Greve de cinco dias na easyJet comprovou união e resiliência

A greve dos tri­pu­lantes de ca­bine da easyJet, de sexta-feira, dia 21, a an­te­ontem, dia 25, teve uma adesão su­pe­rior a 90 por cento, com­pro­vando «união e re­si­li­ência» dos tra­ba­lha­dores, frisou o sin­di­cato.

Exige-se que a easyJet apre­sente para ne­go­ci­ação uma pro­posta séria

LUSA

Ao fazer um ba­lanço desta que foi a ter­ceira greve, em poucos meses, o pre­si­dente do Sin­di­cato Na­ci­onal do Pes­soal de Voo da Avi­ação Civil (SNPVAC) sa­li­entou à agência Lusa que os tri­pu­lantes «de­mons­traram, mais uma vez, que estão unidos e irão até ao fim na luta e na con­quista das suas rei­vin­di­ca­ções, que são mais do que le­gí­timas».

Ri­cardo Pe­nar­róias re­cordou que os tra­ba­lha­dores querem «tentar ate­nuar o fosso sa­la­rial e de con­di­ções de tra­balho, em re­lação a ou­tros tri­pu­lantes de ou­tras bases e de ou­tros países».

Logo no pri­meiro dia de greve, no Porto, o di­ri­gente tinha con­si­de­rado não ser justo que «um tri­pu­lante em Por­tugal ganhe menos 67 por cento do que um tri­pu­lante em França ou na Ale­manha». Re­cusou que tão grande di­fe­rença possa ser jus­ti­fi­cada pelo nível de vida em cada país e des­tacou o peso da ac­ti­vi­dade em Por­tugal para os lu­cros da mul­ti­na­ci­onal. No dia 20, a easyJet apre­sen­tara, para o ter­ceiro tri­mestre fiscal, um lucro re­corde (antes de im­postos) de cerca de 234 mi­lhões de euros.

«Não somos menos do que os ou­tros!», na faixa prin­cipal, «easyJet é ex­pansão, os sa­lá­rios é que não», em car­tazes, e «um in­glês, um francês e um por­tu­guês tra­ba­lham na easyJet. Pa­rece ane­dota, mas o por­tu­guês ganha muito menos», em t-shirts, foram frases de pro­testo exi­bidas por tra­ba­lha­dores nas con­cen­tra­ções que ti­veram lugar no dia 21, no Porto, e no dia 25, em Lisboa.

Os baixos nú­meros de adesão in­di­cados pela com­pa­nhia aérea foram con­si­de­rados «um dis­pa­rate», re­cor­dando o di­ri­gente sin­dical que «foi a pró­pria em­presa que can­celou muito perto de 70 por cento dos voos». Por outro lado, acusou a easyJet de tentar «con­tornar a lei, re­cor­rendo a ou­tros tri­pu­lantes, de ou­tras bases, para col­matar os gre­vistas em Lisboa e no Porto».

«Apesar de tudo o que se passou antes e du­rante a greve», «esta adesão é muito sig­ni­fi­ca­tiva», pelo que a em­presa deve agora apre­sentar «uma pro­posta séria, que nós pos­samos dizer é tra­ba­lhável», afirmou Ri­cardo Pe­nar­róias.

 

PCP ac­tivo na so­li­da­ri­e­dade

Uma de­le­gação do PCP com­pa­receu junto dos tra­ba­lha­dores da easyJet, con­cen­trados no dia 21, no Ae­ro­porto Sá Car­neiro, no Porto, re­a­fir­mando a so­li­da­ri­e­dade do Par­tido para com esta luta.

O Grupo Par­la­mentar co­mu­nista, numa per­gunta es­crita, ques­ti­onou o Go­verno (Mi­nis­tério do Tra­balho), sobre o ataque pa­tronal aos tra­ba­lha­dores da easyJet e à Lei, no­me­a­da­mente a subs­ti­tuição de tri­pu­lantes em greve. «Vai o Go­verno manter a sua pos­tura de co­ni­vência e cum­pli­ci­dade com estas mul­ti­na­ci­o­nais e suas prá­ticas, ou vai fi­nal­mente in­tervir para que se co­loque um ponto final a esta ina­cei­tável im­pu­ni­dade?» – in­ter­ro­garam os de­pu­tados do PCP.

Por oca­sião da úl­tima greve na easyJet (dias 26, 28 e 30 de Maio e 1 e 3 de Junho), Ma­nuel Loff in­ter­veio na AR, de­pois de ter es­tado numa con­cen­tração de tra­ba­lha­dores. João Pi­menta Lopes levou ao Par­la­mento Eu­ropeu os mo­tivos da luta, acu­sando a Co­missão Eu­ro­peia de cau­ci­onar «as pés­simas prá­ticas la­bo­rais da easyJet» e fa­vo­recer o ne­gócio da mul­ti­na­ci­onal, quando impôs que lhe fossem atri­buídos 18 «slots» diá­rios no ae­ro­porto de Lisboa, re­ti­rados à TAP.



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