TOMAR A INICIATIVA POR ABRIL

«en­frentar, cons­truir, avançar

Num con­texto em que os pro­blemas se vão agra­vando, os re­sul­tados elei­to­rais de 10 de Março cri­aram uma si­tu­ação ainda mais fa­vo­rável ao grande ca­pital e ao apro­fun­da­mento da po­lí­tica de di­reita.

De facto, os re­sul­tados elei­to­rais dos par­tidos de di­reita cons­ti­tuem um ele­mento ne­ga­tivo para os tra­ba­lha­dores, o povo e o País. Foi um re­sul­tado con­se­guido pela de­ma­gogia, a men­tira e a ilusão, que ar­rastou muitos mi­lhares de por­tu­gueses para a falsa ideia da mu­dança. Uma mu­dança que de facto se exige, mas que, con­tra­ri­a­mente ao que foi pro­me­tido, nunca virá pelas mãos de PSD, CDS, Chega e IL, donde, aliás, só pode vir mais fa­vo­re­ci­mento dos in­te­resses dos grupos eco­nó­micos, mais ata­ques aos ser­viços pú­blicos, mais des­man­te­la­mento do SNS e da Es­cola Pú­blica, mais ata­ques ao re­gime de­mo­crá­tico.

O nú­mero de de­pu­tados ao ser­viço dos in­te­resses dos grupos eco­nó­micos au­mentou no se­gui­mento das elei­ções. E é nesta nova cor­re­lação de forças que se vai tentar ir ainda mais longe no apro­fun­da­mento da ex­plo­ração, em­po­bre­ci­mento e de­clínio na­ci­onal, ob­jec­tivos que unem PSD e CDS e os que deles saíram para formar o Chega e a IL.

Mas, em boa ver­dade, também se deve re­co­nhecer que só che­gámos a esta si­tu­ação, em grande me­dida, por res­pon­sa­bi­li­dade do PS, que, com tudo na mão, uma mai­oria, um Go­verno e con­di­ções fi­nan­ceiras, optou por não res­ponder aos pro­blemas cen­trais de quem cá vive e tra­balha. E, ao não res­ponder, ao mesmo tempo que con­cedia grandes apoios e be­ne­fí­cios aos grupos eco­nó­micos, au­mentou a justa in­dig­nação e sen­ti­mento de in­jus­tiça de mi­lhões de tra­ba­lha­dores,

Estamos agora pe­rante um novo quadro po­lí­tico que iremos en­frentar, desde o pri­meiro mi­nuto, a co­meçar pela pre­vi­sível for­mação de um Go­verno PSD/​CDS.

O PCP in­ter­virá com todos os meios nas ins­ti­tui­ções ou nas ruas, não ab­di­cando de ne­nhum ins­tru­mento ao seu dispor. Neste sen­tido, já as­sumiu que, caso o Go­verno da AD seja for­mado, apre­sen­tará uma moção de re­jeição. De facto, não é pre­ciso es­perar pela sua en­trada em fun­ções para se saber quais os pro­jectos e ob­jec­tivos desse Go­verno, donde só po­derá vir mais ex­plo­ração e in­jus­tiça.

Na ac­tual si­tu­ação e hon­rando os seus com­pro­missos, o PCP in­ter­virá pelo au­mento geral dos sa­lá­rios; pelo au­mento ex­tra­or­di­nário das re­formas e pen­sões; por res­peitar e va­lo­rizar os tra­ba­lha­dores; fixar pro­fis­si­o­nais no SNS; cum­prir com as forças de se­gu­rança; repor o tempo de ser­viço dos pro­fes­sores e pôr fim à pre­ca­ri­e­dade nas es­colas; fixar preços de bens ali­men­tares e baixar o IVA na elec­tri­ci­dade, te­le­co­mu­ni­ca­ções e gás; travar o au­mento das rendas e pôr os lu­cros da banca a su­portar os au­mentos das taxas de juro; dar com­bate às pri­va­ti­za­ções, à cor­rupção e às in­jus­tiças; de­fender e fazer cum­prir a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica.

O re­sul­tado elei­toral da CDU não torna menos le­gí­timas nem menos ur­gentes, as op­ções que têm de ser feitas. Um re­sul­tado elei­toral que tra­du­zindo um de­sen­vol­vi­mento ne­ga­tivo, é em si mesmo um sinal de re­sis­tência.

E, pelo seu grande sig­ni­fi­cado, não dei­xamos de va­lo­rizar a cam­panha elei­toral que foi feita. Uma cam­panha de con­tacto le­vada a cabo por mi­lhares de ac­ti­vistas, mi­li­tantes do PCP, do PEV, com muita ju­ven­tude e muitas pes­soas sem fi­li­ação par­ti­dária que se jun­taram e cons­truíram a pulso o re­sul­tado da CDU. Tra­balho que se vai re­flectir no fu­turo e que vai ter, desde já, con­ti­nui­dade na jor­nada de con­tacto com os tra­ba­lha­dores e a po­pu­lação, que o PCP vai re­a­lizar entre hoje e do­mingo.

Neste novo con­texto po­lí­tico, de­sen­vol­ve­remos a luta contra a po­lí­tica de di­reita, en­fren­tando a ofen­siva contra os di­reitos e con­di­ções de vida, cons­ci­entes de que será a luta a impor a rup­tura com essa po­lí­tica e a con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva ins­pi­rada nos va­lores de Abril.

Lutas que estão a ter lugar um pouco por todo o País, em va­ri­a­dís­simos sec­tores e adop­tando as mais di­versas formas. Lutas em curso e em pre­pa­ração de que são exemplo, as lutas dos pro­fes­sores, mé­dicos, en­fer­meiros, jor­na­listas, tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, das mi­se­ri­cór­dias, da dis­tri­buição, dos es­tu­dantes, da ju­ven­tude, das mu­lheres e tantas e tantas ou­tras. Luta que terá ex­pressão na Ma­ni­fes­tação Na­ci­onal de Mu­lheres con­vo­cada pelo MDM, no pró­ximo sá­bado, em Lisboa e na Ma­ni­fes­tação Na­ci­onal da Ju­ven­tude Tra­ba­lha­dora, con­vo­cada pela CGTP-IN para o dia 27, em Lisboa e no Porto.

E, neste con­texto, impõe-se fazer umas grandes e mas­sivas co­me­mo­ra­ções po­pu­lares dos 50 anos do 25 de Abril. E, do mesmo modo, fazer do 1.º de Maio uma grande e po­de­rosa jor­nada de luta, cons­truída a partir da acção rei­vin­di­ca­tiva nas em­presas e lo­cais de tra­balho.

Esta exi­gência de mu­dança, terá de ter também ex­pressão nas elei­ções para o Par­la­mento Eu­ropeu, que devem ser vistas como uma opor­tu­ni­dade de, com o voto na CDU, afirmar o ca­minho ne­ces­sário para o País e para a Eu­ropa. O ca­minho da me­lhoria das con­di­ções de vida, do de­sen­vol­vi­mento, pro­gresso so­cial, paz e co­o­pe­ração entre os povos.

Exi­gência de mu­dança e cons­trução da al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, que, en­vol­vendo de­mo­cratas, pa­tri­otas e a ju­ven­tude, res­ponda aos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo e afronte os in­te­resses do ca­pital mo­no­po­lista.