«A Cor da Liberdade» exibido em Setúbal
O preso político português por mais tempo submetido à tortura do sono durante a ditadura, José Pedro Soares, esteve no Cinema Charlot – Auditório Municipal de Setúbal, no dia 19 de Junho, à conversa com o público, na exibição de «A Cor da Liberdade». O resistente antifascista, um dos protagonistas do documentário, foi um dos convidados do encontro, moderado por Pedro Soares, da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP). Participaram também Pedro Pina, vereador da Cultura na autarquia, e a argumentista do filme, Filipa Patrício.
José Pedro Soares falou de muitas histórias da luta pela democracia em Portugal e da importância da resistência e da liberdade na história e na cultura de Setúbal. «O povo de Setúbal tem uma história incrível de resistência», afirmou, referindo-se às «lutas travadas nas indústrias e por ai fora». Naquela «cidade tão bonita» até «aqui estão os restos mortais de um dos meus ídolos da juventude, o José Afonso», acrescentou.
Outra das partilhas feitas durante a conversa muito participada, com o público a reflectir em conjunto com o antigo preso político, é que «Setúbal é uma cidade com um património histórico extraordinário, também pelos movimentos operário» e de luta estudantil contra o fascismo. «Setúbal tem tantas histórias incríveis, tantos antigos presos políticos, e tanta história que o povo não deve esquecer», considerou.
José Pedro Soares foi sujeito a um duro e longo período de tortura, tendo estado 33 dias e 33 noites sem dormir.
Nascido em Cachoeiras, Vila Franca de Xira, em 1950, entrou em Peniche com 23 anos de idade para cumprir a pena de três anos e meio de prisão, depois de ter sido detido com 21 anos, pela actividade que desenvolvia enquanto militante do PCP. Na prisão, foi torturado pelos agentes da PIDE/DGS, que não conseguiram obter qualquer informação, nem sequer a assinatura nos autos de perguntas.