Além de Ber­nar­dino So­ares (ju­rista, 52 anos), a lista da CDU pelo Cír­culo Elei­toral de San­tarém é com­posta por Júlio Costa (ar­tista vi­sual e dou­to­rando em His­tória da Arte, 34 anos), Elsa Lopes (psi­có­loga, 54 anos), Rui Ra­poso (téc­nico su­pe­rior, 65 anos), Fran­cisco Ma­deira Lopes (ar­queó­logo, 49 anos), Or­te­linda Graça (pro­fes­sora, 67 anos), Hélio Jus­tino (ad­vo­gado, 53 anos), Paulo Ma­cedo (pro­fessor, 63 anos), Fer­nanda Car­digo (li­cen­ciada em Gestão Tu­rís­tica, 54 anos), Sónia Co­laço (pro­fes­sora, 46 anos), Paulo An­tunes (ci­ne­astra e téc­nico su­pe­rior, 36 anos), Au­gusto Fi­guei­redo (pro­fessor, 65 anos), Mar­ga­rida Vi­eira (pro­fes­sora, 34 anos) e Fa­brícia Pe­reira (téc­nica su­pe­rior, 46 anos). O man­da­tário da lista é o ad­vo­gado João Luíz Ma­deira Lopes, 80 anos, vice-pre­si­dente da As­so­ci­ação In­ter­venção De­mo­crá­tica.

Couço
A pri­meira pa­ragem ocorreu no Couço, epi­centro de luta pela li­ber­dade, mas também por tra­balho com di­reitos e pela terra, cujas «ondas de choque» se re­per­cu­tiram na re­gião e no País. Um ins­pi­rador exemplo para os dias de hoje.

No al­moço que acon­teceu na Casa do Povo es­ti­veram mais de 120 pes­soas, que, no final, ou­viram Ber­nar­dino So­aresdizer porque é tão im­por­tante para o dis­trito de San­tarém voltar a eleger um de­pu­tado da CDU pelo dis­trito de San­tarém para a As­sem­bleia da Re­pú­blica (AR). «Pre­ci­samos de ter lá [na AR] quem de­fenda os di­reitos de quem tra­balha e de quem tra­ba­lhou», su­bli­nhou, aler­tando para as muitas «di­fi­cul­dades na saúde» também ali no Couço, «porque fe­charam a Ur­gência Bá­sica de Co­ruche» e «não querem re­abri-la, o que faz com que al­gumas po­pu­la­ções deste con­celho fi­quem a 70 qui­ló­me­tros da ur­gência mais pró­xima, se es­tiver aberta». Nesta área, deu outro exemplo: «Como a far­mácia [da Fre­guesia] não aderiu ao Pro­grama de Va­ci­nação e o Go­verno or­denou que os cen­tros de saúde não po­diam prestar esse ser­viço a mai­ores de 60 anos, as pes­soas do Couço, du­rante umas se­manas, não pu­deram tomar as va­cinas da gripe e da COVID». «Isto é re­sul­tado de uma po­lí­tica que des­va­lo­riza o Ser­viço Na­ci­onal de Saúde (SNS) e que quer be­ne­fi­ciar o sector pri­vado, mas não serve a po­pu­lação», acusou o can­di­dato. Àqueles que falam sobre Ren­di­mento So­cial de In­serção (RSI), in­formou que no dis­trito de San­tarém há apenas 2600 pes­soas a re­ceber esse apoio, e que desses«uma em cada três é cri­ança e a outra tem mais de 50 anos».

Paulo Rai­mundo, ali pela pri­meira vez na qua­li­dade de Se­cre­tário-Geral do PCP, as­se­gurou que os de­pu­tados eleitos nas listas da CDU vão voltar a propor – no ano em que se as­si­nalam os 50 anos da Re­vo­lução dos Cravos – que em Abril deste ano, «e não lá para 2028 ou 2030», a su­bida ex­tra­or­di­nária das re­formas e pen­sões, num mí­nimo de 7,5 por cento e em pelo menos 70 euros em todas as re­formas e pen­sões. Feitas as contas, esta pro­posta «custa mais 1600 mi­lhões de euros», o mesmo valor que o Go­verno «de­cidiu ab­dicar em be­ne­fí­cios fis­cais para os grupos eco­nó­micos», os tais que «têm 25 mi­lhões de euros de lu­cros por dia». Visto de outra forma, «60 dias dos lu­cros dos grupos eco­nó­micos da­riam para pagar esta me­dida que es­tamos a avançar. So­bra­riam mais 300 dias no ano para con­ti­nu­arem a acu­mular esses es­can­da­losos lu­cros», acres­centou.

