Algueirão-Mem Martins atesta razão do PCP na defesa do SNS

Fixar mé­dicos e ou­tros pro­fis­si­o­nais ne­ces­sá­rios ao Ser­viço Na­ci­onal de Saúde (SNS) exige a con­cre­ti­zação de me­didas efec­tivas com esse ob­jec­tivo, sa­li­entou Paulo Rai­mundo, se­gunda-feira de manhã, em vi­sita a um centro de saúde onde a es­ma­ga­dora mai­oria dos utentes não tem mé­dico de fa­mília.

Quanto mais força têm PCP e PEV, mais avança a vida das pes­soas

O Se­cre­tário-Geral do PCP con­tactou com utentes da saúde em Al­gueirão-Mem Mar­tins, no con­celho de Sintra, a mais po­pu­losa fre­guesia por­tu­guesa e, pro­va­vel­mente, aquela com o pior rácio de mé­dicos de fa­mília ha­bi­tante.

A acção co­meçou ainda as portas da uni­dade, inau­gu­rada há dois anos e meio, não ti­nham sido fran­que­adas. Por isso, a fila da­queles que aguar­davam para con­sulta e, so­bre­tudo, para a sua mar­cação, foi cres­cendo. Al­guns utentes re­la­taram que ali es­tavam desde ma­dru­gada, o que é ha­bi­tual, fri­saram, con­si­de­rando o nú­mero dos que não tem clí­nico atri­buído: 82% do total dos ins­critos no centro de saúde.

A todos se di­rigiu Paulo Rai­mundo. Ouviu as suas le­gí­timas queixas e re­volta para com a si­tu­ação, que re­sulta em su­ces­sivas ten­ta­tivas de agen­da­mento de uma con­sulta para o pró­prio dia ou para o mais breve pos­sível, muitas vezes em vão, du­rante meses, sob todas as con­di­ções, como tes­te­mu­nharam ao Avante! dois utentes, um dos quais afirmou que já para ali ca­minha há dois meses.

O Se­cre­tário-Geral do Par­tido des­do­brou-se em con­versas, ma­ni­festou-se cho­cado com a si­tu­ação, an­gus­tiado com a de­su­ma­ni­dade que traduz, ainda que tal não seja para si uma no­vi­dade, já que, nos úl­timos meses, con­tactou com utentes dou­tros con­ce­lhos que en­frentam obs­tá­culos se­me­lhantes no acesso a cui­dados de saúde.


O que im­porta

Paulo Rai­mundo também se mul­ti­plicou em de­cla­ra­ções aos vá­rios ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial pre­sentes, des­ta­cando cinco ques­tões fun­da­men­tais.

Pri­meiro, pouco efeito se es­pera da anun­ciada aber­tura de 991 vagas para mé­dicos no SNS. Isto porque as con­di­ções para os fixar não se al­te­raram sig­ni­fi­ca­ti­va­mente, pelo que se prevê que con­tinue a fuga dos pro­fis­si­o­nais para o sector pri­vado e mesmo o não pre­en­chi­mento de todas as can­di­da­turas a con­curso.

O di­ri­gente co­mu­nista voltou mesmo a acusar o Go­verno de ter an­dado a em­patar as ne­go­ci­a­ções com os mé­dicos du­rante meses com o in­tuito de nada re­solver e, agora, à beira das elei­ções, apre­sentar um acordo que serve «apenas para pôr na la­pela».

Ora, frisou por outro lado o Se­cre­tário-geral do PCP, o que per­mite fixar mé­dicos, en­fer­meiros, téc­nicos e ad­mi­nis­tra­tivos, é ga­rantir-lhes me­lhores con­di­ções de tra­balho, res­peito pela sua missão e va­lo­ri­zação sa­la­rial, das suas car­reiras e pro­fis­sões, o que, a acon­tecer, per­mi­tiria, de facto, atrair clí­nicos para o SNS, onde se sabe que pre­ferem exercer.

Uma ter­ceira ideia é que não falta di­nheiro. Prova disso mesmo é que ainda há dias foi apro­vado um Or­ça­mento do Es­tado em que me­tade do total da verba ca­bi­men­tada para a área da Saúde vai di­rec­ta­mente para o sector pri­vado, in­sistiu o di­ri­gente co­mu­nista. Fosse o for­ta­le­ci­mento do SNS e a sua pre­va­lência na as­sis­tência mé­dica à ge­ne­ra­li­dade da po­pu­lação um ob­jec­tivo deste Go­verno, em vez de fa­vo­recer o sector pri­vado, e ou­tras op­ções to­maria. Desde logo do ponto de vista or­ça­mental.

