Arquipélagos, holofotes e apagões

O ali­nha­mento no­ti­cioso dos úl­timos dias voou para o meio do Atlân­tico, entre a cam­panha elei­toral que de­corre nos Açores e uma outra, que se adi­vinha na Ma­deira. As cir­cuns­tân­cias são di­fe­rentes e os ca­len­dá­rios também, mas há uma linha comum: o apa­ga­mento do PCP e da CDU em ambas as re­giões au­tó­nomas no que aos ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial na­ci­o­nais diz res­peito.

No caso dos Açores, vi­vemos uma re­pe­tição do que as­sis­timos há poucos meses na úl­tima cam­panha elei­toral na Ma­deira: um quadro de bi­po­la­ri­zação me­diá­tica que, no caso de que já se co­nhece o des­fecho, o povo ma­dei­rense veio a des­mentir. Veja-se o que su­cedeu, en­quanto as es­pe­cu­la­ções in­ci­diam sobre o voto útil, sobre so­lu­ções para o go­verno re­gi­onal, eis que surgiu uma de­pu­tada que, com a dose certa de opor­tu­nismo, se­gurou Al­bu­querque na pre­si­dência, como que a lem­brar de­pois da hora que o que se elege são de­pu­tados e que esses nú­meros são de­ci­sivos no apu­ra­mento final. Mas pa­rece que nas re­dac­ções não se aprendeu nada com esse nem com ou­tros re­sul­tados que de­mons­traram que o voto só é útil quando é livre e cons­ci­ente, nos ou­tros casos não passa de um voto con­di­ci­o­nado, quando não ma­ni­pu­lado. A pro­pó­sito, mantém-se em campo e com grande força a ope­ração son­da­gens, a serem ser­vidas em doses fartas apesar de múl­ti­plas vezes des­men­tidas, não apenas pela re­a­li­dade, como re­cen­te­mente na Ma­deira, mas até pelos pró­prios res­pon­sá­veis edi­to­riais que as en­co­mendam.

Têm sido muitas as peças sobre as elei­ções nos Açores, em geral cen­tradas no PS e no PSD, para lá da pas­sagem dos lí­deres par­ti­dá­rios na­ci­o­nais pela Re­gião. Mas, numa eleição que é re­gi­onal, seria de es­perar que fosse dado es­paço aos vá­rios can­di­datos, coisa rara nos ali­nha­mentos no­ti­ci­osos, com a ex­cepção da­queles dois par­tidos. E, mesmo quando o caso é de ex­cepção, como no Te­le­jornal da RTP de dia 29, a CDU entra na peça com ilus­tração de car­tazes de ou­tras forças po­lí­ticas. Não é pro­pri­a­mente uma no­vi­dade como opção, mas não deixa de me­recer re­paro, par­ti­cu­lar­mente quando oriunda da es­tação pú­blica.

Já na Ma­deira, a ope­ração ju­di­cial que levou à de­missão do Go­verno Re­gi­onal pro­por­ci­onou muitas horas de di­rectos te­le­vi­sivos, jus­ti­fi­ca­da­mente. Mas, nestas longas horas, vimos também o mesmo filme da bi­po­la­ri­zação: ora Al­bu­querque, ora Cafôfo, com um ines­pe­rado pro­ta­go­nismo para a de­pu­tada do PAN. No caso de Paulo Cafôfo, o líder do PS Ma­deira teve mesmo honras de en­tre­vista em es­túdio, uma coisa inau­dita para al­guém na­quela po­sição. No meio de tudo isto, foram ra­rís­simas as pre­senças do PCP e da CDU. É caso para re­flectir, quando tanto se dis­cute quem ganha elei­to­ral­mente com a om­ni­pre­sença do tema cor­rupção neste pe­ríodo elei­toral, o que sig­ni­fica ocultar na Ma­deira a força que ao longo de dé­cadas de­nun­ciou co­ra­jo­sa­mente, e quase sempre so­zinho, as ne­go­ci­atas que agora estão na mira da Jus­tiça, en­quanto ou­tros ainda se pas­se­avam pelas reu­niões do Con­selho Na­ci­onal do PSD. O mesmo PSD de que Mi­guel Al­bu­querque con­tinua a ser pre­si­dente da Mesa do Con­gresso.

 



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