Não ao militarismo e à guerra

Pedro Guerreiro

As despesas militares aumentaram 7% em 2023

Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), as despesas militares no plano mundial totalizaram cerca de 2443 milhares de milhões de dólares em 2023, um aumento em termos reais de quase 7% relativamente a 2022.

Os Estados Unidos da América gastaram em despesas militares cerca de 916 milhares de milhões de dólares, ou seja, 38% das despesas globais. Os países europeus então membros da NATO totalizaram cerca de 376 mil milhões de dólares em despesas militares.

Os países membros da NATO – os EUA, os 28 países europeus que a integravam em 2023, o Canadá e a Turquia – atingiram 1341 milhares de milhões de dólares, cerca de 55% das despesas militares no mundo. Em 2023, os 31 países que integravam a NATO gastaram mais em despesas militares que a totalidades dos restantes 162 países que integram a Organização das Nações Unidas; 12 vezes mais do que a Rússia (que gastou cerca de 109 milhares de milhões de dólares); e 4,5 vezes mais do que a China (que gastou cerca de 296 milhares de milhões de dólares). Só os EUA gastaram 8 vezes mais do que a Rússia e 3 vezes mais do que a China. As despesas somadas dos países europeus que em 2023 integravam a NATO totalizaram, só por si, cerca de 3,5 vezes mais do que a Rússia e 1,3 mais do que a China gastaram em despesas militares.

O SIPRI constata igualmente que o maior aumento se verificou nas regiões da Europa, da Ásia-Pacífico e do Médio Oriente, afinal, as mesmas regiões em que os EUA injectam milhares de milhões em armamento, como foi evidenciado pela recente decisão do Congresso norte-americano de aprovar cerca de 95 milhares de milhões de dólares de apoio militar à Ucrânia, a Israel, a Taiwan e a outros países no Sudeste asiático.

O SIPRI sublinha ainda que a meta estabelecida pela NATO em 2014 – de que os países membros deste bloco político-militar belicista deveriam atingir até 2024 um nível de despesas militares de cerca de 2% do PIB – passou a ser cada vez mais vista como uma linha de base e não como um limiar máximo a atingir. Em 2023, 11 dos 31 membros da NATO terão atingido ou ultrapassado este patamar.

Bem podem procurar ocultar e deturpar a realidade, brandindo com ditas «ameaças» de outrem. Na realidade e como podemos verificar, são os EUA, a NATO e a UE, enquanto «pilar europeu no seio da NATO» – como Macron claramente reafirmou no seu recente discurso belicista na Sorbonne – que promovem o aumento das despesas militares, a escalada armamentista, a política de militarização, confrontação e guerra nas relações internacionais, sendo os primeiros e principais responsáveis pelo seu agravamento no plano mundial.

Esta é uma questão crucial que o PCP, assim como as restantes forças que compõem a CDU, não escamoteiam, nem respondem de forma ambígua, defendendo a paz e rejeitando o militarismo – incluindo a militarização da UE, a criação de um dito exército europeu e a sua transformação num novo bloco político-militar complementar (ou não) à NATO, mas sempre ao serviço dos interesses das suas grandes potências e indústria armamentista –, diferenciando-se assim do posicionamento assumido pela generalidade das outras forças políticas em Portugal.

 



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