Abandonados, nunca rendidos

O dis­trito de Por­ta­legre é, à se­me­lhança doutro no in­te­rior do País, re­flexo brutal das con­sequên­cias da po­lí­tica de di­reita, feita, entre ou­tros as­pectos, de de­sin­ves­ti­mento pú­blico em ser­viços e infra-es­tru­turas, li­qui­dação do apa­relho pro­du­tivo e des­prezo pelo mundo rural, des­ca­rac­te­ri­zação do Poder Local De­mo­crá­tico, ne­gação de um pre­sente e um fu­turo com di­reitos la­bo­rais e so­ciais às novas ge­ra­ções, mesmo quando estas pre­tendem per­ma­necer na terra onde nas­ceram.

Isto cons­tatou o re­pórter na vi­agem para Alter do Chão, en­trando por Norte, e no re­gresso, se­guindo para Sul, já que a pai­sagem re­flecte um ter­ri­tório aban­do­nado, pe­jado de car­caças de má­quinas agrí­colas em campos aban­do­nados, ruas de al­deias e vilas de­sertas, de gente, de ac­ti­vi­dade eco­nó­mica, de ser­viços pú­blicos e ou­tros es­sen­ciais, po­li­gonos in­dus­triais quase fan­tas­ma­gó­ricos e es­tradas que são mantas de re­talho. O ce­nário só alivia com a apro­xi­mação ao dis­trito de Évora, e, ainda assim, a imagem é pon­tuada por pla­ní­cies onde pon­ti­fica o agro-ne­gócio e as suas cul­turas su­pe­rin­ten­sivas – que não as­se­guram tra­balho (e o que as­se­guram é em moldes de sobre-pre­ca­ri­e­dade) nem pers­pec­tiva, an­te­vendo-se que, com o es­go­ta­mento dos solos em con­sequência da sua ex­plo­ração ace­le­rada, a de­ser­ti­fi­cação se agrave também na­quelas pa­ra­gens.

De resto, João Mar­tins, res­pon­sável pela Or­ga­ni­zação Con­ce­lhia de Alter do Chão e membro do exe­cu­tivo da Di­recção Re­gi­onal de Por­ta­legre do PCP, in­ter­vindo no al­moço-co­mício antes de Paulo Rai­mundo, ad­vertiu para o des­po­vo­a­mento. Só nos úl­timos dez anos, o dis­trito perdeu mais de 13500 ha­bi­tantes. «Hoje, o dis­trito de Por­ta­legre tem apenas 44.053 pes­soas em idade ac­tiva».

«Não há de­sen­vol­vi­mento sem que se con­cre­tizem, de uma vez por todas, os in­ves­ti­mentos pú­blicos há muito ne­ces­sá­rios», os quais «o PCP não se cansa de de­fender», notou João Mar­tins, que, entre ou­tros as­pectos de­pois também re­fe­ridos por Paulo Rai­mundo, lem­brou a ne­ces­si­dade de «criar con­di­ções de pro­tecção dos pe­quenos e mé­dios agri­cul­tores e da pro­dução na­ci­onal», uma «nova re­forma agrária, re­de­fi­nindo a es­tru­tura de uso e posse da terra, cri­ando uma re­serva es­tra­té­gica de gestão pú­blica que per­mita o acesso à terra em con­di­ções atrac­tivas, in­cen­ti­vando os ope­rá­rios agrí­colas, os jo­vens li­cen­ci­ados e téc­nicos do sector» a fi­xarem-se no dis­trito.

Já Paulo Rai­mundo, como antes João Mar­tins, lem­brou que o PCP não se cansa nem se rende na de­fesa de in­ves­ti­mentos pú­blicos es­tra­té­gicos em Por­ta­legre tais como:

  • A elec­tri­fi­cação total da Linha do Leste, a mo­der­ni­zação do ma­te­rial cir­cu­lante, o au­mento do nú­mero de com­boios diá­rios e um tra­çado que apro­xime a es­tação à ci­dade de Por­ta­legre;

  • A li­gação com perfil de auto-es­trada entre a A6 e a A23, a li­gação, com perfil IC, entre a A6 e a A23, a fi­na­li­zação do tra­çado do IC13 em toda a sua ex­tensão e a li­gação à fron­teira com Es­panha, em Ga­legos;

  • A con­cre­ti­zação da Es­cola de For­mação da GNR, do Pe­rí­metro de rega da Bar­ragem de Abri­longo e o re­forço da co­ber­tura e das redes de co­mu­ni­cação di­gi­tais e energia;

  • O apro­vei­ta­mento in­te­gral dos pe­rí­me­tros de rega Abri­longo, Apar­ta­dura, Caia, Ma­ra­nhão e Mon­targil e a de­fi­ni­tiva con­cre­ti­zação da Bar­ragem de Fins Múl­ti­plos do Crato-Pisão;

  • Asse­gurar a gestão e ex­plo­ração pú­blica da água, impor li­mites à plan­tação de cul­turas in­ten­sivas e su­pe­rin­ten­sivas, re­verter o pro­cesso de pri­va­ti­zação em curso no Norte Alen­te­jano, que de­grada ser­viços e au­menta a fac­tura da água.

  • Fixar mais mé­dicos, mais en­fer­meiros, mais téc­nicos, mais pes­soal au­xi­liar, me­lhorar e alargar o Hos­pital José Maria Grande, em Por­ta­legre, bem como cons­truir o Hos­pital Cen­tral do Alen­tejo.



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