APOSTAR NO DESENVOLVIMENTO DO PAÍS

Intensificar a luta

Como havia anunciado em Junho, o Banco Central Europeu (BCE) aumentou novamente a taxa de juro de referência em 25 pontos base, colocando-a em 4,25%.

Como o PCP tem sublinhado, esta decisão insere-se na estratégia de compressão do rendimento disponível dos trabalhadores e das famílias, o que em Portugal, para além das diversas implicações no plano económico, representa uma pressão adicional sobre as cerca de 1,2 milhões de famílias com crédito à habitação a taxa variável.

E constitui também mais uma demonstração de que a UE, o euro e suas instituições, de que é exemplo expressivo o BCE, não servem os interesses dos trabalhadores e do povo português.

Ora, este aumento acontece no mesmo momento em que foi objecto de grande projecção mediática aquilo que o PCP tem vindo sucessivamente a denunciar: os lucros fabulosos dos grupos económicos em contraste com as crescentes dificuldades da maioria do povo português. De facto, os juros renderam quase 2 mil milhões de euros aos cinco maiores bancos portugueses, no primeiro semestre de 2023 (mais cerca de mil e oitocentos milhões do que em igual período de 2022).

Esta semana foi também divulgada pelo INE a estimativa rápida, registando uma evolução do Produto Interno Bruto – um crescimento de 2,3% no segundo trimestre em termos homólogos e uma variação nula em cadeia –, a qual, contraditoriamente com a linha de propaganda do Governo, traduz um crescimento da economia em desaceleração, muito aquém das necessidades e das possibilidades do País, refletindo dificuldades e debilidades estruturais não resolvidas.

Relativamente à inflação, em termos homólogos, de 3,1% em Julho, apesar de um abrandamento de 0,3 pontos percentuais face à registada no mês anterior, acrescenta-se aos aumentos de preços anteriores e agrava as dificuldades que vêm sendo sentidas por amplas camadas da população.

Ora, o Governo PS, em vez de tomar as medidas que se impunham para resolver os problemas que afectam os trabalhadores, o povo e o País tem sistematicamente recusado, numa acção convergente com o poder económico, por um lado, o aumento de salários e pensões e, por outro lado, o controlo e a redução dos preços de bens e serviços essenciais, dois elementos centrais da política alternativa de que o país precisa e que o PCP defende e propõe ao povo português. Elementos centrais igualmente da luta que os trabalhadores têm travado em numerosas empresas, locais de trabalho e sectores, que importa valorizar e que em muitos casos tem permitido obter importantes resultados concretos, nomeadamente o aumento de salários.

É de valorizar igualmente a luta das populações que se desenvolve em defesa dos serviços públicos – com destaque para o SNS, sujeito a uma deliberada acção de desgaste por parte do Governo de maioria absoluta do PS, com o apoio do PSD, CDS, Chega e IL e em articulação com os grupos económicos que orbitam em torno do negócio da doença – bem como pelo direito à habitação.

 

Também o combate aos impactos da inflação deve passar pelo aumento dos salários e das pensões; o controlo dos preços dos bens e serviços essenciais; pelo combate à especulação; pela tributação dos lucros dos grandes grupos económicos em prol da promoção do desenvolvimento e do progresso social; pela dinamização da produção nacional; pela promoção da paz e do desenvolvimento soberano dos Estados, numa óptica de diálogo e cooperação, por oposição à política de confrontação, de sanções e de guerra.

No domínio da saúde, face à continuada degradação a que o SNS tem vindo a estar sujeito por deliberada acção do Governo de maioria absoluta do PS (com o apoio dos partidos que com ele convergem na opção pela política de direita: PSD, CDS, Chega e IL), é necessário valorizar os profissionais de saúde, garantir o direito à saúde, salvar o SNS.

De igual modo, O PCP desde sempre defendeu a necessidade de contabilização de todo o tempo trabalhado nas carreiras, cargos ou categorias integradas em corpos especiais – como é o caso dos professores, das forças e serviços de segurança, da justiça, da saúde, entre outros.

É por isso justa a luta dos professores para que seja reconhecido o tempo de serviço com a reposição dos 6 anos, 6 meses e 23 dias.

 

Prossegue a iniciativa e a acção de reforço do PCP. E a um mês da sua realização, intensifica-se a preparação da Festa do Avante!, assegurando um amplo envolvimento de camaradas e amigos da Festa na sua divulgação por todo o País e venda da EP, mas também no processo de construção, que avança no terreno.

Festa do Avante! que, mais uma vez, vai ser a maior iniciativa político-cultural no País, sublime expressão da alegria de viver e de lutar de todos os que intervêm na defesa dos direitos e se empenham na construção da alternativa necessária ao desenvolvimento soberano do País.