«Ponham os olhos nesta força, nesta determinação»

«Estamos todos a construir o resultado da CDU, com muita conversa e muito esclarecimento. Estamos nas ruas, à porta dos locais de trabalho, nos serviços públicos junto dos utentes e nas escolas», salientou Paulo Raimundo no grande comício que se realizou, dia 25, no célebre teatro portuense Rivoli, assinalando o arranque oficial da campanha para as eleições de 10 de Março.

Aumentos salariais de 15%, nunca inferiores a 150 euros, são necessários agora

A sala esteve cheia no Rivoli: de centenas de activistas e apoiantes da CDU, claro, mas também – e sobretudo – de força, ânimo e confiança para as eleições que se aproximam. As exigências que se colocam nesta batalha são acrescidas, mas, como deixaram bem claro todos os que participaram naquele comício, a CDU, e quem a compõe, está à altura do desafio.

De José Afonso e Adriano Correia de Oliveira a Fausto, Jorge Lomba recebeu os candidatos, apoiantes e activistas da Coligação PCP-PEV naquela grande sala com um momento musical de excelência. Depois, chamados por Margarida Chalupa, candidata jovem, encheram o palco os candidatos por aquele círculo eleitoral, e ainda Jaime Toga e Margarida Botelho, dos organismos executivos do Comité Central do Partido, Mariana Silva, da Comissão Executiva Nacional do PEV, Alfredo Maia, primeiro candidato pelo Porto e o Secretário-Geral do PCP, Paulo Raimundo.

«Permitam-me começar com uma saudação a todos os que não conseguiram entrar aqui no espaço do nosso comício. Para aqueles que tentam passar a ideia de que isto está fraquinho, ponham os olhos nesta gente, nesta força, nesta determinação», exclamou Paulo Raimundo, que interveio depois de, no palco, terem sido partilhados vários depoimentos (ver caixa). A campanha começava oficialmente, mas, como lembrou o Secretário-Geral, «há muitas horas, muitos dias, há muito que andamos a intensificar o que fazemos todos os dias: ouvir, falar, esclarecer e mobilizar para o voto na CDU».

Colocar pontos nos ii

«Iniciamos hoje uma nova etapa nesta batalha, mas não esquecemos tudo o que se viu, ouviu e leu nas últimas semanas», recordou, referindo-se aos debates televisivos, «marcados muitas vezes pela dualidade de critérios e por dezenas de horas, que faltaram aos candidatos, mas que foram entregues às vontades e às apreciações de ilustres», lamentou. Nesses debates, acrescentou, procurou-se que «tudo fosse matéria de discussão, menos as questões fundamentais e os problemas centrais que precisam de resposta». Tudo se fez para que «ficassem fora das televisões os salários, o SNS, a Escola Pública, a habitação, a cultura, a produção nacional e os micro, pequenos e médios empresários, a agricultura e as pescas, a indústria, o trabalho e os trabalhadores».

Questões centrais que a «CDU não abdicou de colocar em cima da mesa», salientou Paulo Raimundo, lamentando a «diferença abismal entre os temas em debate na bolha mediática» e a «vida das pessoas».

Salários são mesmo questão central

«Na nossa campanha os problemas e as soluções que se impõem para os enfrentar, não ficam para segundo plano», salientou. Os salários são uma dessas questões: «não abdicamos de afirmar e não desistimos dessa que é a mais actual exigência, o aumento significativo dos salários. A riqueza está criada, os trabalhadores já criaram os meios e os recursos mais do que suficientes para aumentos de 15 por cento, não inferiores a 150 euros». «Não nos arrastam para a falsa questão de se é ou não é possível», pois «não só é possível, como é urgente e é fundamental para cada um e para o próprio desenvolvimento económico e social do País», exclamou.

«Será que somos nós que estamos a ver mal? Estarão a ver bem os que afirmam que o aumento de salários é coisa para 2028 ou 2030?», interrogou, retorquindo que «quem fala assim não enfrenta as dificuldades de todos os dias e não lhes falta salário para um mês que está cada vez mais comprido».

Investir no distrito do Porto

«É com enorme alegria e empenho que temos vivido as intensas semanas que já levamos de contacto com as populações, com os trabalhadores, com o movimento associativo e com os sindicatos», afirmou Alfredo Maia, realçando que é com uma confiança inabalável que a CDU avança para a resolução dos problemas do distrito.

Na habitação, como disse o candidato, com a criação de dez mil habitações públicas; na mobilidade, com a reabertura da linha do Tâmega e a reposição do transporte de passageiros na Linha de Leixões, o apoio ao desenvolvimento do Metro com ligações ao centro da Trofa, a Valbom, ao centro de Gondomar, a São Mamede de Infesta e à Maia; na Saúde, com novas instalações para o Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim e para o Hospital de Santo Tirso, de obras de renovação no São João e a melhoria das condições nos hospitais de Amarante e Vila Nova de Gaia.

