Piquenicão do MURPI reforça luta que é necessário prosseguir

Sob o lema «Cultura, alegria e luta», milhares de reformados, pensionistas e idosos participaram, domingo, na 27.ª edição do Piquenicão da Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos – MURPI, que se realizou em Benavente.

«Força de Abril. Agir na defesa dos reformados», lia-se numa enorme faixa estendida à porta do Parque de Actividades Escotistas dos Camarinhais, em Benavente. Atravessados os portões daquele espaço aprazível –com muitas sombras, tão procuradas nesta altura do ano – encontrámos sentimentos e sotaques de vários pontos do País, numa iniciativa que privilegia a confraternização entre reformados, pensionistas e idosos [acompanhados pelas suas famílias], organizados nas várias associações e centros de convívio do MURPI.

Os «cabeça de cartaz» foram mesmo os 55 grupos de cantares e de música que actuaram durante todo o dia, em três palcos distribuídos pelo parque, e que proporcionaram, a todos, «um dia especialmente agradável», salientou, Isabel Gomes, presidente do MURPI. «Não é por acaso que, nas 10 medidas de emergência que apresentámos ao Governo e aos partidos com assento na Assembleia da República (AR), inscrevemos a necessidade de ser valorizado o papel do movimento associativo dos reformados e a intervenção das associações de reformados, pensionistas e idosos, com a criação de linhas de financiamento para a realização da sua actividade, fomentando o convívio, o debate e a fruição saudável dos tempos livres», destacou.

Entretanto, «não há espaço para a fruição saudável dos tempos livres, e para um envelhecimento activo e com qualidade, quando o quotidiano é marcado pela instabilidade e incerteza perante o dinheiro que falta para comprar a alimentação e pagar as despesas básicas como habitação, gás ou electricidade».

«Não é aceitável que para alguns haja milhões, enquanto que para nós, muitas vezes, nem tostões», criticou Isabel Gomes, assinalando que o MURPI, as suas federações e associações, têm «desenvolvido uma forte acção de esclarecimento e mobilização dos reformados, pensionistas e idosos» em torno da «exigência da reposição do poder de compra em todas as pensões, da criação de um cabaz de bens e serviços essenciais com preços controlados» e pela «criação de um imposto extraordinário sobre os lucros», mas também «em defesa do Serviço Nacional de Saúde» (ver pág.13), reclamando «médico e enfermeiro para todos os reformados, pensionistas e idosos».

Lutas por direitos

Antes, o vice-presidente da Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos do Concelho (ARPIC) de Benavente informou que 10 mil benaventenses não têm médico de família, exigindo-se, entre outras medidas, a reabertura das extensões de saúde no concelho, a colocação de mais médicos e enfermeiros de família na UCSP, a criação de redes públicas de cuidados continuados e paliativos acessíveis. Também é necessária uma rede pública de lares.

Outras lutas passam pelo direito a uma habitação condigna, para que cada reformado possa viver debaixo de um tecto em que se sinta em casa, com conforto e segurança.

«Ninguém está tranquilo com o aumento brutal dos custos das rendas, quando se verifica que os salários e as reformas não chegam para fazer face às dificuldades», acentuouCarlos Coutinho, presidente da Câmara Municipal de Benavente.

Com os oradores estiveram, no palco, os dirigentes Joaquim Gonçalves, presidente da Federação de Setúbal, Augusto Barbosa, presidente da Federação do Porto, e Manuel Passos, vice-presidente da Confederação.

O Piquenicão contou com a presença de uma delegação do PCP, composta por Fernanda Mateus, da Comissão Política, Alma Rivera, do Comité Central e deputada na AR, e Diogo d'Avila, do Comité Central. Arlindo Costa esteve em representação da CGTP-IN.

 

O aumento intercalar de 3,5 por cento nas pensões é pouco!

Isabel Gomes, presidente do MURPI, sublinhou que a recente decisão do Governo de proceder a um aumento intercalar a partir de 1 de Julho deve-se às «muitas lutas que realizámos, em que trouxemos os reformados para a rua e lhes demos a confiança necessário para que não ficassem resignados».

Destacou, de seguida, o número de apoios recolhidos (mais de 12 mil) em torno da petição «Repor o poder de compra das pensões», já discutida na AR e dinamizada por um conjunto de peticionários, com o apoio do MURPI e a Inter-Reformados/CGTP-IN.

Porque «o aumento intercalar de 3,5 por cento nas pensões é pouco!», a dirigente insistiu «num aumento de 60 euros para todas as pensões». «O Governo não só não faz este aumento intercalar de forma retroactiva a Janeiro (deste ano), como ficámos a saber que ele não será pago integralmente no subsídio de férias e de Natal», lamentou apelando: «Não podemos ficar calados! A luta tem de continuar!».



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