65 anos da Revolução cubana

Cristina Cardoso

A Re­vo­lução cu­bana triunfou há 65 anos. A 1 de Ja­neiro de 1959, o Exér­cito Re­belde, li­de­rado por Fidel Castro, en­trou vi­to­rioso em San­tiago de Cuba e o di­tador fas­cista Ful­gêncio Ba­tista, fugiu para os EUA, ini­ci­ando-se uma das mai­ores gestas pro­ta­go­ni­zadas por um povo na Amé­rica La­tina.

Cuba vivia até à Re­vo­lução num re­gime feroz, que ga­rantia os in­te­resses da oli­gar­quia na­ci­onal e dos mo­no­pó­lios es­tran­geiros, par­ti­cu­lar­mente norte-ame­ri­canos, e cujo apa­relho re­pressor já tinha as­sas­si­nado 20 mil pes­soas. Re­corde-se que em Cuba, 11,8% da po­pu­lação es­tava de­sem­pre­gada, mais de 20% era anal­fa­beta, 78% da po­pu­lação rural vivia em casas feitas de fo­lhas de pal­meira e 47% dos agri­cul­tores es­tavam de­sem­pre­gados.

A Re­forma Agrária e a edu­cação, in­cluindo a cam­panha de al­fa­be­ti­zação, es­ti­veram entre as pri­meiras me­didas da Re­vo­lução cu­bana, a par com as na­ci­o­na­li­za­ções, o pro­cesso de in­dus­tri­a­li­zação, me­didas de jus­tiça so­cial, a Re­forma Ur­bana com a re­dução das rendas e cons­trução de ha­bi­tação ou os in­ves­ti­mentos na área da saúde. Me­didas que, entre muitas ou­tras, cons­ti­tuíram as bases para que­brar a cres­cente de­si­gual­dade so­cial e trans­formar a vida dos sec­tores mais po­bres da so­ci­e­dade cu­bana, atin­gindo os in­te­resses das oli­gar­quias na­ci­o­nais e do im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano, e ali­nha­vando o ca­rácter so­ci­a­lista da Re­vo­lução.

Logo nos pri­meiros meses da Re­vo­lução, a oli­gar­quia co­meçou a boi­cotar as me­didas do poder re­vo­lu­ci­o­nário e a agressão do im­pe­ri­a­lismo torna-se im­pi­e­dosa, usando todos os meios para tentar vergar Cuba, pro­mo­vendo vá­rios ata­ques ter­ro­ristas e a ten­ta­tiva de in­vasão mi­litar e de­sen­ca­de­ando uma guerra eco­nó­mica para in­fligir so­fri­mento ao povo cu­bano e pro­vocar o de­sâ­nimo e a de­cepção que le­vassem ao der­rube do go­verno.

Em mais de 60 anos, o cri­mi­noso blo­queio eco­nó­mico, co­mer­cial e fi­nan­ceiro dos EUA tem cau­sado enormes pre­juízos para o de­sen­vol­vi­mento de Cuba, di­fi­cul­tando a aqui­sição de ali­mentos, me­di­ca­mentos, com­bus­tí­veis, ma­té­rias primas e equi­pa­mentos es­sen­ciais para o fun­ci­o­na­mento da eco­nomia cu­bana. Os danos acu­mu­lados, até 2022, as­cendem os 159 mil e 84 mi­lhões de dó­lares, sendo in­cal­cu­lá­veis os danos hu­manos desta cri­mi­nosa po­lí­tica dos EUA. Um blo­queio cuja As­sem­bleia Geral das Na­ções Unidas exigiu o seu fim por 31 vezes, mas que se per­petua no tempo e foi agra­vado com as mais de 243 me­didas im­postas pela ad­mi­nis­tração de Do­nald Trump, em 2021, para além da in­clusão de Cuba na in­fame, ile­gí­tima e hi­pó­crita lista dos EUA de ditos «Es­tados que pa­tro­cinam o ter­ro­rismo». Ina­cei­tá­veis me­didas, en­tre­tanto, man­tidas e agra­vadas por Jo­seph Biden.

Pe­rante a agressão do im­pe­ri­a­lismo, a ab­ne­gada e he­róica uni­dade e re­sis­tência do povo cu­bano, sob a van­guarda do Par­tido Co­mu­nista de Cuba, tem cri­a­ti­va­mente en­con­trado so­lu­ções, rec­ti­fi­cado erros e to­mado me­didas que têm per­mi­tido de­fender as con­quistas es­sen­ciais da Re­vo­lução, a so­be­rania e a in­de­pen­dência na­ci­o­nais. Cuba mantém hoje ín­dices de de­sen­vol­vi­mento so­cial e hu­mano, na saúde, edu­cação, cul­tura e ci­ência, que a tornam num exemplo que alenta a con­fi­ança dos povos do mundo na su­pe­ração de um sis­tema de­si­gual e ex­plo­rador.

En­fren­tando re­no­vados ata­ques à sua Re­vo­lução, com o re­cru­des­ci­mento do blo­queio, a contra-in­for­mação, a or­ques­tração, a partir do ex­te­rior, de novas in­ten­tonas ter­ro­ristas, pro­cu­rando de­ses­ta­bi­lizar in­ter­na­mente o país, Cuba ne­ces­sita, mais do que nunca, da nossa so­li­da­ri­e­dade.

Uma cha­mada à qual os co­mu­nistas e pro­gres­sistas por todo mundo não têm fal­tado, mas que no mo­mento ac­tual exige re­do­brados es­forços. No­me­a­da­mente na exi­gência do fim do cri­mi­noso blo­queio, com ca­rácter ex­tra­ter­ri­to­rial, im­posto pelos EUA; da re­ti­rada de Cuba da lista dos EUA de «Es­tados pa­tro­ci­na­dores do ter­ro­rismo»; do en­cer­ra­mento da Base mi­litar dos EUA de Guan­tá­namo e da de­vo­lução desse ter­ri­tório a Cuba; ou do res­peito pela so­be­rania e in­de­pen­dência de Cuba e dos seus le­gí­timos di­reitos, in­cluindo ao de­sen­vol­vi­mento.

Por tudo isto, Cuba não está só!




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