Por um mundo mais equitativo, inclusivo e justo
A luta organizada do povo sarauí pela libertação nacional da sua terra, o Sara Ocidental, iniciada há meio século com a fundação da Frente Polisário, recebeu recentemente um forte apoio político-diplomático.
Os vice-ministros dos Negócios Estrangeiros do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) reuniram-se em finais de Abril na Cidade do Cabo e exigiram uma solução política que garanta o direito do povo sarauí à autodeterminação e à independência.
No final desse encontro de preparação da próxima cimeira dos BRICS, marcada para o próximo mês de Agosto, na África do Sul, os representantes brasileiros, russos, indianos, chineses e sul-africanos apoiaram «uma solução sustentável e mutuamente aceitável que respeite as resoluções das Nações Unidas mas que também permita à Missão da ONU para o Referendo no Sara Ocidental (Minurso) implementar o seu principal mandato».
No Cabo, além da questão do Sara Ocidental, os BRICS abordaram na sua reunião temas actuais da agenda do Norte de África e do Médio Oriente, centrando-se na situação do Sudão, Síria, Líbano, Iémen, Iraque, Líbia e Palestina, bem como do Golfo Pérsico. Destacaram que os problemas que enfrentam os países dessas regiões devem ser resolvidos de acordo com o direito internacional e as disposições da Carta da ONU, na base dos princípios da não ingerência nos assuntos internos dos Estados.
Os assuntos discutidos evidenciam a importância dos BRICS no tabuleiro global, abarcando 42% da população mundial. Em termos de paridade do poder de compra, Produto Interno Bruto (PIB), já pesam mais que o Grupo dos Sete (G7), integrado por EUA, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido: os BRICS representam 31,5% e o G7 30%. E se se juntar os quatro novos membros do Novo Banco de Desenvolvimento (Uruguai, Emiratos Árabes Unidos, Egipto e Bangladesh), o PIB dos BRICS eleva-se para 34,5%. Prevê-se que, em 2030, no seu formato actual, o grupo represente 50% do PIB mundial.
Outro sinal do peso global dos BRICS são os diversos pedidos de adesão apresentados por países de todos os continentes. Em África, mostraram interesse a Argélia, o Egipto e a Tunísia.
O representante da África do Sul junto dos BRICS, Anil Sooklal, em entrevista à agência russa Sputnik, explicava há dias o crescente interesse pelo grupo. Para ele, o conflito na Ucrânia «evidenciou as falhas na arquitectura política mundial», no sentido de que «os países continuamente marginalizados, os países do Sul Global, não são tratados como iguais pelos países do Norte Global e vêem os BRICS como um fórum mais receptivo e mais alinhado com as suas aspirações de criar uma comunidade global mais equitativa, inclusiva e justa».