Também de­fendeu que quem tra­balha 40 anos tem di­reito à re­forma por in­teiro, sem pe­na­li­za­ções, me­dida que não pode ser iso­lada de ou­tras me­didas, como a fi­xação e re­dução do preço dos bens ali­men­tares e do IVA nas te­le­co­mu­ni­ca­ções, elec­tri­ci­dade e gás.

A sessão foi apre­sen­tada por Hor­te­linda Graça, também can­di­data e pre­si­dente da Junta de Fre­guesia do Couço, e contou com a pre­sença de Diogo D’Ávila, do Co­mité Cen­tral do PCP e res­pon­sável pela Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de San­tarém, que acom­pa­nhou as res­tantes ac­ções do dia, em Sa­mora Cor­reia e Torres Novas.

Rede pú­blica de lares e de cre­ches

Do Couço a Sa­mora Cor­reia são pouco mais de 60 qui­ló­me­tros de dis­tância. Ali, Paulo Rai­mundo e Ber­nar­dino So­ares, acom­pa­nhados por Carlos Cou­tinho, pre­si­dente da Câ­mara Mu­ni­cipal de Be­na­vente, co­nhe­ceram o Centro de Bem Estar So­cial Padre To­bias, uma fun­dação de so­li­da­ri­e­dade so­cial com creche (191 cri­anças), jardim de in­fância (124 cri­anças), ser­viço de apoio do­mi­ci­liário (47 fa­mí­lias), centro de dia (45 utentes), lar de idosos (68 utentes), entre ou­tras res­postas.

No final, Paulo Rai­mundo des­tacou a ne­ces­si­dade de cri­ação de uma rede pú­blica de equi­pa­mentos e ser­viços de apoio aos idosos e lares/​es­tru­turas re­si­den­ciais, para dar res­posta à falta de vagas exis­tentes, em ar­ti­cu­lação com a ca­pa­ci­dade já ins­ta­lada, no sen­tido de ga­rantir me­lho­rias na res­posta com qua­li­dade às ne­ces­si­dades dos idosos. Outra so­lução apre­sen­tada passa por uma rede pú­blica de cre­ches, as­se­gu­rando vagas gra­tuitas para todas as cri­anças.

Ba­talha de es­cla­re­ci­mento até 10 de Março

O pé­riplo ter­minou em Torres Novas, terra que viu nascer em 1893 Maria Lamas, es­cri­tora, jor­na­lista e con­fe­ren­cista, uma lu­ta­dora pelos di­reitos das mu­lheres e pela paz. Na Praça do Peixe, es­paço con­ver­tido em centro de artes, es­ti­veram mais de duas cen­tenas de pes­soas para as­sistir ao co­mício da CDU, apre­sen­tado por João Luíz Ma­deira Lopes, que contou com as in­ter­ven­ções de Ber­nar­dino So­ares, Sónia Co­laço e Paulo Rai­mundo.

Nas suas pri­meiras pa­la­vras, Ber­nar­dino So­ares frisou que as elei­ções le­gis­la­tivas têm «de­sa­fios de grande di­mensão», mas, igual­mente, «enormes po­ten­ci­a­li­dades», sendo por isso ne­ces­sário fazer chegar a cam­panha da CDU a toda a gente, de forma per­sis­tente, «sem pa­ra­gens, até ao dia 10 de Março».

Sobre os can­di­datos já apre­sen­tados, re­feriu que são «gente pres­ti­giada nas suas ac­ti­vi­dades, na sua in­ter­venção cí­vica, que se em­penha em cons­truir um fu­turo me­lhor não para si ou para os seus in­te­resses, mas para todos, para este dis­trito e para o nosso povo», mas que só com isso «não se ganha ne­nhuma eleição». «É pre­ciso juntar as forças dos muitos que con­fiam na CDU, dos mi­li­tantes e dos ac­ti­vistas. É pre­ciso ir falar no­va­mente com todos os que já vo­taram na CDU, com os que não se deixam en­ganar pelas men­tiras do Chega ou de ou­tros par­tidos da di­reita, com os que viram a sua vida a andar para trás com o po­lí­tica do Go­verno PS, que vestiu o ca­saco da es­querda para fazer uma po­lí­tica que a di­reita não en­jei­taria», apelou Ber­nar­dino So­ares.

Também é pre­ciso es­cla­recer que as elei­ções não são entre dois can­di­datos a pri­meiro-mi­nistro, mas para eleger 230 de­pu­tados na As­sem­bleia da Re­pú­blica (AR), nove dos quais do dis­trito de San­tarém.

Mais adi­ante, Ber­nar­dino So­ares avançou com pro­postas para o dis­trito, como a cons­trução da nova es­quadra da PSP no En­tron­ca­mento; a con­clusão do IC3, com a cons­trução de va­ri­antes aos nú­cleos po­pu­la­ci­o­nais na EN 118; novas tra­ves­sias do Tejo em Cons­tância, Cha­musca, Go­legã ou Muge, bem como do rio Sor­raia, em Co­ruche; o fim das por­ta­gens na A23; me­lhores trans­portes pú­blicos, entre tantas ou­tras. «Só a CDU está em con­di­ções de de­sem­pe­nhar esse papel na AR», su­bli­nhou. Si­mul­ta­ne­a­mente, «re­forçar a CDU e eleger no­va­mente o de­pu­tado por San­tarém» sig­ni­fica «mais força para de­fender o de­sen­vol­vi­mento e a jus­tiça so­cial, os di­reitos de quem tra­balha e os ser­viços pú­blicos», acres­centou.

Ra­zões para votar CDU
Paulo Rai­mundo acres­centou ou­tras ra­zões para votar na CDU, «um sinal claro aos que se acham donos disto tudo, os tais dos 25 mi­lhões de euros de lu­cros por dia», que «não só vivem bem com ou­tras forças po­lí­ticas, como as pro­movem e as fi­nan­ciam». «O PS não é igual ao PSD, o PSD não é igual ao CDS, o Chega e a IL não são o mesmo, mas in­de­pen­den­te­mente das di­fe­renças que existem, sempre que é pre­ciso optar entre os in­te­resses dos grupos eco­nó­micos e a vida de cada um de nós, lá se ali­nham todos, uns de forma mais des­ca­rada, ou­tros mais tí­midos, uns a en­rolar, ou­tros a mentir com todos os dentes que têm na boca», acusou.

Para o Se­cre­tário-Geral do PCP «o que faz falta não é ali­mentar os grupos eco­nó­micos», mas o au­mento dos sa­lá­rios em 15 por cento, com um mí­nimo de 150 euros; que nenhum tra­ba­lhador em Por­tugal ganhe menos de mil euros; avançar para o parque pú­blico de ha­bi­tação; va­lo­rizar a Es­cola Pú­blica; salvar o SNS, acabar com as listas de es­pera e res­ponder ao um mi­lhão e 700 mil pes­soas que estão sem mé­dico de fa­mília.

«O voto do tra­ba­lhador, de cada utente, dos que estão aflitos com as pres­ta­ções e rendas das casas, dos micro, pe­quenos e mé­dios em­pre­sá­rios e pro­du­tores, dos re­for­mados, dos jo­vens, dos imi­grantes, vale tanto como o dos donos da GALP, Pingo Doce, CTT, da Al­tice, mas pode valer ainda mais se for um voto na CDU e não for co­lo­cado no mesmo saco dos que se acham os donos disto tudo», con­cluiu.

CDU alerta para pro­blemas na Ponte da Cha­musca

Na pas­sada se­mana, Ber­nar­dino So­ares e Júlio Costa con­tac­taram com os tra­ba­lha­dores e po­pu­lação que uti­lizam a Ponte da Cha­musca, infra-es­tru­tura que não cor­res­ponde às ne­ces­si­dades de mo­bi­li­dade das po­pu­la­ções e às ac­ti­vi­dades dos con­ce­lhos li­mí­trofes (Cha­musca, Go­legã, Torres Novas, En­tron­ca­mento) e do dis­trito de San­tarém. As li­mi­ta­ções são sen­tidas de forma par­ti­cular pelos con­du­tores de veí­culos pe­sados, no­me­a­da­mente de trans­porte de re­sí­duos pe­ri­gosos para o Eco­parque do Relvão.

Para a CDU é clara a ne­ces­si­dade de re­so­lução deste pro­blema que vem sendo agra­vado com um au­mento de cons­tran­gi­mentos de­cor­rentes do pe­sado fluxo de trá­fego na Ponte da Cha­musca. Acresce que o as­fal­ta­mento foi feito de forma ine­ficaz: cada vez que chove surgem mais bu­racos. A si­tu­ação agrava-se com a si­tu­ação do arco da ponte par­tido, cujo alerta foi dado pelo PCP no quadro local e na As­sem­bleia da Re­pú­blica, con­ti­nu­ando sem re­so­lução.

San­tarém
Mais re­cen­te­mente, o pri­meiro can­di­dato da lista es­teve no Ins­ti­tuto Po­li­téc­nico de San­tarém, onde va­lo­rizou o papel do En­sino Po­li­téc­nico no de­sen­vol­vi­mento re­gi­onal. A CDU con­si­dera ser cru­cial va­lo­rizar os tra­ba­lha­dores, re­forçar o fi­nan­ci­a­mento para esta ins­ti­tuição, bem como a Acção So­cial Es­colar Di­recta e In­di­recta, es­pe­ci­al­mente por meio das obras ne­ces­sá­rias nas Re­si­dên­cias Es­tu­dantis.