Paulo Raimundo no Parlamento Europeu por uma Europa de cooperação, progresso e paz
O Secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, participou no dia 4, em Bruxelas, num encontro de líderes dos partidos que integram o Grupo confederal Esquerda Unitária Europeia/ Esquerda Verde Nórdica – A Esquerda no Parlamento Europeu.
Uma «ímpar e incansável» intervenção dos deputados do PCP no Parlamento Europeu
Numa declaração proferida na ocasião, o dirigente comunista destaca que a sua participação naquele encontro constituía «mais uma oportunidade para valorizar o papel e o contributo que o PCP dá, também neste espaço, para a luta por uma outra Europa» – de cooperação entre Estados soberanos e iguais em direitos, de progresso social e de paz, respeitadora dos direitos laborais e sociais, do ambiente, que combata todas as discriminações, desigualdades e injustiças e rompa com uma União Europeia cada vez mais neoliberal, militarista e federalista.
Valorizou, igualmente, a «ímpar e incansável» intervenção dos deputados do PCP no Parlamento Europeu. Para Paulo Raimundo, tal intervenção coloca no centro da iniciativa «os principais problemas dos trabalhadores e do povo». Ali como no País, acrescentou, os comunistas procuram responder a esses problemas, que se avolumam, no plano dos salários e pensões, do poder de compra, do acesso à saúde ou à habitação.
Não ignorando desenvolvimentos «graves e inaceitáveis que dominam a vida política nacional», o Secretário-geral do PCP insistiu naquilo que é prioritário: «dar solução ao que marca negativamente a vida da população», não alimentando especulações e cenários que não vão à raiz dos problemas e buscam a continuidade da política que, recorda, «tem unido PS, PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal em tudo o que é essencial aos grupos económicos».
Intervenção insubstituível
Também por isso, acrescentou Paulo Raimundo, é tão importante a «intervenção insubstituível» que os deputados do PCP desenvolvem «em defesa dos trabalhadores, do povo e do País, seja no Parlamento Europeu seja em Portugal, como demonstram as jornadas “Contigo todos os dias, a tua voz no Parlamento Europeu”, que percorrem há meses todo o País, aprofundando o conhecimento da realidade nacional e apontando soluções para os problemas sentidos pelo povo português.
E, garantiu, «é para isso que cá estamos, é isto que os trabalhadores e as populações esperam de nós. Somos e seremos a sua voz no Parlamento Europeu».
Dando alguns exemplos de questões sobre as quais os deputados do PCP tiveram uma intervenção destacada, o Secretário-geral referiu que «cá estamos todos os dias na rejeição dos aumentos sucessivos das taxas de juro por parte do BCE ou dos condicionamentos impostos ao país por via do Pacto de Estabilidade; na firme defesa dos interesses nacionais na discussão sobre os fundos da UE, dos interesses da agricultura, das pescas e da indústria nacionais; na melhoria dos salários e no respeito pelos direitos dos trabalhadores; na defesa do ambiente e da ferrovia».
No encontro de líderes de partidos que compõem o GUE/NGL, Paulo Raimundo interveio sobre a situação em Portugal e na União Europeia e as perspectivas do Partido para as eleições para o Parlamento Europeu, que se realizam em 2024 (ao lado publicamos excertos das intervenções que aí proferiu).
Análises e perspectivas
«Lucros dos grupos económicos como nunca vistos, exploração, degradação das condições de vida, aproveitamento da pandemia, das sanções e da guerra, aproveitamento da subida da inflação e da especulação, redução do poder de compra, ataques a direitos, salários, pensões, serviços públicos, saúde, educação, segurança social e a empresas públicas estratégicas como é o mais recente exemplo da TAP.
É este o retrato real do país acompanhado que é por uma intensa campanha ideológica antidemocrática de imposição do pensamento único e criminalização dos que a ele não se submetam, uma campanha cuja dimensão mais odiosa se dirige contra o PCP.»
«O que se exige é o aumento dos salários e das pensões, a valorização dos direitos dos trabalhadores, das funções sociais do Estado e dos serviços públicos, a valorização da produção nacional, o controlo público de empresas e sectores estratégicos, justiça fiscal, defesa do ambiente, o que faz falta é uma política que liberte o país da submissão ao euro e das imposições da União Europeia, o desenvolvimento soberano, a paz e cooperação entre os povos.»
«As grandes jornadas de luta dos trabalhadores realizadas em Portugal nos últimos meses, em que destaco as recentes comemorações do 1.º de Maio e as comemorações dos 49 anos da Revolução de Abril, com uma ampla e determinada participação popular, reforçam a nossa confiança nesse caminho cada vez mais urgente.»
«As forças e os interesses que estão na génese da União Europeia, dominadas pelas grandes potências e interesses dos grupos económicos, têm vindo a incrementar, apesar de contradições, as suas políticas neoliberais, militaristas, concentração de poder, promoção da exploração e empobrecimento, condições para uma cada vez maior concentração e centralização do capital.
Um caminho que não se inibe do recurso à restrição de liberdades e direitos democráticos e à promoção de concepções reaccionárias, do anticomunismo, da extrema-direita e do fascismo.
Países, como Portugal, em virtude de décadas de Mercado Único e de euro estão cada vez mais dependentes e sujeitos a um inaceitável condicionamento das suas políticas orçamentais e económicas. A democracia, a soberania nacional, o direito ao desenvolvimento, estão em causa.»
«Só um processo de cooperação de natureza progressista que rompa com os fundamentos da União Europeia pode responder aos anseios e direitos dos trabalhadores e do povo, só possível a partir do desenvolvimento da sua justa luta em cada país e da sua cooperação e solidariedade internacionalista.»
(Excertos das intervenções de Paulo Raimundo no encontro promovido pelo Grupo confederal Esquerda Unitária Europeia/ Esquerda Verde Nórdica – A Esquerda no Parlamento Europeu)