A inauguração do Museu Nacional Resistência e Liberdade, na Fortaleza de Peniche, realizou-se num dia simbólico, 27 de Abril, quando se assinalava os 50 anos da libertação dos presos políticos. Na edição anterior do Avante!, salientámos a dimensão popular da inauguração, com milhares de pessoas a rumarem a Peniche para assinalarem essa relevante conquista da luta – porque foi disso que se tratou: importa ter presente que o governo do PS começou por incluir a Fortaleza de Peniche no lote de monumentos nacionais a concessionar para fins turísticos. Se hoje há museu é porque o PCP, a URAP e milhares de democratas e antifascistas exigiram que houvesse.
Isso mesmo lembrou o resistente antifascista e militante comunista, Domingos Abrantes, na cerimónia de inauguração. Começou por saudar todos os que «participaram na caminhada de sete anos que tornaram possível a realização de um sonho acalentado durante tantos e tantos anos» e deixou para reflexão o facto de ter sido necessário «esperar 48 anos, quase meio século, para que se concretizasse o que havia sido decidido em Outubro de 1976, pelo I Governo Constitucional, que determinava a criação do Museu da República e da Resistência a ser instalado no Forte de Peniche».
Lembrando o regime prisional arbitrário e violento que vigorou na prisão de Peniche, como nos outros cárceres do fascismo, Domingos Abrantes considerou que o dia 27 de Abril de 1974 marca o fim do «mais tenebroso pilar de sustentação do regime fascista, assente na polícia política, tribunais plenários e sistema prisional, um pilar que funcionou como corpo único, que reprimiu dezenas de milhares de pessoas e que cometeu um número infindável de crimes». Mas houve quem, após Abril, tenha agido para que o aparelho repressivo fascista se mantivesse a funcionar, recordou, lembrando que o 27 de Abril marca também o fim desse tenebroso projecto – e, ao mesmo tempo, a «entrada em cena das massas populares como Actor principal da revolução».
A cerimónia de inauguração oficial do Museu Nacional Resistência e Liberdade contou ainda com as intervenções de responsáveis do próprio museu e do instituto público que o tutela, de investigadores que participaram na sua elaboração, da autarquia de Peniche, do Governo e do Presidente da República.