Resultados eleitorais na Índia são «revés» para partido no poder

As elei­ções na Índia ter­mi­naram no pri­meiro dia de Junho com a sé­tima fase de uma ma­ra­tona de vo­ta­ções para eleger os mem­bros da Lok Sabha, a câ­mara baixa do par­la­mento do po­pu­loso país asiá­tico. A úl­tima etapa teve lugar em 57 cír­culos elei­to­rais, que ele­geram ou­tros tantos de­pu­tados.

O pro­cesso elei­toral co­meçou a 19 de Abril, com a con­vo­cação de 979 mi­lhões de elei­tores e pos­si­bi­litou, nas seis fases an­te­ri­ores, a eleição de 486 de­pu­tados da Lok Sabha, de um total de 543.

Os re­sul­tados fi­nais das elei­ções na Índia con­firmam uma vi­tória aper­tada do BJP e ali­ados, do pri­meiro-mi­nistro Modi, de di­reita, que assim obtém um ter­ceiro man­dato. A sua Ali­ança De­mo­crá­tica Na­ci­onal ob­teve 292 dos 543 as­sentos da Lok Sabha, mais 20 do que os ne­ces­sá­rios para go­vernar.

A Ali­ança Na­ci­onal In­clu­siva para o De­sen­vol­vi­mento da Índia (ÍNDIA), da opo­sição, con­quistou 234 lu­gares, ainda assim in­su­fi­ci­entes para ga­nhar.

A im­prensa in­diana des­taca que, nas elei­ções de 2019, a ac­tual mai­oria con­se­guira 352 de­pu­tados na câ­mara baixa do par­la­mento e que a opo­sição so­mara então apenas 92. Su­blinha também que, agora, a co­li­gação opo­si­ci­o­nista re­cu­perou o lugar ci­meiro em di­versos Es­tados, como Ra­jasthan, Bihar, Haryana, Jharkhand e Uttar Pra­desh.

Revés para o BJP

O Bu­reau Po­lí­tico do Par­tido Co­mu­nista da Índia (Mar­xista) – PCI(M) – di­vulgou na terça-feira, 4, um co­mu­ni­cado em que con­si­dera os re­sul­tados das elei­ções um «revés» para o par­tido no poder.

«Os re­sul­tados das 18.ª elei­ções para a Lok Sabha são um revés para o BJP. Perdeu a mai­oria ab­so­luta que tinha ob­tido nas úl­timas duas elei­ções, em 2014 e 2019. Isso é um duro golpe na imagem de in­ven­ci­bi­li­dade cons­truída em torno de Na­rendra Modi, que se gabou de ir con­quistar 400 lu­gares nesta eleição», diz a nota.

Se­gundo o PCI(M), as elei­ções de­cor­reram num ce­nário de ata­ques ge­ne­ra­li­zados contra os par­tidos da opo­sição, de uso in­de­vido do apa­relho do Es­tado e de ma­ciça uti­li­zação do poder fi­nan­ceiro. Os co­mu­nistas sau­daram o povo por en­frentar estes ata­ques au­to­ri­tá­rios e de­fender a Cons­ti­tuição, a de­mo­cracia, as li­ber­dades e os di­reitos.

Os co­mu­nistas in­di­anos con­si­deram que a ali­ança ÍNDIA, for­mada por 28 par­tidos da opo­sição, entre os quais o PCI(M) e o Par­tido do Con­gresso, cre­di­bi­lizou-se ao abordar as ques­tões do de­sem­prego, do au­mento dos preços, da crise agrária e dos ata­ques à de­mo­cracia e à Cons­ti­tuição. Ela foi capaz, em grande me­dida, de con­tra­riar a cam­panha elei­toral ba­seada em di­fe­renças co­mu­ni­tá­rias pro­mo­vida pelo BJP.

Os par­tidos de es­querda re­gis­taram uma pe­quena me­lhoria nos seus re­sul­tados. Uma aná­lise mais de­ta­lhada será re­a­li­zada de­pois de es­tarem dis­po­ní­veis os re­sul­tados elei­to­rais com­pletos. Mas, para já, para o PCI(M), o ve­re­dicto elei­toral in­dica que o povo re­sis­tirá a todos os ata­ques à de­mo­cracia, à Cons­ti­tuição e aos seus meios de sub­sis­tência.



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