Falta de creches agrava dificuldades das famílias

Nem cre­ches gra­tuitas para todos nem cre­ches com vagas em nú­mero su­fi­ci­ente que sa­tis­façam a pro­cura. É este o quadro de­ses­pe­rante com que as fa­mí­lias se de­pa­raram, alerta o PCP, que acusa o Go­verno de ser o único res­pon­sável por esta si­tu­ação.

É pre­ciso cons­truir uma rede pú­blica de cre­ches

«Co­meçou outro Se­tembro e con­ti­nu­amos sem cre­ches gra­tuitas para todos. Aliás, pura e sim­ples­mente sem cre­ches su­fi­ci­entes», la­mentou o de­pu­tado Ma­nuel Loff, em de­cla­ração po­lí­tica, em nome da ban­cada co­mu­nista, dia 6, na reu­nião da Co­missão Per­ma­nente da As­sem­bleia da Re­pú­blica.

Uma si­tu­ação para a qual o PCP não se tem can­sado de chamar a atenção, as­si­nalou o de­pu­tado eleito pela CDU pelo cír­culo do Porto, lem­brando que ele pró­prio o fez «vezes sem conta», nos úl­timos seis meses, ao in­ter­pelar a mi­nistra do Tra­balho sobre o que es­tava a ser feito pelo Go­verno para obstar ao ponto a que se chegou para en­con­trar vaga nas cre­ches.

O certo é que para abarcar todas as cri­anças até aos três anos, es­cla­receu Ma­nuel Loff, é ne­ces­sário du­plicar o nú­mero de vagas dis­po­ní­veis, ou seja, das ac­tuais 120 mil para 250 mil. Nú­mero que su­pera em muito as 26 mil vagas, até 2026, pro­me­tidas quer pela mi­nistra que tu­tela a área quer pelo pri­meiro-mi­nistro.

Ora, para o PCP, a re­so­lução do pro­blema passa obri­ga­to­ri­a­mente pela cons­trução de uma rede pú­blica, sem a qual, como foi su­bli­nhado, «não ha­verá nunca creche para todos, in­de­pen­den­te­mente das con­di­ções so­ci­o­e­co­nó­micas».

E o mesmo se diga em re­lação à gra­tui­ti­dade das cre­ches - avanço só pos­sível pela ini­ci­a­tiva e per­sis­tência dos co­mu­nistas -, cuja con­cre­ti­zação to­davia ainda está longe de abranger a to­ta­li­dade das cri­anças. «O Go­verno ainda não ex­plicou o que o im­pede de ga­rantir a gra­tui­ti­dade a todas as cri­anças, já», co­mentou Ma­nuel Loff, re­a­gindo ao anúncio re­cente da mi­nistra do Tra­balho de que as cri­anças abran­gidas pelo pro­grama Crescer Feliz de­verão chegar às 85 mil.

 

Di­fi­cul­dades cres­centes

Mas os pro­blemas com que se de­batem as fa­mí­lias não se con­finam às cre­ches: «são alunos que vão co­meçar aulas sem pro­fes­sores» e pro­fes­sores de novo a «pegar nas malas e pro­curar uma nova es­cola, uma nova casa paga a preço de es­cân­dalo»; são as di­fi­cul­dades no SNS onde pro­fis­si­o­nais de saúde tra­ba­lham como se o País es­ti­vesse em «es­tado de guerra»; «são ho­mens e mu­lheres que, quando vivem do seu sa­lário ou da sua pensão de re­forma, contam os dias para, de­pois de pa­garem o alu­guer ou a men­sa­li­dade ao banco, ver se o que resta é su­fi­ci­ente para comer, pagar a luz, a água, o gás», su­ma­riou Ma­nuel Loff.

Daí ter sido crí­tico quanto ao facto de o Go­verno, no to­cante às res­pon­sa­bi­li­dades do Es­tado nas áreas so­ciais, con­ti­nuar a «fazer mais do mesmo, a re­me­diar, quase sempre mal, pro­blemas que são es­tru­tu­rais que se não re­solvem com me­didas pon­tuais».

Assim é na Es­cola Pú­blica - no se­cun­dário com mi­lhares de alunos sem aulas e com a des­va­lo­ri­zação dos pro­fes­sores; no Su­pe­rior com a falta de alo­ja­mento es­tu­dantil -, assim é na Saúde, com mais de 1,7 mi­lhões de por­tu­gueses sem mé­dico de fa­mí­lias ou com os con­tí­nuos atrasos para con­sultas e ci­rur­gias.


Por uma vida digna e com di­reitos

A si­tu­ação da po­pu­lação por­tu­guesa com mais de 65 anos não foi es­que­cida na de­cla­ração po­lí­tica do PCP, com Ma­nuel Loff a su­bli­nhar como este grupo etário está «es­pe­ci­al­mente ex­posto à de­gra­dação das con­di­ções de vida».

Tra­zido à co­lação foi con­cre­ta­mente o valor muito baixo da grande mai­oria das re­formas e pen­sões, a que acresce o facto de as mesmas es­tarem a ser alvo de acen­tuada erosão de­vido ao au­mento do custo dos bens es­sen­ciais e da ha­bi­tação.

Para ga­rantir uma vida digna e com di­reitos aos re­for­mados e pen­si­o­nistas é pre­ciso, por isso, ar­gu­mentou Ma­nuel Loff, criar «uma rede pú­blica de equi­pa­mentos de apoio so­cial, in­cluindo ne­ces­sa­ri­a­mente lares pú­blicos». In­fe­liz­mente, também aqui se as­siste à re­cusa do Go­verno em pro­ceder à sua cri­ação, ver­berou.



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