Soberania. Solidariedade. Paz A mesma luta!

Albano Nunes

O Governo do PSD/CDS propõe-se levar ainda mais longe a submissão à NATO e à UE

«Paz no mundo! Palestina livre! Não à guerra!» foi a palavra de ordem das manifestações em Maio em que participaram milhares de pessoas em Lisboa e noutras cidades do País. A solidariedade com o povo palestiniano e a luta pela paz são inseparáveis. Ao mesmo tempo que, numa cínica operação de banalização e normalização (disfarçada de informação), nos são mostradas em directo imagens da crueldade de que o imperialismo é capaz, acelera-se a corrida aos armamentos e promove-se uma demencial psicose de guerra.

O imperialismo, com destaque para a sua hegemónica componente norte-americana, sabe bem que o projecto do poder sionista, aliás repetidamente afirmado, é a completa ocupação da terra da Palestina (o «grande Israel»), mas continua a dar-lhe indefectível cobertura política e a fornecer-lhe as armas que estão a massacrar o povo palestiniano na Faixa de Gaza e também na Cisjordânia e Jerusalém. Finge também ignorar que a guerra na Ucrânia podia e devia ter sido evitada e que a sua causa principal reside no constante alargamento da NATO para Leste, no abandono de importantes acordos de desarmamento e na recusa de propostas orientadas para a segurança e a cooperação na Europa na linha dos princípios da histórica Conferência de Helsínquia.

Enquanto isso, o Governo do PSD/CDS propõe-se levar ainda mais longe a política de alinhamento e submissão à NATO e a uma União Europeia cada vez mais militarista, apoia a escalada de confrontação imperialista, alinha na construção de uma «economia de guerra» visando o reforço do complexo industrial-militar «europeu» em prejuízo das condições de vida dos trabalhadores e dos povos da Europa. É uma evidência que um tal comportamento está em aberta contradição com a letra e o espírito da Constituição da República Portuguesa e que, invocando o cumprimento de tratados assinados por Portugal (que no caso da NATO vem já do tempo do fascismo), o Governo está a atentar contra a soberania e a independência do país e a pôr em perigo a segurança e a própria vida de portugueses. É particularmente inquietante que um alto responsável militar em entrevista ao Diário de Notícias (15.05.24) e com grande destaque na primeira página, afirme que «se a Europa for atacada e a NATO nos exigir, vamos morrer onde tivermos de morrer para a defender».

Não, não é esta «Europa» belicista, da NATO e do militarismo da UE, que temos de defender. O que temos de defender é Portugal, a sua independência e soberania, a liberdade e o bem-estar dos trabalhadores e do povo português, os valores e o caminho de democracia e progresso social que Abril abriu. O que temos de fazer é rejeitar «exigências» externas venham elas de onde vierem, e libertarmo-nos dos constrangimentos e imposições da «Europa» dos monopólios que é a UE e lutar por uma Europa de paz, de cooperação entre Estados soberanos e iguais em direitos e de progresso social. É intensificar a luta contra o fascismo e a guerra e a solidariedade para com os povos que, como o heróico povo palestiniano, são vitimas da agressão imperialista. É persistir na convergência de todas as forças democráticas e patrióticas na luta por uma política externa e de defesa de independência nacional e de paz e amizade com todos os povos.



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