Eleva-se na Ilha Terceira a luta por salários e direitos

Uma greve de três dias no sector do co­mércio e uma con­cen­tração em Angra do He­roísmo vi­eram com­provar a de­ter­mi­nação dos tra­ba­lha­dores aço­ri­anos de pros­se­guirem a luta por me­lhores con­di­ções de vida.

Sem res­postas aos pro­blemas, estes agravam-se e a luta terá de pros­se­guir

A greve dos tra­ba­lha­dores do co­mércio, entre os dias 6 e 8, foi a pri­meira no sector e pro­vocou cons­tran­gi­mentos no fun­ci­o­na­mento das grandes su­per­fí­cies co­mer­ciais, as­si­nalou a União dos Sin­di­catos de Angra do He­roísmo. Numa pri­meira re­acção, a es­tru­tura re­gi­onal da CGTP-IN des­tacou ainda o facto de, no dia 8, sá­bado, se ter re­a­li­zado «a maior ma­ni­fes­tação de tra­ba­lha­dores do sector pri­vado das úl­timas dé­cadas».

Du­rante a manhã, con­cen­traram-se na Praça Velha de Angra do He­roísmo cerca de três cen­tenas de tra­ba­lha­dores do co­mércio, mas também da Co­o­pe­ra­tiva Praia Cul­tural e de cre­ches e jar­dins de in­fância, como ob­servou o PCP, ao dar conta de que uma de­le­gação do Par­tido ali es­teve, em ex­pressão de so­li­da­ri­e­dade com a luta.

A con­cen­tração foi pro­mo­vida pela USAH, pelo Si­ta­ceht (Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores de In­dús­trias Trans­for­ma­doras, Ali­men­tação, Be­bidas e Si­mi­lares, Co­mércio, Es­cri­tó­rios e Ser­viços, Ho­te­laria e Tu­rismo dos Açores), o STAL e o Grupo dos Tra­ba­lha­dores do Co­mércio da Ilha Ter­ceira. Pre­ten­deram, assim, dar força às «prin­ci­pais rei­vin­di­ca­ções do mo­vi­mento sin­dical uni­tário aço­riano», tais como: o au­mento geral dos sa­lá­rios e das pen­sões; a apli­cação das 35 horas a todos os tra­ba­lha­dores na Re­gião, sem perda de re­tri­buição; o com­bate à pre­ca­ri­e­dade; a de­fesa da igual­dade entre mu­lheres e ho­mens; o in­ves­ti­mento na for­mação pro­fis­si­onal e na Se­gu­rança e Saúde no Tra­balho.

Como mo­tivos de pre­o­cu­pação, a exigir res­postas, a USAH re­feriu, numa nota pu­bli­cada pela CGTP-IN: as longas jor­nadas de tra­balho, in­tensos ritmos de tra­balho, horas ex­tra­or­di­ná­rias não re­mu­ne­radas, ho­rá­rios des­re­gu­lados, turnos in­for­mados de vés­pera, li­mi­tação e ne­gação de di­reitos de ma­ter­ni­dade e pa­ter­ni­dade, bem como chan­ta­gens, pres­sões e re­pre­sá­lias sobre tra­ba­lha­dores, ou ainda as múl­ti­plas formas de vín­culos pre­cá­rios para tra­balho que res­ponde a ne­ces­si­dades per­ma­nentes.

O au­mento brutal do custo de vida «está a di­fi­cultar cada vez mais a si­tu­ação so­cial e eco­nó­mica dos aço­ri­anos» e «au­menta a dis­pa­ri­dade re­mu­ne­ra­tória» face ao Con­ti­nente, «com pre­juízo da co­esão so­cial na­ci­onal».

Para os tra­ba­lha­dores do co­mércio, em con­junto com a greve, a ma­ni­fes­tação teve como ob­jec­tivos, entre ou­tros: de­fender a con­tra­tação co­lec­tiva; es­ta­be­lecer ho­rá­rios que per­mitam con­ci­liar a vida pro­fis­si­onal e pes­soal; exigir o di­reito ao sub­sídio de ali­men­tação e a diu­tur­ni­dades; me­lhorar os di­reitos la­bo­rais no co­mércio e na grande dis­tri­buição (em es­pe­cial, im­pedir a adap­ta­bi­li­dade e o «banco» de horas, que «farão com que os tra­ba­lha­dores es­tejam ao dispor das em­presas 12, 14, ou 16 horas por dia, sem a res­pec­tiva com­pen­sação fi­nan­ceira», como ex­plicou a USAH, numa nota pu­bli­cada pela CGTP-IN.

O mo­vi­mento sin­dical uni­tário da re­gião fez ainda, desta con­cen­tração, uma «opor­tu­ni­dade para de­mons­trar o nosso re­púdio e de­sa­grado, pela pos­tura adop­tada pelo Mu­ni­cípio da Praia da Vi­tória, na sequência do des­pe­di­mento co­lec­tivo dos tra­ba­lha­dores da Co­o­pe­ra­tiva Praia Cul­tural», con­si­de­rando «la­men­tável a forma como o pro­cesso tem sido con­du­zido».

 



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