SIRP, más notícias!
Em vez do anglófono «no news, good news», a ausência de notícias sobre o Sistema de Informações da República (SIRP) nos media dominantes significa más notícias, factos negativos e perversidades. Por via mediática não se conhece qualquer ideia significativa do Parecer de 2023 do respectivo Conselho de Fiscalização (CFSIRP) ou do que resulta da recente entrevista do JN à sua presidente.
Do Parecer, vale referir a defesa radical, sem sequer «relativizar», da acção do SIS na recuperação do computador do governo PS, com as negociatas na TAP, «desviado» por um adjunto, e a ocultação da opinião, também do PCP, de que o recuperador devia ser a PJ, o que levou o PSD a afirmar que «acabou o consenso» com o PS no SIRP, e a certas verdades – que sempre afirmámos –, do vazio de fiscalização e da «ilegalidade de operações ao serviço do Governo e não do Estado», o que não mereceu uma palavra do Conselho.
O CFSIRP esteve sempre com os governos, porque os conselheiros PS/PSD nunca reportaram e sempre cobriram com o Segredo de Estado escutas, tráfico de influências e outros crimes, e mistificaram as perversões. De fiscalização só tem o nome, diz que o Sistema respeita «globalmente» (!) a CRP e branqueia todas as irregularidades.
Dos objectivos que propõe para o SIRP, neste Parecer ressalta a contra-espiongem e o anticomunismo (contra o «radicalismo desestabilizador»), metadados (a primeira fase das escutas), tecnologia para «prevenir ameaças» e continuação do modelo de impunidade, a coberto do CFSIRP e do Segredo de Estado, ao serviço do PS/PSD (e veremos no futuro próximo)!
Quanto à presidente do CFSIRP, que com a Secretária-Geral do Sistema está na calha para substituição pelo papel nos governos PS – foi MAI de António Costa –, vale referir que Constança de Sousa deu esta extensa entrevista para, no essencial, apoiar a ofensiva contra o Ministério Público e o «pacto de Justiça», a cozinhar entre PS e PSD. Sobre o seu pelouro no SIRP, de facto, disse nada. Parece uma entrevista para mandar recado ao PSD de que pode contar com ela para fazer o mesmo serviço que fez ao PS.
Tais são as más notícias nesta área, demonstrando que PS e PSD, para além de discordâncias menores, muitas vezes encenadas e gritadas, têm de facto uma mesma política, de direita.