- Nº 2584 (2023/06/7)

Para lá do ruído, importa defender a TAP como empresa pública

Assembleia da República

«Para o PCP, é importante falar da TAP», afirmou no dia 30 de Maio o deputado Bruno Dias, fazendo um balanço da Comissão Parlamentar de Inquérito e centrando o debate no que efectivamente conta: a defesa do carácter público da TAP e do sector aéreo nacional.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) já apurou «factos substanciais», começou por afirmar o eleito comunista na conferência de imprensa realizada na Assembleia da República. Talvez por isso, acrescentou, o foco do tratamento mediático se tenha «deslocado para questões laterais, muitas vezes empoladas, contribuindo em larga medida, não apenas para desvalorizar a TAP e atacar a existência de empresas públicas, mas também para corroer as instituições e o regime democrático». Ora, acrescentou, o PCP não só não se revê no «ambiente tóxico» que está criado como o tem procurado contrariar, assegurou Bruno Dias.

Se o PCP considera «importante falar da TAP», esclareceu, não é para a «vender depressa e a qualquer preço», mas precisamente para «defender e desenvolver aquela que é uma das principais empresas nacionais». E também sobre isto, garantiu o deputado comunista, é possível tirar importantes conclusões da CPI. Pelo menos quem conseguir «penetrar através da espuma dos casos mediatizados».

Após sublinhar a importância da TAP para a economia nacional e denunciar alguns dos mais gravosos aspectos do anterior processo de privatização (ver caixa), Bruno Dias considerou necessário que sejam tiradas conclusões de todo o processo, acrescentando não estar a falar de demissões, mas de mudança de práticas e de políticas».

 

Mudar práticas e políticas

O processo de privatização da TAP aberto pelo Governo, e que junta o PS à direita, é, para o deputado comunista, «um crime económico que precisa e pode ser evitado». O País, acrescentou, «não precisa de entregar mais uma empresa estratégica nas mãos do capital estrangeiro», mas sim de lhe dar condições para que «faça o que tem de fazer».

Ora, esclareceu, isto implica acabar com a importação «dos piores tiques da gestão privada, incluindo as remunerações milionárias dos seus administradores», e também com o «segredo e a confidencialidade na gestão pública, impondo uma total e verdadeira transparência».

O PCP defende ainda o fim dos ataques aos salários e direitos dos trabalhadores da TAP, que, para Bruno Dias, são os «verdadeiros salvadores da empresa», repondo o que foi cortado, valorizando carreiras e profissões e contratando os trabalhadores em falta. Insiste, ainda, na construção de um Novo Aeroporto de Lisboa, onde a TAP tenha o seu reduto e o seu Hub.


O que a CPI já revelou (para lá do ruído)