Aumento do custo de vida reclama medidas efectivas
«A realidade vivida hoje por milhares de trabalhadores, reformados e pensionistas, a continuada perda de poder de compra, resultante do aumento do custo de vida, exige medidas que de facto contrariem esta tendência», reclama o PCP.
A propaganda confronta-se com a dura realidade
A exigência foi reiterada sexta-feira, em conferência de imprensa, por Ricardo Costa, da Comissão Política do Comité Central, que contestou a política de «fazer cair sobre os que menos têm a factura resultante da especulação, que está na origem da acumulação de lucros que se verifica».
À «já difícil situação por que estão a passar as famílias portuguesas, com o aumento do custo de vida seja por via do aumento dos bens essenciais com a alimentação, seja dos custos com a habitação, regista-se, nestes últimos dias, uma subida acentuada do preço dos combustíveis, acompanhada do anúncio de novos aumentos para as próximas semanas», denunciou, ainda, o dirigente comunista».
Acresce «a continuada especulação em torno dos preços», que se reflecte «no aumento muito significativo dos lucros das principais empresas». Exemplos disso mesmo são a« GALP - 508 milhões no 1.º semestre de 2023, mais 21% que em 2022», com «os impactos desta situação» a recaírem «na vida dos trabalhadores, dos reformados e das micro, pequenas e médias empresas».
Neste contexto, o Partido volta a reivindicar, no que ao sector energético diz respeito, «uma resposta» que inclua medidas como «a fixação dos preços, margens máximas de lucros, o fim do chamado “adicional ao ISP”» e da «dupla tributação do ISP em sede de IVA».
Lucros à custa da maioria
O PCP denuncia, também, que «o aumento dos custos da alimentação que se fazem sentir» contrariam a propaganda dos grupos de distribuição sobre redução dos preços e têm-lhes «permitido uma colossal acumulação de lucros», facto que «coloca como exigência o controlo, fixação e redução dos preços dos bens essenciais, em particular dos alimentos, como o PCP tem proposto e que PS, PSD, Chega e IL têm rejeitado».
Do mesmo modo, «o aumento e o impacto causado no orçamento de milhar de famílias com o crescente custo com a habitação – seja o aumento das rendas ou da prestação de créditos para aquisição de habitação, com a subida sistemática dos juros – exige que seja a banca a suportar, com os seus lucros, essa subida». Por isso, Ricardo Costa voltou a defender a justeza e actualidade daquela medida, tanto mais «justificada quanto, contrastando com as dificuldades de dezenas de milhar de famílias a braços com a dificuldade em suportar esses encargos», a banca «vê os seus lucros disparar, como o testemunham os cerca de 11 milhões de euros por dia que obteve no primeiro semestre do ano».
Propaganda não chega
O dirigente comunista considerou, por outro lado, que «a propaganda sobre alegados sucessos macro-económicos confronta-se com a dura realidade de todos os dias da maioria da população», pelo que «o festejado abrandamento da inflação não só não encontra correspondência com a descida dos preços como prenuncia uma estimativa da inflação que pesará na continuada perda de poder de compra». E voltou a reclamar o «aumento geral dos salários, reformas e pensões» a um nível que permita «a todos quanto trabalham ou trabalharam, uma vida digna, sem o sufoco permanente de estar a fazer face às dificuldades crescentes dia após dia».
«Não há nada que possa ocultar o que está a acontecer», pelo que «cabe ao Governo criar as condições efectivas para alterar a realidade vivida pela população», responsabilizou Ricardo Costa, antes de garantir que «o PCP continuará a intervir e a propor soluções que vão ao encontro das necessidades e exigências que o actual momento impõe».