Não há nenhuma razão para que os utentes que diariamente atravessam o Tejo não tenham serviços fluviais que respondam às suas necessidades, assinalou Paulo Raimundo em acção de contacto nas duas margens.
O Secretário-Geral do PCP começou a jornada no Cais Fluvial do Seixalinho, no Montijo, ainda o sol começava a espreguiçar-se. Junto com militantes e dirigentes comunistas do distrito de Setúbal, distribuiu aos utentes, nas primeiras horas da manhã de quinta-feira, 26, um folheto onde se reflectem muitas das suas justas queixas e se indicam soluções imediatas. Designadamente para solucionar o sistemático incumprimento dos horários e o fim das recorrentes supressões de carreiras da Transtejo, consequências mais quotidianas do desinvestimento público.
Alguns utentes, apesar dos passos apressados em direcção a mais um dia de trabalho, entabularam conversa com o dirigente do Partido, relatando de forma mais pormenorizada a situação e respectivos constrangimentos. E já no navio «Castelo», que transportou a comitiva comunista para o Cais do Sodré, dentro do qual Paulo Raimundo dirigiu breves palavras aos passageiros, duas utentes diárias das linhas fluviais entre as margens Sul e Norte do Tejo, testemunharam que na base dos problemas, particularmente sentidos nas ligações que partem do Montijo e do Seixal, estão a falta de embarcações e de pessoal tripulante.
Quando a crise é insustentável ou se convocam acções reivindicativas ou de protesto, como foi o caso da iniciativa do PCP na passada semana, a empresa desloca um barco que habitualmente faz a ligação entre Barreiro e Lisboa. Mas passada a «intempérie», tudo volta ao mesmo, confirmando-se que as carências não se superam com medidas ocasionais, com «tapa buracos», como disse uma das utentes.
Investir
Já no Cais do Sodré, Paulo Raimundo sublinhou a injustiça e impossibilidade de manter esta «instabilidade permanente na vida das pessoas que vêm trabalhar todos os dias», e, nesse sentido, defendeu, com carácter urgente, a recuperação dos navios encostados por avarias.
Para tal, prosseguiu, é necessário garantir mais trabalhadores na manutenção, e, posteriormente, proceder à aquisição de novas embarcações, nomeadamente executando, de forma célere e rigorosa, o processo de compra dos navios eléctricos, efectuado já em 2021.
Em pano de fundo das medidas reclamadas pelo PCP, as quais o Secretário-Geral acentuou não haver «nenhuma razão para que não se concretizem», está a necessidade de implementar um «quadro plurianual de financiamento do serviço público prestado» pelas empresas responsáveis pela travessia do Tejo.
Além das já referidas, o PCP pretende que sejam requalificados todos os terminais fluviais, «com particular prioridade para Cacilhas», pode ler-se no folheto que esteve em distribuição, também na manhã da passada quinta-feira, 26, em Cacilhas, no Seixal e na Trafaria. Nas duas primeiras estiveram, entre outros militantes e dirigentes comunistas, Bruno Dias e Paula Santos, respectivamente, um deputado do PCP na Assembleia da República e membro do Comité Central, e outra presidente do Grupo Parlamentar e membro da Comissão Política.