Saque financeiro-mediático
Os acontecimentos dos últimos dias no Global Media Group (GMG), que engloba Jornal Notícias (JN), Diário de Notícias (DN), TSF, mais uns tantos média e cerca de 500 trabalhadores, são um «regresso ao futuro» de saque e terror nos média, para destruir e roubar o património e vender os sobrantes como escravos. Marx, n’ O Capital, chamou a este saque «acumulação primitiva» de capital, brutal e intrínseca ao imperialismo, onde possa decidir sem freio.
Neste caso, há muito que o plano da administração do GMG é realizar capital, alienar «excedentes», despedir trabalhadores, explorar ainda mais, «reorganizar» as empresas para mais lucros, incumprir as obrigações legais de pluralismo e jornalismo, de direitos individuais e colectivos. O projecto tem avançado aos solavancos, com as limitações que a denúncia e a luta impuseram, ainda em Outubro assim aconteceu. Agora passaram ao «plano B», venda de empresas menores e alienação da maioria do capital da holding ao World Opportunity Group, registado no offshore das Bahamas, com capitais suíços e norte-americanos e outros, pelo menos em parte desconhecidos da própria Entidade Reguladora (ERC). Foi nomeado um novo CEO, que era já um alto quadro do GMG, mas o anterior CEO continuará a presidir à administração. Não é claro quem é testa de ferro de outrem.
E agora, o GMG iniciou o despedimento de 150 trabalhadores, mais de 30% do total, sobretudo do JN e TSF, para fugir às obrigações salariais e laborais, bloquear a legalidade e subverter o funcionamento desses média. Qual é o objectivo? É o «enlatado» desinformativo e a Inteligência Artificial nas redacções, ou apenas vender títulos históricos e realizar capital?
E este é «apenas» mais um caso do «receituário» do capital financeiro-mediático nesta realidade de concentração e centralização de capitais e poder; de alienação e anonimato do controlo dos média por fundos estrangeiros e offshore; de mais exploração - 100 de 150 trabalhadores do Grupo Bola despedidos após a compra pelos suiços do Ringier Sports Media Group, a juntar aos 150 do GMG e a tantos outros; de incontáveis ataques à liberdade de imprensa e informação e a quem trabalha nesta área estratégica para o País e o regime democrático.
É imperioso travar e reverter esta perversa realidade.