Contra estas propostas votaram «os do costume», denunciou.

PEV de novo na Assembleia

Palavras de convicção trouxe também Mariana Silva: «Daqui lembramos a todos que as sondagens não votam e aqueles que as fabricam até que os resultados saiam enviesados só têm direito a um voto. Cada conversa, cada contacto, cada vez que alguém nos diz “você até tem razão, vou pensar nisso”, então já estamos a dar um pontapé nesse desânimo para onde nos querem empurrar». Sondagens que 130 activistas ecologistas apresentados pelo PEV no dia anterior ajudaram também a desmentir. 130 activistas que «se juntaram para apoiar o regresso do PEV ao Parlamento (ver página 14).



“Só a CDU tem um projecto para o futuro da juventude assente nos valores de Abril. Sobre a questão da precariedade que afecta os jovens de forma desproporcional. Sobre a questão dos baixos salários, os ataques que limitam o direito à Educação, à Cultura, à Saúde ao Desporto. São estas questões e tantas outras que precisam de soluções concretas, não para daqui a anos, mas para agora, para o imediato.”
Martim Magalhães, 23 anos, Estudante

“Sou assistente de bordo há 15 anos nos bares dos comboios da CP. Recentemente fiquei três meses sem receber o meu salário, com dois filhos para criar. Estive, com os meus colegas de trabalho, 54 dias acampada à frente da estação de Campanhã. Vi com os meus olhos a força da luta dos trabalhadores em circunstâncias muito difíceis. Nunca desistimos e conseguimos receber os salários em falta. Hoje, sou candidata porque naqueles 54 dias conheci o apoio da CDU e senti que a união dos trabalhadores pode mudar o mundo.”
Tânia Reis, 36 anos, Assistente de bordo

“Porque aqui estou? Respondo: porque tive a honra de por vocês ser convidado e essa honra tornou-se no privilégio daqui estar. No lugar onde estão os que mais se batem pelos mais fracos, pelos mais pobres, mais velhos, pelos mais pequenos. Os que se batem pelo dia 10 de Março, mas muito para além da espuma de quaisquer dias, os que se batem pela transformação profunda de uma vida.”
Rui Pereira, 60 anos, Professor do Ensino Superior

“Enquanto jovem trabalhadora, uma das maiores preocupações que tenho é a dificuldade no acesso a uma habitação digna e a preços acessíveis. É um problema que limita a emancipação de muitos jovens da nossa região. É urgente colocar o direito à habitação no topo das prioridades e eu sei quem o faz. Sei qual é o voto que faz frente aos grandes fundos imobiliários e à banca.”
Raquel Ferreira, 30 anos, Técnica de Contencioso

“A educação é um vector estratégico para o desenvolvimento do País. Para um Ensino público, valorizado e democraticamente gerido, promovendo a igualdade de oportunidades no acesso e sucesso educativos. Porque investir na Escola Pública é um investimento no futuro. É investir na aprendizagem do significado de um planeta mais verde.”
Isabel Souto, 54 anos, Professora

“As famílias não conseguem responder às necessidades dos seus idosos. A vida de muitos, na melhor das hipóteses, é passada na solidão, em frente de um televisor e preenchida pela ansiedade, pela tristeza e pelo medo. É com o reforço da CDU que avançaremos na urgente criação de uma rede pública de lares que garanta cuidados de higiene e conforto, serviços de saúde, programas de estimulação cognitiva e actividade física.”
Maria Olinda Moura, 65 anos, Professora

“A Cultura enquanto pilar fundamental da democracia de Abril só encontra na CDU a resposta para a defesa dos direitos dos seus trabalhadores, o combate à precariedade e instabilidade que inferna a nossa vida. Não aceitamos que a Cultura seja tratada como mera mercadoria, ornamento ou lucro de alguns. O voto na CDU é um contributo decisivo para que, também com a cultura, se cumpra Abril.”
André Araújo, 24 anos, Músico

“Uma sociedade de progresso não se consegue sem garantir os direitos das nossas crianças, o direito a estar com os pais, a brincar, o acesso aos cuidados de Saúde, o direito, a que tantas crianças é negado no nosso País, a ser feliz e a crescer saudável. O voto na CDU é aquele de quem esteve e quem estará lá para defender uma rede pública de creches, um horário de trabalho digno para os pais, um salário justo e a efectivação do direito à amamentação.”
Inês Branco, 31 anos, Empregada de Comércio

“A nossa candidatura é a única capaz de recolocar o País no trilho dos valores de Abril. Um futuro de Abril em que são asseguradas condições de dignidade a quem trabalha, para que o trabalho faça sentido dentro da vida e não que a vida perca o seu sentido dentro do trabalho. Queremos fazer de Abril o presente e queremos que Abril seja o futuro. Para tal, é hora de semear em Março, reforçando a CDU, para colher em Abril.”
João Ferreira, 33 anos, Advogado