Comunistas celebram Revolução comprovando que «Abril é mais futuro»

Face a «uma política que não responde aos problemas», «pois que se cumpra Abril», afirmou o Secretário-geral do PCP no concelho de Loures, perante uma numerosa plateia a quem deixou uma garantia: «cá estamos para resistir ao processo contra-revolucionário e lutar pela ruptura com a política de direita e pela alternativa patriótica e de esquerda.



Abril foi e é Revolução, não uma qualquer evolução

O pavilhão José Gouveia, em São João da Talha, voltou a acolher centenas de pessoas numa grande iniciativa comemorativa do aniversário da Revolução, este ano sob o lema «Abril é mais Futuro».

Esta foi apenas uma das muitas acções que, assumindo as mais variadas formas, as organizações do Partido levam a cabo um pouco por todo o País para celebrar – assim o definiu Paulo Raimundo – esse «acto libertador que pôs fim à longa noite fascista, de 48 anos de miséria, analfabetismo, prisões, tortura, morte, colonialismo, guerra».

No caso de Loures, foi numa atmosfera de grande camaradagem e alegria que decorreu o almoço, não faltando, simultaneamente, um forte sentimento de confiança que advém da força transformadora dos ideais e da luta. Ambiente caloroso a que também não foi alheio o elevado número de jovens da JCP, cuja presença, de resto, bem se fez notar.

Preparado, confeccionado e servido por uma laboriosa equipa de camaradas, que cumpriu com total dedicação e mestria tão exigente tarefa, também a refeição e o serviço, pela sua qualidade, deram um contributo para o êxito desta iniciativa da Comissão Concelhia de Loures.

Coube a Vânia Campaniça dirigir o comício, chamando para a mesa, além de Paulo Raimundo, Ricardo Costa, da Comissão Política, Gonçalo Tomé, do CC, Gonçalo Caroço, vereador e membro da Comissão Concelhia, Patrícia Gonçalves, do seu secretariado e do executivo, Leonor Pereira e Rafael Verde, ambos da JCP.

Este último, que integra o Executivo da Comissão Regional de Lisboa da JCP, abordando os problemas com que os estudantes e jovens trabalhadores estão confrontados, deixou expressa a certeza de que a luta de uns e outros não vai abrandar, nem pelo «ensino público, gratuito, democrático, pela escola de Abril», nem «por salários justos, por uma maior liberdade sindical, pelo fim da caducidade da contratação colectiva».

Gonçalo Caroço, por seu lado, depois de chamar a atenção para o agravamento da situação social e das injustiças, deteve-se na actuação do actual executivo PS no Município de Loures, a quem acusou de não «defender os interesses do concelho e das suas populações» e de, «em coligação com o PSD e em perfeita simbiose com o Chega, aparar todos os golpes do Governo». Dado foi o exemplo do Hospital Beatriz Ângelo, cuja situação apelidou de «vergonhosa», com o presidente da câmara a «ser cúmplice da inoperância do Governo».

«Nos últimos 18 meses, o medo, a repressão e a falta de respeito pelos trabalhadores voltou a Loures», condenou o eleito comunista, realçando que a «dívida a fornecedores está já nos 6 milhões de euros», que o «endividamento com crédito bancário tem sido a regra» e que prossegue o «despesismo e o pagamento de clientelas», «pondo em causa o funcionamento regular da câmara».

«Não fosse a obra deixada pela CDU e os projectos prontos para serem executados, este concelho já teria entrado no mesmo marasmo que encontrámos em 2013», sublinhou, reafirmando em seguida a confiança de que com o desenvolvimento da «luta por uma vida melhor será derrotada a política de direita e construída a alternativa para o País e o concelho».

 

Façamos do 1.º de Maio uma grande jornada de luta

Na intervenção que proferiu no almoço em Loures, o Secretário-geral do PCP, depois de definir a Revolução do 25 de Abril como «acontecimento maior da nossa História», abordou o significado da mesma e o alcance das suas mudanças, nomeadamente o ter posto fim a «uma ditadura terrorista dos monopólios e latifúndios, associada ao imperialismo estrangeiro».

Sublinhada foi a importância de «saber e dar a conhecer o que foi o fascismo», sobretudo, como nos dias de hoje, «em que não falta quem o tente apagar, adulterar ou adocicar, reescrevendo a História». Enfatizou por isso que «Abril foi e é Revolução», «não foi uma qualquer evolução ou transição, como alguns querem fazer crer», mas sim «um levantamento militar seguido de um levantamento popular, num processo que revolucionou as estruturas sociais e económicas».

Paulo Raimundo anotou, porém, que tendo sido feito para todos, o 25 de Abril «não é de todos». Porquê? Pela simples razão de que «não é certamente daqueles que nunca o quiseram, não é daqueles que o atacaram e atacam, daqueles que se empenharam e empenham para que Abril não se cumpra», esclareceu, sustentando que «o 25 de Abril é do povo, desse povo, dos militares progressistas, dos democratas que impulsionaram todos os avanços e conquistas, a pulso, nas ruas e nas empresas».

«E tal é a sua força e a validade do seu projecto, a profundidade das suas conquistas, que décadas de contra-revolução e de política de direita ainda não conseguiram, nem o vão conseguir destruir», afirmou. Criticou, ainda, a política que «ataca e mutila a Constituição, num processo de anos a fio e que agora volta a acontecer, com o PS a dar a mão a projectos reaccionários, abrindo a porta a novos projectos de revisão, com velhas ideias». Porém, garantiu Paulo Raimundo, a Constituição «não precisa de revisão, precisa sim é de concretização e concretização na vida de todos os dias».

Abril, salientou ainda o dirigente comunista, está na antípoda da política de desinvestimento, de baixos salários, de precariedade e baixas pensões e reformas. Pelo contrário, «Abril é melhoria das condições de vida, Abril é viver com dignidade».

Daí ter verberado de forma incisiva a «política de direita, a política da alternância, da dança das cadeiras, a política de fingir diferenças», quando, verdadeiramente, «no que é estratégico ao serviço do grande capital, PS, PSD, CDS, Chega e IL partilham das mesmas visões, diferem, quanto muito, na velocidade».

E porque se Abril é o que é foi «porque houve muitos “maios” de luta», deixou um desafio: «vamos fazer do próximo 1.º de Maio uma grande jornada de luta, uma grande demonstração da força dos trabalhadores, da sua luta, um grande momento de exigência de aumento dos salários, dos direitos, um momento de combate contra a exploração e o aumento do custo de vida.»





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