Foram três dias de intenso contacto com trabalhadores, produtores e populações, iniciados no dia nacional de luta convocado pela CGTP-IN. Não faltou, por isso, a respectiva demonstração de solidariedade para com aqueles que aspiram e reivindicam uma vida melhor, com os deputados do PCP no PE a marcarem presença no plenário sindical convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal e na Escola Secundária Viriato, numa concentração convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Centro.

Ao longo das jornadas, estiveram em destaque as dificuldades económicas e sociais dos trabalhadores e das populações, a exiguidade do salário mínimo e estagnação dos rendimentos, que afecta a maioria, tendo, nesse contexto, os eleitos comunistas em Estrasburgo, ouvido inúmeras manifestações de injustiça e de agravamento de dificuldades – à porta das empresas do sector automóvel (PSA-Stellantis, Brose), onde os lucros contrastam com os baixos salários, ou do sector têxtil (CBI, Euroralex, Goucam), onde o subsidio de alimentação «não dá para uma bifana» e os ritmos de trabalho são cada vez mais elevados.

Situações de assédio laboral foram reportadas na Sasal Faurécia, onde os trabalhadores estão a ser forçados a trabalhar mais horas diárias, ou nos transportes (Berrelhas) onde trabalham 12 horas mas só recebem por sete.

Se esta é a realidade de quem trabalha no sector privado, não é muito diferente no sector público, no qual emerge a necessidade de valorização das carreiras. Caso do Hospital São Teotónio, em Viseu, na Escola Secundária Viriato, onde faltam funcionários e grassa a precariedade, ou nos serviços das câmaras municipais de Viseu e São Pedro do Sul, onde quem trabalha há 20 anos continua a receber o salário mínimo ou sem receber o suplemento de insalubridade e penosidade.

Potencialidades

A acentuação das condições de vida e a perda do poder de compra por parte das camadas populares, acrescendo ao esmagamento dos pequenos e médios empresários por parte da grande distribuição, foram particularmente relatadas a João Pimenta Lopes e Sandra Pereira, pelos comerciantes nos concelhos de Carregal do Sal, Lamego, Mangualde, Moimenta da Beira e São Pedro do Sul, bem como na Feira de Lamego. Contudo, durante as jornadas, os deputados do PCP no PE também identificaram potencialidades, nomeadamente ao nível do aumento da produção nacional, embora os obstáculos sejam vultuosos.

Exemplos disso mesmo ficaram claros nos contactos com agricultores que têm todas as condições para incrementar a actividade mas encontram-se comprimidos pelos preços dos factores de produção, os baixos preços pagos aos produtores e a carência de apoios públicos. Sem ficar de braços cruzados, na Queimada, em Armamar, formaram uma Associação de Regantes para melhor defenderem a produção de maçã. Em São João da Serra, alertam para o esforço concertado no combate e prevenção da vespa asiática, ou no papel das cooperativas e na necessidade da defesa da agricultura para o desenvolvimento do Pais e das regiões.

Organização e luta que, no distrito de Viseu, também aumenta em defesa do transporte público, como na Lapa do Lobo, ou do direito a envelhecer com direitos, como em Avões, onde a reivindicação é a construção de um centro de dia.

João Pimenta Lopes e Sandra Pereira asseguraram, a todos, que o PCP e a sua intervenção vai continuar a dar-lhes voz e a colocar-se ao seu lado, todos os dias.