É HORA DE MUDAR DE POLÍTICA

«Re­forçar a CDU é a questão es­sen­cial»

O Pre­si­dente da Re­pú­blica marcou as elei­ções para a As­sem­bleia Le­gis­la­tiva da Re­gião Au­tó­noma dos Açores para 4 de Fe­ve­reiro. Com esta an­te­ci­pação, sobe para três o nú­mero de elei­ções a ocorrer no pri­meiro se­mestre de 2024.

É neste quadro de grande exi­gência po­lí­tica que o PCP e a CDU partem para estas três ba­ta­lhas elei­to­rais, dis­postos a travar os com­bates do es­cla­re­ci­mento e da mo­bi­li­zação ne­ces­sá­rios, in­sis­tindo no con­tacto di­recto e numa cam­panha de massas de­ter­mi­nada e con­fi­ante.

De facto, a si­tu­ação eco­nó­mica e so­cial do País é atra­ves­sada por pro­fundos pro­blemas acu­mu­lados por dé­cadas de po­lí­tica de di­reita e agra­vados nos úl­timos dois anos pela acção do Go­verno de mai­oria ab­so­luta do PS, dei­xando os tra­ba­lha­dores e o povo con­fron­tados com os baixos sa­lá­rios, re­formas e pen­sões, o custo de vida que au­menta, as casas que mal con­se­guem pagar, os mé­dicos em falta no SNS que vive uma si­tu­ação muito grave, a es­cola pú­blica em cres­centes di­fi­cul­dades. 

Po­lí­tica de di­reita de que são pro­ta­go­nistas e res­pon­sá­veis quer o PS, quer PSD, CDS e os seus su­ce­dâ­neos Chega e IL. Po­lí­tica de di­reita que, en­quanto aos tra­ba­lha­dores e ao povo agravou pro­blemas, aos grupos eco­nó­micos e mul­ti­na­ci­o­nais fez crescer fa­bu­losas for­tunas. Apro­fun­daram-se, assim, as de­si­gual­dades e in­jus­tiças so­ciais.

Ora, é pe­rante este quadro que se co­loca a ne­ces­si­dade de uma outra po­lí­tica, da al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, com so­lu­ções para os pro­blemas. Uma po­lí­tica di­fe­rente ins­pi­rada nos va­lores de Abril. Uma po­lí­tica de que o PCP e a CDU são ga­rantia.

De facto, «os tra­ba­lha­dores, os jo­vens, os re­for­mados – como re­feriu Paulo Rai­mundo no do­mingo pas­sado em Al­pi­arça – os que foram ilu­didos e le­vados pela chan­tagem e pressão do PS, já per­ce­beram por ex­pe­ri­ência pró­pria três ques­tões fun­da­men­tais: quando o PS ganha força, e estes dois anos são disso exemplo, os pro­blemas de cada um não só ficam por re­solver como se agravam; quando o PSD, CDS, Chega e IL ga­nham força, é como se viu e sentiu no tempo da troika; e a ter­ceira questão, cen­tral e de­ci­siva, quando o PCP e a CDU ga­nham força a vida de cada um me­lhora e anda para a frente.»

As elei­ções le­gis­la­tivas mar­cadas para 10 de Março são, pois, uma opor­tu­ni­dade que não deve ser des­per­di­çada para, pelo re­forço do PCP e da CDU, mudar de po­lí­tica e abrir ca­minho a uma po­lí­tica di­fe­rente que co­loque no seu centro a va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores e a re­so­lução dos pro­blemas na­ci­o­nais. É a opor­tu­ni­dade para os que se sentem in­jus­ti­çados, in­dig­nados e até traídos, dos que foram ilu­didos e per­cebem que a mai­oria ab­so­luta não re­solveu, antes agravou os seus pro­blemas, para ex­pres­sarem o seu voto na CDU, pondo as suas vidas a andar para a frente.

 

É também neste quadro que im­porta de­sen­volver a luta, in­ten­si­ficar a acção rei­vin­di­ca­tiva nas em­presas e lo­cais de tra­balho, exigir o au­mento dos sa­lá­rios e o res­peito pelos di­reitos, di­na­mizar a luta das po­pu­la­ções contra o au­mento do custo de vida, exigir a va­lo­ri­zação das re­formas e das pen­sões, de­fender os ser­viços pú­blicos, salvar e re­forçar o SNS, exigir res­postas para o pro­blema da ha­bi­tação.

É pre­ciso também con­ti­nuar a acção de so­li­da­ri­e­dade com o povo pa­les­ti­niano, pela paz no Médio Ori­ente, por uma Pa­les­tina in­de­pen­dente, pelo fim da agressão e do mas­sacre, de que foi im­por­tante ex­pressão a ma­ni­fes­tação da sexta-feira pas­sada em Lisboa, com a par­ti­ci­pação de mi­lhares de pes­soas.

 

Chega agora ao fim a vi­gé­sima oi­tava COP.Foram bem vi­sí­veis du­rante estes dias a pro­funda hi­po­crisia dos mai­ores res­pon­sá­veis pelas emis­sões cu­mu­la­tivas de emis­sões de gases de efeito de es­tufa a ten­tarem passar as culpas para países emer­gentes; o ci­nismo das po­tên­cias ca­pi­ta­listas, esses au­tên­ticos abu­tres e pre­da­dores dos re­cursos na­tu­rais em todos os cantos do pla­neta, a apon­tarem o dedo aos países que uti­lizam de forma so­be­rana os seus re­cursos;a falta de qual­quer res­peito pela vida hu­mana, desses que falam bem mas que em tudo en­con­tram mais uma opor­tu­ni­dade de negócio,

De facto, não há de­fesa do am­bi­ente sem jus­tiça so­cial e não é pos­sível jus­tiça so­cial no quadro do ca­pi­ta­lismo,

É neste en­qua­dra­mento e con­tra­di­ções que, de COP em COP, para lá do em­pe­nhado es­forço de muitos, se vai adi­ando a re­so­lução dos pro­blemas, se vai em­pur­rando com a bar­riga. Para o ca­pi­ta­lismo, de pouco vale o bem-estar das po­pu­la­ções, a pre­ser­vação da na­tu­reza, a de­fesa dos ecos­sis­temas, dos mares e oce­anos, das flo­restas, dos solos. O que conta é o lucro.


Como su­bli­nhou o Se­cre­tário-Geral do PCP na sessão pú­blica «COP28. O ca­pi­ta­lismo não é verde», na se­gunda-feira pas­sada, em Lisboa, cons­truir um fu­turo ver­da­dei­ra­mente verde, sus­ten­tado e du­ra­douro só é pos­sível com uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, a curto prazo, e, a longo prazo, com o so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo.