É preciso falar com muita gente

Vasco Cardoso (Membro da Comissão Política)

O que nos prometeram é muito diferente daquilo que temos

A acção do colectivo partidário e dos restantes activistas e apoiantes da CDU revelou-se fundamental para a construção do nosso resultado nas últimas eleições para a Assembleia da República. Sem essa intervenção muito alargada, sem a participação de milhares de camaradas e amigos do Partido, não teria sido possível resistir.

Nas eleições para o Parlamento Europeu não será diferente. Será igualmente necessário falar com muita gente. Precisamos de falar com todos os membros do Partido e também com os amigos que têm participado nas listas da CDU para as autarquias locais. Precisamos de falar com todos os que nos apoiaram há menos de dois meses, ou que participaram em iniciativas do PCP ou do PEV, ou até que interagiram nas redes sociais. Precisamos de falar com milhares de trabalhadores que têm estado em luta nestas semanas, da EDP às Minas da Panasqueira, da CIMPOR a sectores da Administração Pública. Precisamos de esclarecer amigos e todos temos amigos que precisam de ser esclarecidos.

Não nos podemos esquecer de familiares. Precisamos também de falar com malta que votou no BE, no Livre e até no PS nas últimas eleições e que nos dizem sempre que votaram na esquerda. E seguramente encontraremos nas acções de campanha quem votou na AD e até quem foi levado ao engano pelo Chega. Com esses também é preciso falar.

Há muito para dizer
Nestas eleições não nos faltam coisas para dizer. É preciso desde logo combater qualquer tipo de desvalorização destas eleições. Um resultado positivo para a CDU contribuirá sempre para defender direitos dos trabalhadores e do povo, para exigir melhores salários, para defender os serviços públicos, o direito à habitação. É também um voto que faz falta para enfrentar o Governo da AD que agora entrou em funções e o seu projecto ao serviço dos interesses do grande capital.

É preciso desmontar a ideia de que tendo a CDU uma posição crítica em relação à UE e ao euro, então estas eleições não teriam importância. Pelo contrário. O que o País precisa é de mais deputados da CDU para defender Portugal na UE em vez deputados que se limitam a defender a UE em Portugal.

É preciso denunciar as consequências para Portugal do processo de integração capitalista na UE. O que nos prometeram é muito diferente daquilo que temos. Precisamos de fazer perguntas. Porque é que não temos salários como os dos alemães, como diziam que iríamos ter? Como é que desapareceram 400 mil explorações agrícolas em Portugal e metade da frota de pesca? Como é que importantes empresas estratégicas que o País tinha estão hoje nas mãos do capital estrangeiro? Estamos condenados a um país de sol e praia e a comprar lá fora o que devíamos produzir aqui?

Precisamos de tornar claro que a degradação dos serviços públicos e a desvalorização das carreiras e das profissões são inseparáveis das limitações impostas pela UE e que se não forem combatidas os problemas continuarão a agravar-se. Precisamos de associar o aumento das prestações ao banco no crédito à habitação, que estão a atingir centenas de milhares de pessoas, às decisões do BCE ao serviço do lucro dos bancos e ao facto de Portugal estar submetido ao euro.

Precisamos de denunciar o perigoso caminho da guerra, da confrontação e da corrida aos armamentos que está em curso. Onde isso apareça é preciso desmontar as deturpações que procuram fazer das posições do PCP sobre a guerra na Ucrânia. A guerra, seja na Ucrânia, seja na Palestina, só serve aqueles que estão a encher os bolsos à custa da desgraça dos povos. Quem ganha com esta escalada? Recusamos o desvio de recursos dos povos para mais armas em vez de direitos. É precisa uma solução política dos conflitos internacionais, como diz a CDU. Ou como dizem muitas outras vozes pelo mundo fora, como a do Papa Francisco, ou Lula da Silva.

Precisamos de alargar a compreensão de que é o voto na CDU que combate a direita e a extrema-direita. É um voto que combate as forças reaccionárias, que denuncia a sua ligação ao grande capital que as financia, as suas responsabilidades quando muitos dos seus dirigentes estavam no PSD e CDS, as suas sucessivas mentiras que circulam nas redes sociais e não só. O voto na CDU é a garantia de que o ódio, o racismo e xenofobia não têm lugar no Portugal de Abril.

Precisamos de dizer a todos que defender a soberania nacional não é fechar Portugal ao mundo, é abri-lo à cooperação com outros povos. É não estar dependente nem subordinado a Bruxelas, Berlim ou Washington. É garantir que o povo pode decidir do seu futuro.

Temos muitos, muitos votos a conquistar para a CDU. Que não nos falte a força, a organização e a coragem para travar mais esta batalha.

 



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