Resistir e avançar com luta na hotelaria e nos transportes

Na Ne­wrail, na Vi­ação Fei­rense e na Ro­do­viária de Lisboa, a uni­dade dos tra­ba­lha­dores, a fir­meza dos sin­di­catos e a de­ter­mi­nação na luta pro­du­ziram re­sul­tados po­si­tivos, que dão ânimo para outros com­bates.

Vale a pena os tra­ba­lha­dores es­tarem sin­di­ca­li­zados, unidos e prontos para lutar

Os tra­ba­lha­dores dos bares dos com­boios Alfa e In­ter­ci­dades en­traram em greve a 28 de De­zembro, por dois dias, com muito forte adesão. Da con­ces­si­o­nária Ne­wrail exi­giam, como constou no pré-aviso apre­sen­tado pela FE­SAHT/​CGTP-IN, se­gu­rança no em­prego, pu­bli­cação do Acordo de Em­presa, au­mentos sa­la­riais justos, cum­pri­mento de di­reitos dos tra­ba­lha­dores e com­pro­missos pa­tro­nais na al­tura da ad­ju­di­cação do ser­viço pela CP (pa­ga­mento do tra­balho su­ple­mentar, de­vido a atrasos dos com­boios, e li­qui­dação dos cré­ditos ven­cidos de 2021 e 2022, re­fe­rentes a fé­rias não go­zadas, sub­sídio de fé­rias e dias de com­pen­sação).

Nessa quinta-feira, como in­formou o Sin­di­cato da Ho­te­laria do Norte, os com­boios cir­cu­laram sem ser­viço de re­fei­ções e com os bares en­cer­rados. Apenas numa das cinco com­po­si­ções que saíram do Porto isso não su­cedeu, porque um tra­ba­lhador com­pa­receu ao ser­viço.

Tra­ba­lha­dores em greve con­cen­traram-se, de manhã, no ex­te­rior da es­tação da Cam­panhã, onde es­teve também uma de­le­gação do PCP, da qual fez parte Jaime Toga, da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral. Além de prestar so­li­da­ri­e­dade, re­a­firmou que a in­te­gração destes tra­ba­lha­dores na CP é con­dição para a es­ta­bi­li­dade dos postos de tra­balho.

Uma pro­posta pa­tronal de ac­tu­a­li­zação dos sa­lá­rios em 60 euros, con­si­de­rada ma­ni­fes­ta­mente in­su­fi­ci­ente, foi aceite pelos tra­ba­lha­dores como um pri­meiro passo para as ne­go­ci­a­ções que devem co­meçar este mês. Assim sendo, em ple­nário, foi de­ci­dido sus­pender o se­gundo dia de greve, como ex­plicou à agência Lusa um di­ri­gente do sin­di­cato e da fe­de­ração.

Fran­cisco Fi­guei­redo sa­li­entou que a Ne­wrail pode pagar sa­lá­rios me­lhores, pois re­cebe da CP, desde Maio, quatro vezes mais do que o an­te­rior con­ces­si­o­nário (Ape­a­deiro 2020, que em Fe­ve­reiro de 2023 deixou de pagar aos tra­ba­lha­dores). Por este grande au­mento dos custos, o di­ri­gente sin­dical con­si­derou que a CP fez um mau ne­gócio, porque, pre­feriu pagar quatro vezes mais e manter a con­cessão dos ser­viços, em vez de as­sumir ela pró­pria o ser­viço.

Gerou in­se­gu­rança o atraso na pror­ro­gação da con­cessão, vá­lida até ao úl­timo dia de 2023. Por outro lado, não sur­tiram efeito as ten­ta­tivas pa­tro­nais de boi­cotar a pu­bli­cação do Acordo de Em­presa.

 

Acordo com di­reitos

A FEC­TRANS/​CGTP-IN e o STRUP fir­maram um acordo com os re­pre­sen­tantes pa­tro­nais para au­mento do sub­sídio de re­feição e re­dução do in­ter­valo de des­canso, de forma fa­seada, de três para duas horas, na Ro­do­viária de Lisboa. O des­fecho, a 22 de De­zembro, foi pre­ce­dido de vá­rios meses de ne­go­ci­ação, com ple­ná­rios e pa­ra­li­sa­ções, sa­li­en­tando agora a fe­de­ração que o acordo foi as­si­nado «sem ex­tin­guir di­reitos», o que jus­ti­fica re­a­firmar que «vale sempre a pena lutar».

O pro­ces­sa­mento dos pa­ga­mentos ocor­rerá no sa­lário de Ja­neiro, com re­tro­ac­tivos a No­vembro.

Num ple­nário de tra­ba­lha­dores da Auto Vi­ação Fei­rense na Carris Me­tro­po­li­tana (que foram re­cru­tados no Brasil e em Cabo Verde e operam parte das car­reiras da ALSA Todi em Se­túbal), a 22 de De­zembro, foram aceites as so­lu­ções apre­sen­tadas pela ad­mi­nis­tração ao STRUP, dois dias antes.

Pro­blemas como o cum­pri­mento in­te­gral do Acordo de Em­presa da ALSA, o pa­ga­mento de va­lores em atraso e a cor­recção dos re­cibos de ven­ci­mento, jus­ti­fi­caram a con­vo­cação de greve para 19 de De­zembro. Na vés­pera, a ad­mi­nis­tração con­vocou o sin­di­cato para uma reu­nião, dia 20, o que levou à sus­pensão da luta. Na con­cre­ti­zação dos com­pro­missos foi en­vol­vida também a ALSA Todi.

Os tra­ba­lha­dores, «com a sua in­te­gração no STRUP/​FEC­TRANS, cri­aram as con­di­ções para a con­cre­ti­zação das suas rei­vin­di­ca­ções, numa prova de que vale a pena estar sin­di­ca­li­zado», sa­li­enta a nota sin­dical de dia 22. Em Se­tembro, a or­ga­ni­zação e mo­bi­li­zação destes tra­ba­lha­dores tinha já le­vado a ad­mi­nis­tração da Fei­rense a aceitar aplicar o AE da ALSA Todi e pagar as re­mu­ne­ra­ções em atraso, mas não cum­priu, re­cordou o STRUP.

 



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