O que se esconde e o que se inventa

É certo que têm sido muitos os ac­tores ins­ti­tu­ci­o­nais que têm ali­men­tado apa­rentes di­ver­gên­cias de fundo entre o Go­verno e os par­tidos à di­reita do PS, assim como o am­bi­ente geral de de­gra­dação do fun­ci­o­na­mento das ins­ti­tui­ções e dos ór­gãos de so­be­rania e das re­la­ções entre si.

A ou­tros exem­plos mais dis­tantes, uns sin­to­má­ticos de pro­blemas sé­rios en­quanto ou­tros se apro­ximam mais de en­ce­na­ções para fins me­diá­ticos, ti­vemos nos úl­timos dias novas ex­pres­sões desta ten­dência a pro­pó­sito da co­missão de inqué­rito à TAP. Mas em tudo isto há uma res­pon­sa­bi­li­dade de­ter­mi­nante que cabe aos ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial e a quem os di­rige. Qual o in­te­resse pú­blico por trás da de­plo­rável emissão de ima­gens do des­maio do Pre­si­dente da Re­pú­blica em con­tínuo pela SIC, dos di­rectos in­ter­mi­ná­veis à porta do hos­pital até à saída de Mar­celo (com a ine­nar­rável questão da TVI, re­la­ci­o­nando uma quebra de tensão com a lei­tura do re­la­tório da co­missão de inqué­rito) ou das en­tre­vistas a mé­dicos que nada acres­cen­tavam – re­giste-se a res­posta de Edu­ardo Bar­roso à RTP: «Minha se­nhora, eu sou ci­rur­gião, a mim não me vai per­guntar nada sobre a parte clí­nica, nem per­cebo muito bem».

A se­mana co­meçou com nova po­lé­mica a partir de de­cla­ra­ções do mi­nistro da Cul­tura com crí­ticas à forma como de­cor­reram os tra­ba­lhos da co­missão de inqué­rito, com ex­pres­sões como «re­a­lity show» para os ca­rac­te­rizar. Adão e Silva não pa­rece ter tido em conta a con­tenção que se es­pera de um membro do Go­verno quando co­menta o fun­ci­o­na­mento de ou­tros ór­gãos de so­be­rania, mas já sobre um dos sec­tores que tu­tela – a co­mu­ni­cação so­cial – e o seu papel em pro­jectar os casos (de gra­vi­dade di­versa) e apagar o que foi fi­cando claro do de­sastre que cons­ti­tuiu a gestão pri­vada da TAP e o que isso au­gura para a nova pri­va­ti­zação em curso (como o PCP foi su­bli­nhando ao longo dos tra­ba­lhos da co­missão), nada disse.

A cons­trução de re­a­li­dades me­diá­ticas, que pouco ou nada têm a ver com a vida de cada um, pros­segue. Desta forma, passou ao lado dos no­ti­ciá­rios te­le­vi­sivos mais uma con­ver­gência entre PS, PSD, Chega e IL, todos juntos no chumbo das pro­postas do PCP para uma maior jus­tiça fiscal, dis­cu­tidas na pas­sada sexta-feira (a que se po­deria juntar a pro­posta para alargar o prazo para a re­po­sição das fre­gue­sias ex­tintas por Relvas e Passos, que teve vo­tação idên­tica).

A re­a­li­dade é esta: PS, PSD, CDS, Chega e IL estão in­va­ri­a­vel­mente ali­nhados quando se trata de re­jeitar as pro­postas que res­pondem aos pro­blemas da vida dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções. Mas a re­a­li­dade me­diá­tica, com o brutal im­pacto e al­cance que per­mite, dá uma versão al­ter­na­tiva. Veja-se a re­cente es­pe­cu­lação, que partiu do Ex­presso, em torno do sen­tido de voto do PCP face ao re­la­tório da co­missão de inqué­rito da TAP, in­si­nu­ando um pos­sível ali­nha­mento com o PS.

Como se vê, há muitos in­te­resses em ba­ra­lhar factos para des­viar aten­ções dos pro­blemas do País, e a co­mu­ni­cação so­cial tem sido um fiel exe­cutor dessas von­tades.

 



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