Com a força de Abril, todos ao 1.º de Maio

«Abril de luta e confiança»

Se mais evidências não houvesse, as comemorações populares do 25 de Abril confirmaram quão vivos estão os valores de Abril no coração do povo português.

Um impressionante mar de gente de todas as idades, com grande participação da juventude, deu às comemorações do 25 de Abril, por todo o País, os tons de festa, alegria, luta e confiança.

Perante a degradação da situação económica e social, que afecta gravemente as suas condições de vida, os trabalhadores e o povo desceram às ruas para rejeitar e combater o aumento brutal do custo de vida, a desvalorização dos salários e pensões, os lucros extraordinários dos grupos económicos, o progressivo alastramento da pobreza, das injustiças e desigualdades sociais. Para combater a política de direita contrária a Abril e ao seu projecto (em que convergem PS, PSD, Chega e IL), que atenta contra os direitos, ataca os serviços públicos, não acautela os interesses nacionais e compromete o desenvolvimento do País.

Mas as comemorações do 25 de Abril foram também um acto de denúncia e de combate contra todos aqueles que com os seus projectos reaccionários e retrógrados contra Abril vêm desenvolvendo uma das mais sórdidas e brutais campanhas ideológicas de falsificação da história: insultando Abril e os seus principais obreiros, os militares do MFA e as massas populares; tentando apagar, silenciar ou denegrir o papel do PCP; tentando reescrever a história recorrendo à deturpação e à mentira.

Foram comemorações de luta em defesa da liberdade, da democracia, da paz e do progresso social.

Luta que, na situação que vivemos, se continua a desenvolver nas empresas e sectores. Luta que obrigou o Governo a ter que tomar medidas, embora limitadas e insuficientes. Desde logo nas questões da alimentação, como vimos com o chamado IVA zero, que praticamente não tem efeito nenhum na vida das pessoas, quando o que se impõe é o controlo e redução dos preços dos bens e serviços essenciais. Também as medidas na habitação são insuficientes, limitadas e não atacam o fundamental do que é preciso atacar, que são os lucros da banca e dos fundos imobiliários. E o mesmo se pode dizer relativamente ao aumento das pensões, limitado, muito insuficiente, atrasado, quando o que é exigível é um aumento intercalar imediato de 9,1 por cento retroactivo a Janeiro, com o mínimo de 60 euros mensais.

Luta que, tal como foi determinante noutros momentos – contra a destruição da ferrovia, contra as tentativas de privatização da CP, da EMEF, da CP Carga, da Tex, da REFER, da IP Telecom, contra a liberalização e os pacotes ferroviários, contra sucessivos Governos, ora do PS ora do PSD, apostados na total liberalização e destruição do sector –, será igualmente decisiva para defender os direitos dos trabalhadores ferroviários, para colocar a ferrovia ao serviço do desenvolvimento do País, como o PCP defende e deixou claro na audição sobre o Plano Nacional Ferroviário da passada sexta-feira.

Luta que é imprescindível para o aumento dos salários e para a defesa dos direitos dos trabalhadores, como foi sublinhado pelo Secretário-geral do PCP quer no contacto com trabalhadores da Huber-Tricot em Aveiro, quer no almoço com pescadores em Peniche.

Hoje como ontem, é fundamental lembrar o que foi o fascismo, numa altura em que não falta quem o tente branquear.

Lembrar que Abril foi e é Revolução. Não foi uma qualquer evolução ou transição, como alguns querem fazer crer. E lembrar também que, entre os muitos avanços e conquistas, Abril foi a elevação dos salários e a conquista do SMN, o aumento e alargamento das pensões de reforma e invalidez, a proibição dos despedimentos sem justa causa, o alargamento do tempo de férias e o seu subsídio. Abril garantiu a ruptura e alterou a estrutura económica e social.

Abril foram as nacionalizações e o fim do poder dos monopólios, a concretização da Reforma Agrária, o acesso à saúde e a criação do SNS geral e gratuito, o alargamento e melhoria da Segurança Social, o direito ao ensino e à educação e ao Poder Local Democrático.

Abril consagrou na lei a igualdade entre homens e mulheres, mas foi também o avanço nas suas condições de vida e de trabalho.

Abril trouxe o fim da guerra, trouxe a Paz e consagrou na Constituição que é pela paz, e não pela guerra, que o País deve sempre caminhar.

Os valores de Abril vão projectar-se em Maio – na jornada de luta do 1.º de Maio que os trabalhadores, organizados no movimento sindical unitário em torno da CGTP-IN vêm preparando, a partir da acção reivindicativa nas empresas, locais de trabalho e sectores – numa grande demonstração da força dos trabalhadores e da sua luta, de exigência de aumento dos salários, dos direitos, por melhores pensões, de combate à exploração e ao aumento do custo de vida.

Uma luta e um caminho que reclamam uma outra política, patriótica e de esquerda, que dê centralidade à valorização do trabalho e dos trabalhadores, condição imprescindível à construção de um Portugal com futuro.