Manifestações populares no Peru contra «ultradireita mafiosa» no poder

Pros­se­guem no Peru pro­testos po­pu­lares a exigir a de­missão da pre­si­dente Dina Bo­lu­arte e a dis­so­lução do Con­gresso. No sá­bado, 22, a po­lícia re­primiu com bru­ta­li­dade um pro­testo que de­corria pa­ci­fi­ca­mente, em Lima, re­gis­tando-se um nú­mero in­de­ter­mi­nado de de­ten­ções e fe­ridos entre os ma­ni­fes­tantes. Há novas ma­ni­fes­ta­ções mar­cadas para hoje, amanhã e de­pois (27, 28 e 29).

De­pois das ma­ni­fes­ta­ções e des­files da se­mana finda, em Lima e por todo o país – em es­pe­cial a jor­nada de luta de 19 de Julho – a Co­or­de­na­dora Na­ci­onal Uni­tária da Luta (CNUL), cons­ti­tuída por or­ga­ni­za­ções so­ciais, sin­di­cais e es­tu­dantis, pro­moveu uma as­sem­bleia de di­ri­gentes das cen­trais sin­di­cais e agrá­rias, das fe­de­ra­ções de es­tu­dantes uni­ver­si­tá­rios e dos mo­vi­mentos re­gi­o­nais, tendo em vista co­or­denar as pró­ximas ac­ções de pro­testo.

O porta-voz da CNUL, Germán Al­ta­mi­rano, lem­brou que as mo­bi­li­za­ções são pa­cí­ficas e as­si­nalou que o di­reito ao pro­testo está pro­te­gido pela Cons­ti­tuição, pelo que pediu aos or­ga­nismos de se­gu­rança o res­peito pela lei. No ba­lanço feito, a co­or­de­na­dora saúda os pe­ru­anos pelas mo­bi­li­za­ções na­ci­o­nais, pelo seu amor à pá­tria e pela iden­ti­fi­cação com as rei­vin­di­ca­ções po­pu­lares. Re­alça que o pro­testo mas­sivo ex­pressou por di­versas formas a exi­gência da de­missão da pre­si­dente, o fecho do im­po­pular par­la­mento e a re­a­li­zação de uma as­sem­bleia que ela­bore uma nova Cons­ti­tuição. Acentua que o povo pe­ruano de­mons­trou o seu ca­rácter de­mo­crá­tico e não vi­o­lento e a le­ga­li­dade das ma­ni­fes­ta­ções na pro­cura de uma nova de­mo­cracia, pela so­be­rania na­ci­onal e pela li­ber­dade e res­peito à vida e aos di­reitos hu­manos. Acres­centa que foi der­ro­tada a cam­panha de ódio, ra­cista, vi­o­lenta e de ter­ru­queo [acu­sação falsa de ter­ro­rismo] pro­mo­vida pela «co­li­gação da ul­tra­di­reita ma­fiosa que con­forma o go­verno, o con­gresso e po­deres fác­ticos que con­trolam o Es­tado».

A pla­ta­forma de luta do mo­vi­mento opo­si­ci­o­nista exige também a li­ber­tação de todos os presos po­lí­ticos de­tidos desde 7 de De­zembro de 2022, quando foi preso e des­ti­tuído o pre­si­dente Pedro Cas­tillo e subs­ti­tuído por Bo­lu­arte. E pede san­ções para os res­pon­sá­veis pela morte de cerca de 70 pe­ru­anos assim como jus­tiça e re­pa­ração para as fa­mí­lias das ví­timas da re­pressão po­li­cial.

Co­mu­nistas pe­ru­anos pre­sentes na luta
Nas ma­ni­fes­ta­ções de pro­testo no Peru par­ti­cipam os co­mu­nistas pe­ru­anos.

Pre­sente na mo­bi­li­zação de 19 de Julho, em Lima, o Par­tido Co­mu­nista Pe­ruano lançou as pa­la­vras de ordem «A luta con­tinua: contra a di­ta­dura civil-mi­litar; pela re­núncia de Dina Bo­lu­arte; pela de­mo­cracia e por uma as­sem­bleia cons­ti­tuinte; contra a su­bida do custo de vida».

Também o Par­tido Co­mu­nista do Peru/​Pa­tria Roja está na luta «Por de­mo­cracia, tra­balho digno, re­ge­ne­ração moral, saúde e edu­cação de qua­li­dade e se­gu­rança». Acusa «o re­gime di­ta­to­rial e cor­rupto» pre­si­dido por Bo­lu­arte «com apoio da ul­tra­di­reita» – o Exe­cu­tivo e a mai­oria cor­rupta do Con­gresso são «as duas caras da mesma moeda» – de apro­fundar a ofen­siva contra os sec­tores po­pu­lares e os in­te­resses da pá­tria, vi­olar di­reitos civis e la­bo­rais, em­po­brecer e aban­donar a po­pu­lação, apo­derar-se das ins­ti­tui­ções do Es­tado e re­primir qual­quer ma­ni­fes­tação de des­con­ten­ta­mento, si­tu­ação que pro­cura jus­ti­ficar com «um dis­curso an­ti­co­mu­nista, ca­ver­ní­cola e ra­cista». E apela «à mais ampla e pro­funda uni­dade de todos os sec­tores que as­piram a ver­da­deiras mu­danças», con­si­de­rando que, nesta fase, «uma nova Cons­ti­tuição para uma Nova Re­pú­blica é a ba­talha de fundo que há que travar contra a di­reita apá­trida».

 



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