Faltam duas semanas para a Festa do Avante! abrir as suas portas e o apagāo mediático em torno desta mantém-se em 2023 como nos últimos anos, com excepção para a campanha de mentiras em torno da edição de 2020 - os anos passam mas a memória de que uma estação de televisão até uma primeira página falsa de um jornal norte-americano emitiu para atacar a Festa persiste. Neste ano o padrão estabeleceu-se no habitual silenciamento de tanto de único que a Festa tem no contexto nacional. Uma Festa cuja construção e funcionamento assenta no trabalho militante de comunistas mas não só. A pergunta óbvia, sobre o que leva tanta gente tão diferente a dar o seu contributo para a realização da Festa, só por si, justificaria longos e sérios trabalhos jornalísticos. Mas ainda não foi este ano que surgiram. A beleza das diferentes fases de construção, do terreno limpo ao tubo, das madeiras colocada às coberturas, dariam um bom mote para o trabalho de fotojornalistas. A forma como cada organização participa na Festa, da discussão sobre ementas, o preenchimento de turnos e a capacidade de execução já na Atalaia permitiria interessantes peças, a mostrar o carácter distintivo e único desta realização única no Portugal de Abril. As possibilidades de reportagem que a Festa permite são imensas e estas são apenas três ideias que, mais um ano, não passaram pela cabeça de quem decide os alinhamentos noticiosos. Resta deixar um desafio a todos os que assumem responsabilidades editoriais: se conseguirem deixar o preconceito à porta da Festa, que a visitem e vejam as riquezas que lá se encontram. Pode ser que não retomem o preconceito, ou que pelo menos não o assumam da mesma forma que antes de lá entrarem, à semelhança de tanta gente sem partido ou de outros partidos que reconhecem que não há Festa como esta.
Por fim, sobre a dita silly season, este ano marcada pela Jornada Mundial da Juventude: é hábito dizer-se que o mês de Agosto é um deserto de notícias no que à política diz respeito. Mas nas últimas semanas tivemos duas declarações do PCP sobre temas de actualidade indiscutível: sobre os incêndios, enquanto o fogo afectava largas extensões de floresta no País, e sobre o custo de vida que (desmentindo muitos prognósticos) continua a pesar mais e mais no bolso de quem trabalha ou trabalhou uma vida inteira, num momento em que se anunciaram novos aumentos de preços, nomeadamente nos combustíveis. Em ambos os casos, apenas um órgão de comunicação social deu notícia das declarações, uma rádio num caso, uma televisão noutro. Entende-se que a JMJ tenha sido objecto de grande atenção mediática (ainda que a intensidade desta tenha pendido para o exagero), mas seria de esperar que tenha sobrado alguma para a vida que prossegue no País. Esperemos que o fim do mês de Agosto e a Festa do Avante! possam marcar uma viragem neste silenciamento, mas as expectativas não podem ser muito altas.