1879 – O primeiro «boicote»

O escritor satírico, poeta e crítico literário irlandês Jonathan Swift, autor de As Viagens de Gulliver, uma obra prima da literatura do séc. XVII que mistura viagem, aventura e ficção científica, dizia com humor que os irlandeses deviam «queimar tudo o que vem de Inglaterra, excepto o carvão». A ideia inspirou Charles Parnell, presidente da Liga Agrária, que propõe combater o opressivo sistema fundiário imposto à Irlanda pelo domínio britânico de forma inovadora: a quarentena e o ostracismo. O primeiro alvo foi Charles Boycott, um capitão inglês reformado, administrador de um grande latifundiário, a quem cabia cobrar a renda aos camponeses. Após um mau ano agrícola, os camponeses reclamam sem sucesso a redução das rendas. Ameaçados de expulsão, respondem isolando por completo Boycott. As terras ficam por lavrar, os produtos por vender, ninguém lhe fala ou entrega o correio, não tem com quem negociar, torna-se invisível. Ainda recorre a camponeses protestantes do Ulster, mas não podem trabalhar sem escolta policial. Charles Boycott acaba por abandonar o cargo, mas o termo «boycott», usado na altura pelo The Times londrino com o significado actual, fica para a posteridade. Oito anos depois, a palavra entrava no Oxford English Dictionary.