Governo não deve impedir reinscrições na CGA

Desde já e na cam­panha elei­toral, vai-se ouvir a exi­gência de que o Go­verno deixe de im­pedir que pro­fes­sores e ou­tros tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica re­gressem à Caixa Geral de Apo­sen­ta­ções.

Como os tri­bu­nais não lhe dão razão, o Go­verno quer mudar a lei

Este é um dos temas de­fi­nidos pelos ór­gãos di­ri­gentes da FEN­PROF e apre­sen­tados, em con­fe­rência de im­prensa, no sá­bado, dia 3. Para dia 19, está anun­ciada a en­trega, em si­mul­tâneo, nos tri­bu­nais ad­mi­nis­tra­tivos, de ac­ções de pro­fes­sores a exi­girem a con­cre­ti­zação da­quele seu di­reito.

A de­ter­mi­nação de pros­se­guir a luta foi re­a­fir­mada, a 23 de Ja­neiro, numa con­cen­tração pro­mo­vida pela Frente Comum de Sin­di­catos da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, junto da re­si­dência ofi­cial do pri­meiro-mi­nistro, ini­ci­a­tiva a que se as­so­ciou a FEN­PROF.

Ou­tros pro­testos ti­nham sido re­a­li­zados, em frente do Mi­nis­tério do Tra­balho e da Se­gu­rança So­cial, a 27 de De­zembro e a 5 de Ja­neiro.

Nesta data, os re­pre­sen­tantes sin­di­cais foram re­ce­bidos pelo se­cre­tário de Es­tado da Se­gu­rança So­cial, do qual ou­viram, com in­dig­nação, que as reins­cri­ções na CGA ti­nham sido sus­pensas, mas o Go­verno ten­ci­o­nava mesmo proibi-las. Além disso, pe­rante muitas de­ci­sões ju­di­ciais que têm sido fa­vo­rá­veis aos tra­ba­lha­dores, re­co­nhe­cendo o di­reito legal de vol­tarem a estar ins­critos na CGA, em vez da Se­gu­rança So­cial, o se­cre­tário de Es­tado anun­ciou que o Go­verno ten­ciona mudar a lei.

Apenas seria ad­mi­tida a reins­crição de tra­ba­lha­dores que, nos úl­timos 17 anos, não ti­vessem qual­quer in­ter­rupção na con­tra­tação. Como ex­plicou a FEN­PROF, esses casos são re­si­duais, pois «só por erro de al­gumas es­colas, os do­centes que exercem ac­ti­vi­dade inin­ter­rupta desde Ja­neiro de 2006 terão sido re­ti­rados da CGA e trans­fe­ridos para a Se­gu­rança So­cial». O pro­blema está nos mi­lhares de do­centes que fi­caram algum tempo de­sem­pre­gados e que, pe­rante o im­pe­di­mento do Go­verno, estão a ver re­co­nhe­cido o di­reito à reins­crição na CGA em su­ces­sivas de­ci­sões ju­di­ciais.

O Go­verno pre­tende al­terar a lei, para que isto não acon­teça mais, mas não po­derá levar uma pro­posta à As­sem­bleia da Re­pú­blica, pelo que de­verá deixar tudo pronto para que essa lei avance, após as elei­ções.

Nessa al­tura, foi feito apelo a que os do­centes que pre­tendem reins­crever-se na CGA con­tac­tassem os sin­di­catos da FEN­PROF, para ra­pi­da­mente avançar com ac­ções, antes de ser al­te­rada a lei. A fe­de­ração de­cidiu ainda co­locar este pro­blema aos par­tidos po­lí­ticos, nas reu­niões que an­te­cedem a cam­panha elei­toral.

A con­cen­tração de 23 de Ja­neiro foi acom­pa­nhada de um pe­dido de au­di­ência, mas o pri­meiro-mi­nistro fez-se re­pre­sentar por as­ses­sores, que cla­ra­mente des­co­nhe­ciam o as­sunto, como disse Se­bas­tião San­tana. O co­or­de­nador da Frente Comum, numa breve de­cla­ração, após esta reu­nião, rei­terou a exi­gência que es­teve na origem do pro­testo: «É mesmo ne­ces­sário é que o Go­verno não se in­tro­meta nas de­ci­sões que têm vindo a sair dos tri­bu­nais, todas elas fa­vo­rá­veis aos tra­ba­lha­dores».

Pelo con­trário, o Go­verno,de uma vez por todas, deve per­mitir que a Caixa Geral de Apo­sen­ta­ções faça aquilo que se propôs fazer: re­ad­mitir todos os tra­ba­lha­dores que es­tejam em con­di­ções para serem re­ad­mi­tidos». Ou seja, exige-se que o pri­meiro-mi­nistro «tome pro­vi­dên­cias, in­forme a CGA para pros­se­guir com o que es­tava a fazer e deixe de se in­tro­meter no pro­cesso, de­vol­vendo este di­reito aos tra­ba­lha­dores».

Se­bas­tião San­tana res­salvou que «fazer isto não re­solve a nossa rei­vin­di­cação de fundo», que é o re­co­nhe­ci­mento do di­reito de «todos os tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, in­de­pen­den­te­mente do vín­culo», a ins­crever-se na CGA. A esta rei­vin­di­cação, «o pró­ximo go­verno terá de dar res­posta, sob pena de de­sen­vol­vermos mais luta».

 

«Pro­fes­sores na cam­panha»

Os pro­fes­sores e edu­ca­dores vão estar na rua, neste pe­ríodo pré-elei­toral, a re­clamar a va­lo­ri­zação da pro­fissão e da Es­cola Pú­blica. O Se­cre­ta­riado e o Con­selho Na­ci­onal da FEN­PROF, reu­nidos nos dias 1 a 3, em Lisboa, apro­varam a re­a­li­zação de ini­ci­a­tivas no dia 14, em Coimbra (com foco no pro­blema dos pro­fes­sores a quem foi re­cu­sada mo­bi­li­dade por do­ença), e no dia 19, junto dos tri­bu­nais ad­mi­nis­tra­tivos (exi­gindo reins­crição na CGA).

Em todos os dias úteis do pe­ríodo de cam­panha elei­toral, a acção «Pro­fes­sores na cam­panha» le­vará à re­a­li­zação de duas con­cen­tra­ções dis­tri­tais por dia, des­ta­cando um pro­blema con­creto em cada uma. Os temas «serão aqueles que têm es­tado no topo dos pro­testos», tais como: falta de pro­fes­sores, car­reira do­cente, ho­rá­rios e de­mais con­di­ções de tra­balho, apo­sen­tação, pre­ca­ri­e­dade, for­mação, fi­nan­ci­a­mento da Edu­cação.



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