Câmara Municipal de Lisboa aprofunda elitização da cidade

À se­me­lhança da an­te­rior gestão PS, a mai­oria PSD/​CDS na Câ­mara Mu­ni­cipal de Lisboa con­tinua a en­tregar a ca­pital ao tu­rismo e à es­pe­cu­lação. O mais re­cente exemplo é a al­te­ração de usos do an­tigo hos­pital do Des­terro, que alarga as áreas para a ho­te­laria e o co­mércio.

Na gestão da ci­dade de Lisboa, os in­te­resses das po­pu­la­ções contam cada vez menos

A Câ­mara Mu­ni­cipal de Lisboa (CML), numa re­cente reu­nião ex­tra­or­di­nária, aprovou a al­te­ração de usos do an­tigo Hos­pital do Des­terro, na fre­guesia de Ar­roios, de­vo­luto desde 2007. Os ve­re­a­dores do PCP, que vo­taram contra a me­dida, de­nun­ciam estar-se pe­rante uma «al­te­ração em obra» com re­per­cus­sões pro­fundas re­la­ti­va­mente aos usos ini­ci­al­mente pre­vistos: a vo­cação ha­bi­ta­ci­onal sofre uma «inex­pli­cável re­dução», ao mesmo tempo que au­menta a área des­ti­nada a uso co­mer­cial (+4.959,50 m2) e a tu­rismo (+2.193,30 m2). Já a área an­te­ri­or­mente pre­vista para ins­ta­lação de equi­pa­mentos, su­pe­rior a 4000 m2, pura e sim­ples­mente de­sa­pa­rece com a al­te­ração agora apro­vada.

Na sua pre­sente versão, su­bli­nham os ve­re­a­dores co­mu­nistas, este pro­jecto «apenas con­so­lida a pri­va­ti­zação de um va­lioso pa­tri­mónio, que era pú­blico, sem con­tra­par­tidas para a ci­dade». A pro­posta, acres­centam, fa­vo­rece a ren­ta­bi­li­zação de quem ad­quiriu este imóvel à Es­tamo, na vi­gência do go­verno do PS, à re­velia do pro­to­colo es­ta­be­le­cido entre Câ­mara e a em­presa que o ad­quiriu.

Na mesma reu­nião foi apro­vada uma nova uni­dade ho­te­leira para Pe­drouços, em Belém. A este pro­pó­sito, os ve­re­a­dores co­mu­nistas de­nun­ciam a ine­xis­tência de qual­quer es­tudo quanto ao seu im­pacto em zona de pressão ur­ba­nís­tica face à ca­rência ha­bi­ta­ci­onal ou en­qua­dra­mento face à so­bre­carga na infra-es­tru­tura ur­bana, no trá­fego e no custo de vida local. O PCP re­a­firma a ur­gência de «conter a ins­ta­lação ho­te­leira em Lisboa quando se sabe que existe uma so­bre­carga de ho­téis na ci­dade que ex­po­nen­ciam a es­pe­cu­lação imo­bi­liária».

PS e PSD juntos no es­sen­cial

Face a estas me­didas, os ve­re­a­dores do PCP lem­bram a apro­vação, em 2019 (em­bora com os votos contra do PSD e abs­tenção do BE), de uma pro­posta sua vi­sando a de­fi­nição da Ca­pa­ci­dade de Carga Tu­rís­tica para Lisboa. Se­me­lhante a ou­tras, apro­vadas em di­versas ci­dades da Eu­ropa, esta me­dida visa es­ta­be­lecer li­mites crí­ticos da in­ten­si­dade da ac­ti­vi­dade tu­rís­tica e nunca foi cum­prida – nem pelo an­te­rior exe­cu­tivo do PS, nem pelo ac­tual do PSD/​CDS.

Em con­tra­ponto, de­nuncia, se hoje existe um Plano Di­rector Mu­ni­cipal que «per­mite a total li­be­ra­li­zação dos solos da ci­dade, e por­tanto a im­plan­tação de ho­téis de forma des­con­tro­lada, tal é ex­clu­si­va­mente res­pon­sa­bi­li­dade dos par­tidos que o apro­varam, no­me­a­da­mente do PS e do PSD».

 

Anos à es­pera por um di­reito

Os ve­re­a­dores do PCP en­tre­garam ao pre­si­dente da Câ­mara Mu­ni­cipal de Lisboa um re­que­ri­mento, no dia 2, a so­li­citar es­cla­re­ci­mentos quanto ao ser­viço es­pe­cial de mo­bi­li­dade re­du­zida da Carris passar a estar abran­gido pelo mesmo ta­ri­fário da res­tante rede, per­mi­tindo aos uti­li­za­dores o uso do Passe So­cial In­ter­modal, de acordo com uma pro­posta apre­sen­tada pelos co­mu­nistas e apro­vada na reu­nião de Câ­mara de Abril de 2022.

«Ora, pas­sados dois anos da de­li­be­ração da CML e quase três anos da re­co­men­dação da As­sem­bleia Mu­ni­cipal de Lisboa, ambas apro­vadas por una­ni­mi­dade, e após con­tactos com as­so­ci­a­ções da área da de­fi­ci­ência, con­cluímos que ainda nada foi feito», cons­tata-se no re­que­ri­mento, através do qual os ve­re­a­dores do PCP per­guntam: Que pro­ce­di­mentos já foram re­a­li­zados pelo mu­ni­cípio e pela Carris para con­cre­tizar estas de­li­be­ra­ções? Qual a razão para este atraso na con­cre­ti­zação desta me­dida? Quando serão im­ple­men­tadas estas me­didas?

 



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