Reunião dos BRICS na África do Sul preparou cimeira do grupo em Agosto

Ministros dos Negócios Estrangeiros dos BRICS reuniram-se no início deste mês na Cidade do Cabo, na África do Sul, para preparar a cimeira de chefes de Estado e de Governo do grupo, a qual terá lugar em Joanesburgo, naquele país, de 22 a 24 de Agosto.

BRICS defendem desenvolvimento que responda às necessidades de todos

A reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) decorreu nos dias 1 e 2 de Junho na Cidade do Cabo, entre notícias de uma previsível ampliação futura e a constatação do seu fortalecimento. Os consensos alcançados abriram o caminho à 15.ª cimeira dos dirigentes dos BRICS, em Joanesburgo, em Agosto próximo.

Como assinalaram diversos participantes, é indiscutível o importante e crescente peso dos BRICS no plano internacional. Dispor de 40 por cento da população do planeta e de 31,5 por cento do Produto Interno Bruto mundial constitui uma vantagem para o conjunto de países que integram o grupo.

Sobre este tema, a ministra sul-africana das Relações Internacionais, Naledi Pandor, lembrou que a visão dos BRICS é a de um crescimento e um desenvolvimento sustentáveis que respondam às necessidades e exigências de todos e não de uns poucos privilegiados, bem como lutar por um mundo com menos pobreza e fome. «Ninguém deve ficar para trás», enfatizou, acrescentando que impulsiona a inclusão da África e do Sul global num quadro mundial mais justo e equitativo baseado no respeito mútuo de todos os países.

Participação dos países «Amigos dos BRICS»
Na sua declaração final, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos BRICS reiteraram o compromisso com o fortalecimento do multilateralismo e a defesa do direito internacional, incluindo como pedra angular os propósitos e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas.

Pronunciaram-se também por insuflar nova vida aos debates sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU e continuar o trabalho para revitalizar a sua Assembleia Geral.

Sublinharam, além disso, a importância de fomentar o uso das moedas locais no comércio internacional e as transações financeiras entre os países do grupo BRICS, assim como com os seus parceiros comerciais.

No texto da declaração, os ministros advogaram a implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável nas suas três dimensões – económica, social e ambiental –, de forma equilibrada e integrada, mobilizando os meios necessários para a sua implementação.

Entre outros muitos aspectos abordados, os dirigentes dos BRICS expressaram a sua preocupação pelo uso de medidas coercitivas unilaterais, incompatíveis com os princípios da Carta das Nações Unidas, que produzem efeitos negativos sobre todo o mundo em desenvolvimento.

Plasmaram a sua enérgica condenação do terrorismo em todas as suas formas e manifestações, cometido quando, onde e por quem quer que seja, e garantiram a sua determinação em combatê-lo.

De igual modo, reafirmaram o compromisso em fortalecer o quadro de cooperação dos BRICS nos seus três pilares fundamentais: político e de segurança; económico e financeiro; e cultural e de cooperação povo a povo, com respeito mútuo, compreensão, igualdade, solidariedade, abertura, inclusão e consenso.

Após a reunião preparatória na Cidade do Cabo – durante a qual os ministros dos BRICS realizaram uma jornada de trabalho com os seus pares de dezena e meia de países Amigos dos BRICS –, ficou aberto o caminho para a cimeira de Agosto, em Joanesburgo. Foi anunciado que, para essa reunião, serão convidados chefes de Estado e de Governo dos referidos países Amigos dos BRICS.

A questão da possível admissão de novos Estados membros para o grupo dos BRICS deverá continuar a ser debatida, sabendo-se que se registaram 19 pedidos de adesão.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Hosein Amirabdolahian, um dos convidados presentes na reunião preparatória na Cidade do Cabo, confirmou a vontade de Teerão vir a integrar o grupo. «Entidades como a Organização de Cooperação de Xangai e os BRICS podem jogar um papel muito importante na nova ordem mundial que se está a formar», considerou.

 



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