as re­la­ções di­plo­má­ticas e re­a­brir em­bai­xadas e mis­sões dentro de dois meses». O acordo foi anun­ciado de­pois de ambas as partes se terem reu­nido du­rante vá­rios dias na ca­pital chi­nesa para ul­tra­pas­sarem as di­ver­gên­cias.

Este acordo abre boas pers­pec­tivas para so­lu­ci­onar a guerra no Iémen e re­duzir as ten­sões na re­gião. Os EUA não ti­veram outra opção que não a de saudar o acordo, mas mesmo assim de modo vago, des­va­lo­ri­zando o seu im­pacto e sig­ni­fi­cado.




Mais artigos de: Internacional

TPI é mais uma operação para obstaculizar a paz

A Rússia não reconhece a jurisdição do Tribunal Penal Internacional (TPI) e considera nulo o mandado de captura emitido no dia 17 contra o presidente Vladimir Putin, declarou em Moscovo o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov. «Consideramos indigna e inaceitável a própria formulação da questão. A Rússia e outros Estados...

Com que sonha o oprimido?

Dizia Paulo Freire que quando a educação não é libertadora o sonho do oprimido é ser opressor. Não consta que Alberto Carvalho, superintendente do distrito escolar de Los Angeles, sonhe ou leia Paulo Freire, para infelicidade de meio milhão de crianças e 65 mil trabalhadores. Conta o nosso...