O caminho de que o povo e o País precisam

É necessário e urgente um caminho que dê corpo à política alternativa patriótica e de esquerda

A jornada de luta em defesa do Serviço Nacional de Saúde do passado sábado, convocada pela CGTP-IN, que teve lugar em várias cidades do País, constituiu uma resposta de grande significado face à ofensiva de que é alvo o SNS.

Populações e profissionais saíram à rua para reivindicar um efectivo e pleno direito à saúde e deram uma importante resposta ao processo de desmantelamento do SNS que está em curso, numa acção em que convergem o Governo, o PSD, o CDS, o Chega e a IL e grupos económicos.

 

Numa altura em que as condições de vida continuam a deteriorar-se para a generalidade da população, o anúncio do BCE do décimo aumento das taxas de juro vem apertar ainda mais o garrote à maioria das famílias e das micro, pequenas e médias empresas.

Isto do BCE decidir, a União Europeia apoiar, o Governo do PS acompanhado por PSD, Chega, IL e CDS, acordarem e o povo pagar, vai ter que ter um fim!

Perante esta realidade, impõe-se o aumento geral dos salários, tal como decidido pela CGTP-IN: o aumento, no mínimo de 15% e 150 euros dos salários de todos os trabalhadores, o estabelecimento de 910 euros de salário mínimo nacional já em 1 Janeiro de 2024 e de 1000 euros durante o ano de 2024.

Este é também um elemento central para a valorização dos profissionais da saúde, da educação e de todos os serviços públicos, essenciais para garantir a concretização de direitos.

Permite a dinamização do mercado interno, da maior importância para as MPME.

Uma medida que possibilita enfrentar de outra forma o aumento do custo de vida que se reflecte de maneira particularmente dramática na habitação, na alimentação, nos combustíveis, na electricidade, no gás, nas telecomunicações.

A realidade demonstra ser uma medida perfeitamente possível e alcançável, não colhendo nem tendo adesão à realidade uma série de narrativas que os partidos da política de direita vão lançando para continuarem a sua acção em defesa do grande capital e dos grupos económicos, esses mesmos que se opõem ao aumento dos salários.

Basta olhar para os custos com os trabalhadores que as empresas têm para se perceber que a margem é grande para os aumentos.

Basta olhar para a produtividade para se perceber que, praticamente, nas últimas duas décadas ela tem aumentado mais do que os salários reais, e mais do que a zona euro.

Basta olhar para os benefícios fiscais, para quem põe as suas fortunas em paraísos fiscais, para quem lucra milhões por dia, à conta da exploração e da especulação, sem que seja devidamente tributado, para se perceber a injustiça fiscal com que estamos confrontados.

Tal como foi sublinhado na intervenção de Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP, na sessão pública realizada na passada segunda-feira, «esta é uma luta pelos direitos dos trabalhadores, uma luta por uma vida melhor. O PCP, e os trabalhadores, com as suas organizações de classe, não vão abdicar desta que é a luta pelo País».

Aumentar os salários é, pois, uma medida absolutamente possível, central e prioritária, que é necessário complementar com várias outras, desde logo o aumento das pensões; a fixação de preços e combate à especulação; a garantia da habitação; o investimento real e efectivo nos serviços públicos e na valorização dos seus profissionais, nomeadamente no SNS e na Escola Pública, com mais um ano lectivo a começar e o Governo a insistir em não responder às justas reivindicações dos professores; uma maior justiça fiscal que reduza os impostos à generalidade dos trabalhadores e tribute as grandes fortunas e os grupos económicos; a dinamização e desenvolvimento da produção nacional, dos sectores estratégicos, com vista à resolução dos défices estruturais; dos direitos das crianças e pais; a defesa da soberania, dos valores de Abril e da Constituição, da paz e solidariedade entre os povos.

 

Um caminho necessário e urgente, um caminho que dá corpo à política alternativa patriótica e de esquerda de que os trabalhadores, o povo e o País precisam.

Um caminho que está a ser construído todos os dias nessa luta diária nas ruas, nas empresas e locais de trabalho, nas escolas.

Uma luta que se trava também nas instituições e onde se destaca o conjunto muito significativo de propostas avançadas pelo grupo parlamentar na Assembleia da República.

 

Uma luta que também se desenvolve no domingo nas eleições para a Assembleia Regional da Madeira, onde o que se impõe é reforçar a CDU para continuar o seu papel único e determinante nas batalhas de hoje e de amanha, com e pelo povo e os trabalhadores da Região.