«A China não invadiu nenhum país africano»

Carlos Lopes Pereira

O presidente de Angola, João Lourenço, efectuou em meados de Março uma visita oficial à China, a convite do seu homólogo Xi Jinping, ocasião em que concedeu uma entrevista ao canal de notícias chinês CGTN, com afirmações muito interessantes, abordando o relacionamento do gigante asiático com a África.

Esta foi a sua terceira visita como chefe de Estado, mas o dirigente angolano já se deslocara à China em diferentes ocasiões, desde 2000, quer como Secretário-Geral do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), quer como enviado especial do seu antecessor na presidência da República, José Eduardo dos Santos.

Resumindo as suas impressões sobre as suas deslocações, João Lourenço destacou a maneira como a China continua a progredir sem cessar e a surpreender o mundo com os seus avanços económicos e sociais.

Revelou que, nesta visita, abordou no seu encontro com Xi Jinping tanto questões bilaterais como a situação mundial. As conversações resultaram no reforço dos laços de amizade e da cooperação entre os dois Estados.

Descreveu as relações entre Angola e a China como exemplares: em tempos muito difíceis para o país africano, por exemplo no período da reconstrução pós-guerra, a China estendeu uma mão amiga. E o mesmo aconteceu, não só com Angola mas com muitos outros países, quando o mundo se viu confrontado com a pandemia de COVID-19.

Opinando sobre a iniciativa chinesa Cinturão e Rota, lembrou que a China concedeu a Angola uma forte ajuda financeira para construção de infra-estruturas, incluindo estradas, portos, aeroportos e centrais hidro-eléctricas, todas elas necessárias para o desenvolvimento. Observou que a China está a construir em Angola aquela que será a maior central hidro-eléctrica de África e também a formar técnicos locais para o projecto – que irá satisfazer as necessidades angolanas e produzirá electricidade para fornecer a outros países da África Austral.

Questionado sobre acusações provenientes de alguns quadrantes sobre o papel da China em África, respondeu de forma enfática: «Não apenas os colonialistas portugueses, mas os colonialistas europeus em geral, incluindo os britânicos e os franceses, estiveram em África durante séculos. Eles nunca se envolveram na construção de infra-estrutura como a que estamos a ver agora. Não são apenas críticos mas caluniadores que agem com maldade. Os factos são claros: a China não invadiu nenhum país africano. Os chineses em África não estão lá para colonizar. Nós sabemos o que é a colonização e os chineses não estão a colonizar a África mas a cooperar connosco. A China não veio até nós fortemente armada, mas com fundos e tecnologia, e com vontade de trabalhar connosco».

Para o chefe do Estado angolano e presidente do MPLA, os resultados da cooperação entre os dois países são fáceis de ver: «Em 2002, quando a longa guerra civil finalmente terminou, o nosso país estava em ruínas. Graças à ajuda da China, nós agora temos infra-estrutura terrestre, que antes não existia, a ligar províncias e cidades». Mais: «A construção de estradas, pontes, portos e caminhos de ferro foi tudo feito com a ajuda da China. Se esses críticos pretenderem ser parte do processo, devem agir e fazer melhor do que a China. Mas não acreditamos que eles possam».

 



Mais artigos de: Internacional

EUA vetam Palestina na ONU e Israel intensifica ataques

Israel intensificou os bombardeamentos na Faixa de Gaza e ameaça levar a cabo uma operação militar contra Rafah. Na Cisjordânia aumentam os ataques de colonos e forças militares israelitas contra os palestinianos. No Conselho de Segurança das Nações Unidas, os EUA vetaram a admissão da Palestina como membro de pleno direito.

Sindicatos argentinos convocam novas lutas

Sindicatos argentinos mobilizam os trabalhadores para uma paralisação nacional, no dia 30, de protesto contra o programa económico governamental e em defesa dos direitos laborais e sociais. No meio da grave crise económica e social no país, foi anunciado que a Argentina pediu a adesão à NATO.

EUA aprovam milhões de dólares de apoios à Ucrânia, Israel e Taiwan

A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou um pacote legislativo avaliado em 95 mil milhões de dólares destinados a «ajudas» norte-americanas à Ucrânia, a Israel e a Taiwan. A proposta, apoiada por uma maioria de representantes dos partidos Republicano e Democrata, passa agora ao Senado e, se...