- Nº 2624 (2024/03/14)

Greve dia 27 responderá aos patrões da distribuição

Trabalhadores

A APED disse ao CESP/CGTP-IN que as empresas não conseguem aumentar salários, mas os lucros da Jerónimo Martins, presidente da associação patronal, cresceram 28,2 por cento, para 756 milhões de euros.

Por aumentos salariais de, pelo menos, 150 euros, pela valorização das carreiras profissionais e para manter os direitos conquistados, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) anunciou a convocação de greve nas empresas da grande distribuição, para 27 de Março.

Nesse dia vão também ser realizadas duas concentrações, junto das sedes da SONAE e do Pingo Doce (Jerónimo Martins). O sindicato mantém uma campanha de contactos com os trabalhadores e com os clientes, à porta de super e hipermercados, sobre as condições de vida e de trabalho e as posições patronais.

A luta surge como resposta à posição da APED (Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição) numa reunião, dia 7, sobre a renegociação do contrato colectivo de trabalho (CCT) deste sector, que abrange cerca de 150 mil trabalhadores e não é negociado desde 2016.

O CESP acusa a APED de continuar a defender, durante estes anos, medidas inaceitáveis, nas quais agora insiste.

Os patrões pretendem «acrescentar ao CCT a possibilidade de contratar trabalhadores com contratos precários por 6 a 12 meses, o regime de banco de horas (com até 150 horas de trabalho gratuito por ano) e salários mínimos (as carreiras profissionais dos operadores de super, hipermercado e loja situam-se entre 5 e 25 euros acima do salário mínimo nacional)».

Com estas posições «inaceitáveis», a APED dificulta a negociação e bloqueia os aumentos salariais, protestou o sindicato.

Num comunicado em distribuição desde ontem, o CESP rejeita a perda de direitos e a «contratação de trabalhadores por 6 a 12 meses para dar resposta a necessidades permanentes das lojas».

Recusa a instituição do banco de horas e contrapõe que, «no nosso CCT, as horas extra são pagas a dobrar, e devem manter-se assim». «Não aceitamos trabalhar até 150 horas por ano sem qualquer pagamento» e, havendo «falta de trabalhadores nas lojas», é preciso assegurar «horários que permitam a conciliação entre a vida profissional e familiar».