«Ao contrário do que tentam fazer passar através da sua oleada máquina de propaganda, não há nem justiça nem equilíbrio no Orçamento [do Estado para 2024]. Há, isso sim, uma opção clara ao serviço de um punhado de privilegiados em prejuízo da vida dos trabalhadores e do povo».
A acusação foi feita por Paulo Raimundo num almoço com militantes e amigos do Partido, domingo, 5, em Vila Franca de Xira. Intervindo no encerramento da iniciativa que juntou cerca de uma centena de pessoas, o Secretário-Geral comunista sublinhou, também, que nessa sua opção, o Governo do PS é acompanhado por PSD, CDS, Chega e IL, os quais esbracejam mas não iludem dificuldades para se demarcarem das «questões de fundo».
«Esta é a dificuldade da direita face a mais um Orçamento de maioria absoluta que se coloca ainda mais ao serviço dos grupos económicos», insistiu Paulo Raimundo, que deu como exemplo a limitação na «valorização dos salários», quando, «o que a situação impunha e impõe é o aumento generalizado e significativo dos salários em 15%, em pelo menos 150 euros, assim como fixar em 910 euros o Salário Mínimo Nacional já em Janeiro, alcançando os mil euros durante o ano de 2024».
Outros casos que evidenciam as opções de classe dos partidos da política de direita, sucedem com as pensões, «quando o que se impunha e impõe é o aumento das pensões em 7,5%, no valor mínimo de 70 euros», ou com o «necessário investimento público», cuja carência «acentua a degradação dos serviços públicos». Como aliás «está à vista de todos», com a «urgência do reforço do Serviço Nacional de Saúde, desde logo com a fixação de mais e mais profissionais, nomeadamente de médicos», acrescentou.
O Secretário-Geral do PCP ilustrou a situação com os mais de «75 mil utentes sem médico de família» no concelho de Vila Franca de Xira, e frisando a necessidade de «travar o desmantelamento que está em curso do SNS», continuou a criticar o Governo por não fazer o necessário para assegurar o direito à habitação.
«O que se exigia era pôr os 11 milhões de lucros diários da banca a suportar o aumento das prestações ao banco que resultam das taxas de juro, quando o que era mais que justo era acabar com os benefícios fiscais que protegem a especulação imobiliária», disse.
Paulo Raimundo notou, ainda, outros aspectos da injustiça fiscal patente na proposta governamental para 2024, e reiterou que «não é um problema de falta de recursos ou dinheiro, mas sim de opção do que fazer com esses recursos e dinheiro que existem».
Nesse sentido, antes de dar eco à campanha de recolha de 100 mil assinaturas pelo aumento de salários, de pensões e por uma vida melhor (ver página 11), concluiu que «só há uma alternativa: «uma política e um bom Orçamento, para os trabalhadores e para o povo, e isso implica opções diferentes, que ponham em causa os privilégios e benefícios de que goza actualmente o grande capital».