De resto, Go­verno e PS não estão so­zi­nhos no fito de li­quidar o SNS e aleitar o ne­gócio da do­ença. Em Al­gueirão-Mem Mar­tins, à mesma hora que Paulo Rai­mundo, também es­teve Rui Rocha, líder da Ini­ci­a­tiva Li­beral (IL), que ao con­trário do Se­cre­tário-Geral do Par­tido, propôs mais trans­fe­rên­cias para o sector pri­vado por ale­gada in­ca­pa­ci­dade ir­re­so­lúvel do SNS em dar res­posta.

Paulo Rai­mundo, ques­ti­o­nado pelos jor­na­listas sobre estas de­cla­ra­ções, lem­brou, a pro­pó­sito, que IL, PSD e Chega, por muito que tentem dis­farçar, não se dis­tin­guem do Go­verno na opção pela des­truição do SNS.


O PCP previu e propôs

Deixar de­fi­nhar e des­man­telar o ser­viço pú­blico para que o sector pri­vado flo­resça tem sido o pro­pó­sito de vá­rios Go­vernos. E do ac­tual também, as­si­nalou igual­mente Paulo Rai­mundo, antes de lem­brar que, se há dois anos o PS ti­vesse op­tado por aco­lher as pro­postas do PCP para salvar o SNS em vez de se­guir a via da chan­tagem, vi­sando a ob­tenção de uma mai­oria ab­so­luta, não apenas muitos dos pro­blemas do SNS não te­riam este nível dra­má­tico – caso da fuga de pro­fis­si­o­nais, como se tinha aberto um ca­minho para o ro­bus­te­ci­mento da res­posta pú­blica.

A si­tu­ação do SNS atingiu esta gra­vi­dade porque Go­verno do PS e os de­trac­tores do ser­viço pú­blico a pro­mo­veram. Nesse sen­tido (e esta foi a quinta ideia-chave re­al­çada pelo Se­cre­tário-Geral co­mu­nista), só é pos­sível pers­pec­tivar uma so­lução com o re­forço da CDU no pró­ximo dia 10 de Março, de­fendeu, pro­vado que está que quanto mais força têm PCP e PEV, mais avança a vida das pes­soas, de­clarou Paulo Rai­mundo.

O Se­cre­tário-Geral do PCP de­sa­fiou, por fim, os cons­tru­tores de ce­ná­rios pós-elei­to­rais a virem falar com as pes­soas que en­frentam estas ca­rên­cias no SNS, para quem as pro­jec­ções de po­ten­ciais acordos e co­li­ga­ções le­gis­la­tivas pouco diz, sendo, com efeito, mais im­por­tante a re­so­lução dos pro­blemas que as afectam e as pro­postas que ver­da­dei­ra­mente con­cre­tizem me­didas nesse sen­tido.


Novo centro, ve­lhos pro­blemas

Amália Al­face é porta-voz da Co­missão de Utentes da Saúde de Al­gueirão-Mem Mar­tins. Fez questão de estar pre­sente no con­tacto que Paulo Rai­mundo re­a­lizou no centro de saúde da­quela fre­guesia e ao Avante! sin­te­tizou as ca­rên­cias no acesso à saúde.

As novas ins­ta­la­ções foram inau­gu­radas a 25 de Abril de 2021. Na al­tura, este edi­fício era, apa­ren­te­mente, uma so­lução. Con­tudo, veio a ve­ri­ficar-se que as salas de es­pera são pe­quenas para aco­lher todos os que aguardam por con­sulta ou para a sua mar­cação, re­me­tendo muitos para o ex­te­rior, onde faltam abrigos e bancos.

O pro­blema prin­cipal, to­davia, é a falta de pro­fis­si­o­nais. Aquando da trans­fe­rência para as ac­tuais ins­ta­la­ções, a cifra dos que não ti­nham mé­dico de fa­mília as­cendia a 67% do total de ins­critos, o que se agravou para os ac­tuais 82,5%.

Ini­ci­al­mente, o sis­tema de mar­cação de con­sultas de­ter­mi­nava que estas eram efec­tu­adas no pri­meiro dia de cada mês. Daí o ce­nário de longas filas com utentes que che­gavam na noite an­te­rior ou às pri­meiras horas da ma­dru­gada para guardar lugar. As filas che­gavam a cir­cundar o edi­fício, as­se­gurou.

En­tre­tanto, foi apli­cado um sis­tema de pre­en­chi­mento de for­mu­lário, dis­po­nível em linha, que en­tregam nos ser­viços. Mas tal não re­solveu a falta de mé­dicos, tão so­mente as longas filas de utentes. «Há pes­soas que foram con­tac­tadas para con­sultas em No­vembro quando en­tre­garam o for­mu­lário em Junho», ilus­trou.




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